Até hoje o ensinamento da evolução espiritual, ou seja, o caminho para alcançar o bem celeste, é subordinado aos objetivos da humanidade, às regras e padrões planetários de felicidade. Por isso os religiosos são tão humanos quanto os pagãos.

Quando tomam conhecimento de injustiças sociais (fome, desemprego, sem teto, sem terra), por exemplo, reagem da mesma forma daqueles que não acreditam em Deus. Acusam os poderes constituídos de não cumprirem o seu papel, auxiliam e promovem manifestações de repúdio aos governantes. Nem parece que eles leram a Bíblia e escutaram o apóstolo Paulo falando do alto de sua compreensão dos ensinamentos de Cristo recebido diretamente do mestre na estrada de Damasco.

Que todos obedeçam às autoridades. Porque não existe nenhuma autoridade sem permissão de Deus e as que existem foram colocadas por Ele. Assim quem é contra as autoridades é contra o que Deus mandou e os que agem desse modo vão trazer a condenação para si mesmos. Somente os que fazem o mal devem ter medo dos governantes e não os que fazem o bem. Se você não quiser ter medo das autoridades, então faça o que é bom e elas o elogiarão. Porque elas estão a serviço de Deus para o bem de vocês. Mas se você faz o mal, então tenha medo, pois as autoridades de fato têm poder para castigar. Elas estão a serviço de Deus e trazem o castigo Dele sobre os que fazem o mal. Assim, você deve obedecer às autoridades, não somente por causa do castigo de Deus, mas também por uma questão de consciência (Romanos, 13, 1 a 5).

Fazer o mal é revoltar-se, julgar, criticar, acusar e não deixar de suprir necessidades materiais. Fazer o bem é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Amar a tudo e a todos, independentemente do que o outro faz.

Quem vive o bem jamais sofre com o que está acontecendo, porque está ligado ao Supremo e nada afeta essa ligação. Além disso, sofrendo e acusando, você está simplesmente demonstrando na cara o jejum que está fazendo, como já vimos.

É por causa da ousadia de ensinar o amor a Deus além do prazer e satisfação gerados pela subordinação aos padrões humanos que a maioria das coisas que falo choca as pessoas. No entanto, isso só ocorre com aqueles que estão acomodados e não querem ousar, com aqueles que confundem o bem com o bom.

Bem é tudo que vem de Deus; bom é aquilo que vem de Deus e satisfaz os desejos humanos. Mal é aquilo que vem de Deus, mas não satisfaz os desejos humanos. É essa compreensão que o buscador usa para ousar ir contra o bom humano, para não sofrer com o mal.

Aqueles que não querem fazer a reforma íntima ou que apenas fingem estar procurando Deus sofrem com o suposto mal. Fazem isso imaginando que assim consigam trapacear com o Pai e receber o bom e assim satisfazer-se materialmente. Acreditam que demonstrando sofrimento podem fazer Deus lhes dá aquilo que não precisam, não merecem e nem pediram para essa encarnação, mas querem porque estão apegados ao prazer mundano.

Não esqueçam aqueles que se dizem buscadores de Deus, mas que não querem ousar largar a sua corda, que Cristo ensinou: ‘de Deus ninguém esconde as suas intenções’. Que o Espírito da Verdade ensinou:

Podem os Espíritos conhecer os nossos mais secretos pensamentos? Muitas vezes chegam a conhecer o que desejaríeis ocultar de vós mesmos. Nem atos, nem pensamentos se lhes podem dissimular” (O Livro dos Espíritos – pergunta 457).

Se os espíritos podem conhecer, imaginem Deus!

Portanto, quem não ousa largar sua corda, sua segurança material, seu bom, no íntimo (intenção), ou seja, submete a sua evolução espiritual aos padrões materiais de felicidade, não consegue iludir a Deus. Pode conseguir iludir a si mesmo, ao mundo, à sociedade, mas não ilude ao Pai.

Esse quando sair da carne acusará a Deus, à comunidade espiritual e a quem serviu como guia espiritual da sua reforma íntima de não ter ensinado a Verdade que poderia lhe salvar. Já pensaram nisso, senhores guias espirituais da humanidade?

Por isto, senhores guias espirituais da humanidade, comecem vocês também a ousar.

Ao invés de se prenderem a prometer o bem material, ensinem o ser humano a confiar a subsistência não só ao seu trabalho ou terra, mas a ter fé em Deus. Ensinar a ter fé que o Pai proverá dentro da necessidade de cada um ao invés de conclamar a discórdia incitando-os a rebelarem-se contra a Realidade.

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