Participante: o que me levou a lidar melhor com esse controle, gostar, paixão ou querer alguma coisa, é a consciência ou a compreensão de que nesse mundo nada é permanente. Tudo é impermanente. Então, se eu lidar com algo considerando permanente me dou mal. Acho que a chave que aprendi para mim individualmente foi isso: como que vou controlar alguma coisa nesse mundo se tudo está freneticamente mudando?

Além das coisas mudarem, você também muda constantemente. Quer dizer, hoje está defendendo alguma coisa que amanhã pode ser que vá renegar. Isso por causa da impermanência das coisas.

Participante: isso, quantas coisas eu já acreditei que hoje não acredito mais? Então, essa consciência ajuda muito.

Sim, ajuda muito, mas o que promove realmente o virar da chave é o que falei para ele: a consciência de que não existe absolutismo.

Apesar de vocês saberem que são dualistas imaginam que o mundo é absoluto, é uníssono! Sabem que existem os dois lados da moeda, mas querem que todo mundo pense igual. Igual a quem? A você.

Esse é o grande problema: não existem duas pessoas ou duas mentes humanas que trabalhem a mesma verdade no mesmo gênero de forma igual. Há sempre uma diversificação entre uma e outra.

Na hora que compreende isso, que entende que não é o dono da verdade e não pode obrigar os outros a acreditarem no que acredita, mesmo que tente, começa a viver a sua vida e deixa o outro viver a dele. É a frase de caminhão que já falei: Deus dá a vida a cada um para cada um tomar conta dela.

O problema é que vocês não tomam conta das suas vidas, mas não abrem mão de tomar conta da dos outros. Por isso estão sempre se contrariando com as verdades alheias.

A consciência de que não existe unanimidade, que toda unanimidade é besta, é que pode ajudar muito. Na hora que diz a si que não existem dois iguais, continua gostando do que quer, querendo o que quer, achando certo o que acha e dá ao outro o direito de gostar do que quiser, mesmo que o que goste seja contrário ao que você gosta.

Esse é o grande segredo: dar ao outro direito de gostar do que quiser, mesmo que o que queira seja contrário ao que você quer.

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