Participante: o mundo gosta de quem faz o que ele quer. Concordo com isso. Agora, se formos seguir Cristo, vamos nos tornar individualistas e egoístas também, pois não poderemos contar com ninguém, já que o mundo não apoiará quem seguir Cristo.

Concordo com você. Só que seguindo Cristo, você não será individualista, mas individual.

Falo assim, porque individualista é aquele que quer para si enquanto que o individual é aquele que se reconhece como individualidade, mas que não quer para si prioritariamente.

Sim, para seguir Cristo é preciso ser uma individualidade sem individualismo, sem egoísmo. Mas, isso é impossível para quem segue os padrões humanos de vida, porque a humanidade cobra que seja egoísta, ou seja, que se imponha individualmente a cada momento.

Vamos continuar.

Vocês poderiam dizer: Joaquim está sendo radical. Eu diria: estou. E complementaria: sem radicalismo não há elevação espiritual.

Sem radicalizar espiritualmente a vida, não há elevação espiritual. Querem ver um exemplo.

Há entre os espíritas uma frase muito interessante. Quando se fala nas influências dos espíritos sobre a vida eles dizem: ah, nem tudo que acontece em nossa vida são os espíritos que fazem.

Os que respondem dessa forma são humanos, ou seja, vivem apenas a partir das suas percepções. Mais, são professores da lei porque citam O Livro dos Espíritos, mas não vivem o que ele diz.

Segundo essa obra do Pentateuco Espírita, a influência dos espíritos na vida humana é muito maior do que se possa imaginar. Portanto, para ser espírita verdadeiro, os seguidores dessa religião deveriam radicalizar (ter isto como Verdade Absoluta).

Mas, para não serem egoístas, deveriam radicalizar não porque se acham certos, mas porque esse é o ensinamento do mestre que seguem. Se não radicalizam e atacam os que dizem isso, posso afirmar que os espíritas odeiam os “Espíritos das Verdades” também.

Participante: Por favor, fale deste ensinamento.

Ele começa na pergunta 459:

Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem.

Essa é a lei da doutrina espírita. Tanto isso é verdade que o seu próprio fundador, comentando a influência dos espíritos nos acontecimentos da vida diz:

Assim é que, provocando, por exemplo, o encontro de duas pessoas, que suporão encontrar-se por acaso; inspirando a alguém a ideia de passar por determinado lugar; chamando-lhe a atenção para certo ponto, se disso resulta o que tenham em vista, eles obraram de tal maneira que o homem crente de que obedece a um impulso próprio, conserva sempre o seu livre arbítrio. (Comentários de Kardec à pergunta 525).

Isso, por si só já diria tudo. Mas tem mais.

À frente (pergunta 527) o Espírito da Verdade diz que se alguém tem que morrer por causa da ação de um raio (determinismo de destino) nenhum ser desencarnado alterará a rota do elemento da natureza, mas fará com que o homem se dirija para o lugar onde sabe que o raio cairá.

Ou seja, a vida é completamente dominada pelos espíritos. Todas as suas ações são comandadas de fora para dentro e você, como diz Kardec, achando que mantém o livre arbítrio, faz o que precisa ser feito.

Portanto, para se dizer seguidor do Espírito da Verdade é preciso que os espíritas radicalizem e vivam com essa realidade: tudo na vida é intervenção dos espíritos.

Um detalhe: os espíritos não agem à toa, não geram os acontecimentos por acaso, porque querem, porque acham certo ou bonito. A pergunta 525a traz uma informação importante sobre isso:

Exercem essa influência por outra forma que não apenas pelos pensamentos que sugerem, isto é, têm ação direta sobre o cumprimento das coisas? Sim, mas nunca atuam fora das leis da Natureza.

Reparem que a letra “n” está escrita de forma maiúscula. Isso quer dizer que o Espírito da Verdade se refere a Deus. Ou seja, os espíritos agem sobre o cumprimento das coisas, mas sua ação segue a ordenação do Senhor.

Agora o radicalismo está completo: o espírita, para poder se dizer seguidor do Espírito da Verdade tem que aceitar que tudo que acontece durante a existência carnal tem a direção do mundo espiritual menos denso. Esses diretores agem sobre o comando de Deus. Para eles nada mais pode ser real. Quem não radicalizar nessa questão não pode se dizer espírita. Aliás, será como os cristãos que estamos comentando: dirão que amam o espiritismo, mas que odeiam os “Espíritos da Verdade”.

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