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“Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: enquanto o céu e a terra durarem, nada será tirado da Lei – nem a menor letra, nem qualquer acento. E assim será até o fim de todas as coisas. Portanto, qualquer um que desobedecer ao menor mandamento e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem obedecer à Lei e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado grande no Reino do Céu. Pois eu afirmo a vocês que só entrarão no Reino do Céu se forem mais fiéis em fazer a vontade de Deus do que os mestres da Lei e os fariseus.” (Mt., 5,17 a 20)

Primeiro detalhe desse texto: ‘eu não vim para quebrar a lei.’ Que quer dizer isso? Que a lei de Moisés continua em vigor.

As leis do mundo dizem sempre: ‘essa lei altera os dispositivos em contrário’. A lei de Cristo não faz isso. Não altera nada do que está no Velho Testamento. Tudo continua valendo.

Só que o mestre afirma que vai dar um novo sentido ao que já existia. Qual é o sentido da lei que o Cristo trouxe? O amor.

A lei de Moisés diz ‘não mate’ dentro de um sentido coercitivo: não pratique a ação de matar. Através de Cristo essa lei, que continua valendo, passa a ser entendida da seguinte forma: ame para não matar. Esse é o novo sentido dado por Cristo: quem ama não mata.

Continuando no texto … Apesar de amar, se ensinar aos outros que pode matar você será o menor no céu.

O amor não justifica a ação. Você falou a pouco em um dos pontos polêmicos dos ensinamentos de Joaquim: como lidar com o assassino.

Sim, sempre disse que o assassino é um instrumento de Deus. Ninguém me ouviu dizer que matar é uma coisa certa, que deve ou pode se matar. Eu nunca disse isso.

Participante: mas, no caso da menina que matou os pais, você disse que foi o carma dela e que ela fez a coisa certa…

Ela não fez a coisa certa, mas não merece a raiva de vocês por ter feito o que fez. Isso é o que sempre disse.

Não posso dizer que alguém tem autorização para matar. No entanto, se alguém matou, tenho que dizer que ele não possui a culpa pelo ato, pois Deus é a Causa Primária de todas as coisas. Sempre foi isso que disse …

Continuando o texto … Cristo diz que só entrarão no reino dos Céus aqueles que forem fiéis em fazer a vontade de Deus. ‘Eu vim com a função de matar, tenho que ser fiel à vontade de Deus, então tenho que matar, mesmo sem a vontade de fazer isso’.

O que está sendo dito nesse texto é que não é a ação que vai ser julgada, mas a forma de viver a ação. O ser que cumpre o acordo não pode justificar o ato de matar, se ele tem a intenção de matar. Agora, se ele matar, mesmo sem intencionalidade, tem que ser fiel à vontade de Deus: ‘matei, e daí?’ Aquele que não recebe a bem aventurança é quem se liga ao pensamento que afirma: ‘matei porque não presta, porque não serve, etc.’.

Só que essa libertação da intencionalidade é de foro íntimo. Por isso, aquele que está vendo ou tomando conhecimento da ação, e que não sabe da intenção, deve se eximir de julgar.

Portanto, para cumprir esse item do acordo, aquele que mata, precisa não aceitar a intencionalidade criada pela mente para o praticado para ser fiel ao acordo. Aquele que toma conhecimento do ocorrido deve também eximir-se de julgar quem serviu como agente para a obra geral.

A ação de matar não é condenada. O que é condenado é aquele que ensina que a lei pode ou deve ser quebrada: ‘você pode matar’. Eu nunca disse que se pode matar. O que pergunto é que se a morte aconteceu, como você vai lidar com quem matou?

A transformação do sentido da lei trazida por Cristo é que muda toda a história. Já cansei de usar o exemplo do garoto que estava no cinema e disse que uma voz falou na mente mandando metralhar todos que ali estavam. Esse não tinha nenhuma intencionalidade de matar ninguém. Então, não matou ninguém mas cumpriu a vontade de Deus fielmente.

Participante: as palavras vêm carregadas de valores. Por exemplo quando falamos a palavra matar incluímos intencionalidades nela …

Acham que precisa haver uma vontade para agir.

Participante: … porém se a enxergamos o ato com um ato simplesmente …

Um ato como um ato, não. Um ato como?

Participante: uma vontade de Deus

Isso. Lembre-se que é preciso ser fiel à vontade de Deus.

Participante: e pelo fato de você amar não justifica que quebre as leis. Não justifica que induzir o outro a quebrar a lei. Não é porque você ama …

Não. Se você amou nunca quebrou a lei.

O induzir a quebrar é dizer que você pode matar. Eu nunca disse que pode. Ninguém que segue por este caminho diz que pode, mas se acontecer, foi a vontade de Deus.

Aquela pessoa foi fiel à vontade de Deus. Vamos ter que ver como está por dentro para saber se feriu a lei de Deus. Como você não pode saber como ela está por dentro, então restrinja-se no seu julgamento.

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