Participante: deixe-me reformular. Não estou falando dos ensinamentos em si, mas das formas como eles se apresentam.

Vamos deixar bem clara essa questão.

O que é um ensinamento? É o que eu, outro mentor ou o que os mestres falaram? É o que você acreditou.

É preciso lembrar-se que, como já falei outras vezes, há uma distância muito grande entre o que falo e o que vocês escutam. Por isso, afirmo que qualquer ensinamento é aquilo que cada um acreditou ao ouvir alguma coisa e não o que foi dito.

Sendo assim, não existe um ensinamento absoluto vindo de alguém, não existe uma verdade universal transmitida por alguém. Todo ensinamento é criado por você quando ouve o que alguém falou. É uma verdade relativa criada por você para você.

Não sei se lembram, mas durante a festa em Pirenópolis quando falei em verdade disse assim: verdade é aquilo que você declara que é verdadeiro. É uma informação que declara a si mesmo que é verdadeira.

Depois que fiz essa afirmação perguntei: ‘se isso é real, porque ficam procurando verdades? Criem suas próprias’. Quando dei essa orientação não estava falando nada demais, porque na realidade é isso que vocês fazem: a cada momento têm uma percepção auditiva e criam uma verdade para si mesmo, compreendem de um jeito individual.

É preciso entender que a partir de um ensinamento de um mentor ou de um mestre que é lido ou ouvido o ser humanizado cria uma interpretação pessoal. Ele não consegue reter mentalmente o que foi dito, mas cria uma interpretação para si daquilo. É essa interpretação que é chamada de ensinamento do mestre e é usada na hora que ele quer com o objetivo que quiser alcançar.

Participante: o que Cristo quis dizer com conhece a verdade e ela lhe salvará?

Qual é a única verdade desse mundo? Qual a única coisa verdadeira, absoluta nesse mundo?

Participante: Deus.

Como você está enganado. Deus é a coisa mais relativa desse mundo: cada um tem o seu próprio, pois vive com uma compreensão diferente sobre ele.

Volto a perguntar: o que existe de absoluto nesse mundo? Ninguém conhece a verdade.

Participante: essa é a verdade que Cristo mandou procurar? Ela pode salvar, porque nos leva a desistir da crença de verdade atribuída a outras informações?

Isso. Conheça essa verdade que ela lhe libertará. Libertará de quê? Das verdades. Da compra, busca e crença de informações como verdadeiras.

A verdade verdadeira (ninguém conhece a verdade) liberta da procura de novas informações que sejam verdadeiras. Além disso, conhecendo essa verdade, deixa trabalhar com o que acredita sobre as coisas velhas que crê.

Participante: então, a verdade está em movimento o tempo inteiro?

A verdade desse mundo, a relativa. Ela é constantemente mutável.

Para ficar mais claro o assunto complemento. É preciso entender que o que chamamos de verdade absoluta precisa ter duas características. Sem elas, não há absolutismo.

A primeira é a universalidade. O que é uma verdade universal? É igual para todos. A segunda é que seja imutável. Desde o princípio dos tempos aquela informação precisa ser verdadeira.

Você conhece alguma coisa nesse mundo que seja acreditado como verdadeiro por todos e que nunca tenha se alterado? Não, claro. Por isso afirmo que não há verdades aqui.

O que existe é o que você acredita. Isso é uma verdade relativa, pois vale só para si mesmo e enquanto for acreditada dessa forma. Amanhã, não será mais.

Essa é a verdade: qualquer ensinamento que leia, ouça, receba, é transformado por você mesmo. O que chama de aprender é ter uma ideia individualizada, uma concepção própria, a partir de um texto que é ouvido. Essa ideia, esse aprendizado, é um relativa e não uma verdade absoluta, algo certo, irretocável.

Apesar dessa relatividade, essa ideia que faz do que ouve é exatamente o que precisa usar em si mesmo para destruir aquilo que não está de acordo com essa crença. Que você precisa usar; não o outro. Cada um faz suas próprias verdades relativas, seus próprios ensinamentos conforme precisa. Por isso, a verdade de um não serve para orientar outro.

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