Sei que para vocês o espaço de tempo que estou usando – uma respiração – parece muito pouco para ter alguma influência sobre a totalidade de uma existência, mas não é assim. Em outro estudo que fizemos, vimos que Cristo diz que o momento presente é o talismã que Deus dá a cada um para que seja feliz. Portanto, qualquer momento é de suma importância e faz diferença para a eternidade do espírito.

Cristo diz que o momento presente de cada existência é um talismã que tem grande poder de curar o sofrimento do ser encarnado. Isso porque cada momento de uma existência é criado por Deus com todo Amor, repleto de tudo o que ele precisa para ser feliz. É como dissemos quando estudamos o Evangelho de Tomé:

“Cada segundo de um ser encarnado é projetado minuciosamente pelo Pai para que ele alcance a felicidade universal. Todos os detalhes são avaliados pelo Ser Supremo para que possa proporcionar ao ser em evolução a chance da evolução espiritual”.

E você, quando vivencia esta obra de Deus, diz que Ele está errado, que não é aquilo que precisa.

Vou usar como exemplo a questão do emprego que alguém falou aqui hoje. Deus planeja cada momento em que essa pessoa está no seu trabalho para que seja feliz, mas ela não consegue aproveitar essa dádiva. Porquê? Porque não concorda com o que Deus lhe deu.

Por não concordar, sofre. Como não quer reconhecer que é a culpada do seu sofrimento, acaba gerando erros no que os outros fazem para justificar seu sofrimento.

Ninguém é culpado pelo sofrimento que o outro sente. A culpa é só daquele que não aproveita o segundo que Deus escreveu com tudo que é necessário para a vivência da felicidade. Se essa pessoa mergulhasse na sua existência usando suas próprias crenças para criar a realidade que está vivendo, ao invés de ver erro no que os outros fazem, encontraria apenas o Amor de Deus.

Sim, aqueles que lhe contrariam são os seus maiores amigos, são os instrumentos que podem ajudar a elevar-se. Como você poderia fazer o trabalho dessa vida (optar entre o bem e o mal) se não houvesse alguém que contrariasse suas expectativas? É essa consciência, que é alcançada pela mudança do valor essencial da vida, que se adquire quando se mergulha na vida.

   Quando o valor essencial da vida muda, tudo se transforma. A pessoa que contraria se transforma num instrumento da sua oportunidade de amar; aquele que causa necessidades passa ser um grande amigo, pois ajudou a mostrar que você ama mais a Deus do que às suas posses. O seu inimigo se transforma num grande amigo, pois deu a oportunidade de amar a tudo e a todos.

O que estou falando é da forma de raciocinar de Deus. Quando Ele prepara o momento que é o talismã para a sua felicidade com alguma pessoa que lhe agride, está pensando em dar uma oportunidade de amar incondicionalmente, o que, como Ele sabe, é o único caminho para se aprender a viver universalmente.

Mas, porque o Pai não pode lhe dar o que você quer? Porque como ensina O Livro dos Espíritos, um dos objetivos da encarnação está na vivência de vicissitudes durante a vida. Sendo assim, jamais uma existência poderá ser constituída integralmente por satisfações.

Mergulhar na vida é saber que ela sempre tem que ter altos e baixos e que como isso representa a provação do espírito, saber que é preciso manter acesa a chama da fé (entrega com confiança a Deus). Saber que não se deve deixar levar para a depressão do sofrimento quando a vida vai para a fase da vicissitude contrária aos seus interesses. Da mesma forma, não se deixar levar pela vida quando ela está na fase exaltação.

É por isso que Buda elogia Ananda. Pela resposta que o monge deu o Iluminado compreende que ele já sabia que a vida por si só não vale de nada, mas que o seu valor é adquirido por aquilo ao qual o ser humanizado se dedica durante a vivência dos acontecimentos.

Você é um ser universal, um ser que faz parte do universo e não um humano, um ser que faz parte da Terra. Quanto mais um brasileiro. Nada existe; todas as coisas foram criadas para gerar vicissitudes e assim o espírito ter sua prova. Para fazer a alternância da vida para que o ser universal possa ter a sua encarnação na busca da elevação espiritual. É isso que é a finalidade da vida e que eu digo que é o princípio de tudo.

Na verdade, como me falaram, foram programados pela mãe, pelo pai, pelo avô e por todos que tiveram contato durante a vida. Quando essa programação passou a existir criou-se o objetivo de vida.

Não podemos acusar estas pessoas pelas nossas vicissitudes, pois você também contribui transformando diversas vezes o seu valor essencial da vida. Algumas coisas transferidas ficaram, alguns valores essenciais permaneceram, mas você criou um novo valor essencial para a sua vida ao longo dela.

Portanto, para mudar a vida não adianta ensinamento algum, enquanto o valor essencial da vida, o objetivo dela, não for alterado. Enquanto quiser ganhar, não se alterará; enquanto procurar a fama e o elogio, nada conseguirá fazer no sentido da elevação espiritual. É preciso alterar os objetivos de vida e aí buscar a evolução.

Muitos, quando sabem do que estamos falando, ainda acusam Deus de ter colocado muitos recursos materiais no planeta e com isso atrapalhar o processo de evolução dos espíritos. Mas, porque Ele colocou tantos recursos à disposição dos espíritos que aqui encarnam? Para que cada um possa repensar os valores da sua vida dentro dos gêneros de provas que pediram. Somente com a quantidade de recursos que está disponível o espírito encarnado pode realizar seu trabalho à altura da solução da sua atual posição no mundo espiritual e assim alcançar a elevação.

Portanto, mesmo com todos os apelos do mundo material é preciso que o ser encarnado pense profundamente no motivo pelo qual nasceu, pelo qual acorda todos os dias de manhã, porque tem perna e outro não, porque tem dinheiro no banco e outro não. É preciso se aprofundar e não dizer que tem dinheiro porque tem sorte ou porque trabalhou para isso.

Sei que vocês não aceitam que o que cada um tem foi dado por Deus. Se alguém, por exemplo, tem muito dinheiro, dizem que isso acontece porque roubou, porque explorou outros. Mas, isso não é real: cada um tem aquilo que precisa para a sua encarnação. Se o outro ficou rico por conta da exploração dos outros, pergunto: onde está Deus nesta história? No acaso, no mal vencendo o bem?

Todos têm o que precisam. Por isso, a carência e a abastança, para quem mergulha na vida, não são motivos para sofrimento, julgamentos ou prazer e glória.

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