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Participante: é possível se libertar de todos os apegos?

Para você que me ouve há algum tempo, diria que o seu maior apego do qual deve se libertar neste momento é o de desapegar-se das coisas.

Quando começou a me ouvir, você tinha diversos apegos e continua tendo muito deles. No entanto, adquiriu mais um: o de ter que se desapegar daquelas coisas. Por isso digo que o primeiro apego do qual deve se libertar é da prisão de ter que se libertar deles.

Na verdade, ninguém se liberta de apegos: eles somem quando você não dá importância. Se não existe um eu para viver e nem acontecimentos que formem uma vida, não há a ação de desapegar-se.

Sabia que o problema não é ter apegos, não é ter pensamentos que denotem paixão por elementos materiais, mas estar apegado a esses pensamentos. Apegado aos pensamentos que criam o ter que ter, ser estar e fazer alguma coisa. Esse é o grande problema para aquele que quer aproveitar a encarnação.

Isso só se resolve alcançando a vida impessoal. Quando um ser deixa a vida fluir por ele ao invés de viver com a obrigação de ter que fazer, mesmo que seja o trabalho do desapego, tudo o que está na mente começa a sumir.

Participante: viver essa vida aproveitando a oportunidade da encarnação é o mesmo que não se identificar com o externo?

Nem com o interno. É não se identificar com nada.

Para aproveitar essa vida no sentido de realizar o trabalho necessário para a elevação espiritual é viver como Krishna ensina: assistindo a sua vida. Para isso é preciso estar sentado na plateia vendo a peça Divina Comédia Humana e não interpretando um papel nela.

Nessa peça existe o que presumivelmente acontece no mundo interno e externo. Por isso sente na poltrona e assista a tudo.

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