Será tão repreensível, quanto fazer o mal, o deseja-lo?

Conforme. Há virtude em resistir-se voluntariamente ao mal que se deseja praticar, sobretudo quando há possibilidade de satisfazer-se a esse desejo. Se apenas não o pratica por falta de ocasião, é culpado quem o deseja.

  Cristo ensinou: não é preciso ir para cama com uma mulher, só em deseja-la já houve o pecado. Isso é lei, ensinamento do Mestre. Agora, precisamos compreender esse desejo para ficar bem claro.

O ser humanizado não trata a vida como momentos independentes que se sobrepõe um ao outro. Vive a vida como se fosse uma coisa única. Isso não é real.

A vida é feita de momentos separados um dos outros. No momento em que, internamente, através do pensamento, você deseja alguma coisa é um momento. Apesar de parecer que sim, nesse momento ainda não existiu o individualismo. O que aconteceu foi a prova.

Depois desse momento, haverá outro. Nele você terá a oportunidade de responder ao seu ego: ou diz que ele está certo, que precisa receber aquilo que deseja, que é justo, ou diz, desejo, e daí, se vier veio, se não vier não veio. Louvado seja Deus! No primeiro foi individualista, no segundo não.

São momentos diferentes. No primeiro, através do desejo, uma pergunta é feita: e agora, você vai ficar preso a esse desejo, ou vai permanecer equânime e firme no amor a Mim? Essa é a pergunta que Deus faz. Depois disso vem o próximo momento, que é aquele que o Espírito da Verdade fala nesse trecho. É nesse que se vence o desejo.

Eu gostaria de ter um carro: esse é um desejo que vem em um momento da vida. Se você não tem carro e permanece feliz dizendo no dia que tiver eu tenho, vou esperar o meu momento, está em harmonia com a vida e com Deus. Agora, prendendo-se somente ao desejo, ao querer, começa a sofrer e acusar o mundo. Começa a culpar todo mundo, a dizer que o governo é que está fazendo besteira, que é injusto você não ter.

Resumindo, então, ter o desejo em si, não é pecado. Ele existe quando se condiciona a felicidade a realização do desejo.

Aí está o pecado. Quando se condiciona a sua felicidade a realização do desejo, a descondiciona de Deus. Saiba que tudo que é atrelado a Deus, não pode ser atrelado a mais nada. Como ensinou Cristo: não se serve a dois senhores ao mesmo tempo.

Quando o mestre ensinou a necessidade de amar a Deus sobre todas as coisas, quis dizer que é preciso atrelar toda sua felicidade ao que Deus lhe dá. Sendo assim, se hoje Ele deu um limão, o chupe feliz.

Chupe o limão que a vida dá feliz porque aquilo é uma dádiva divina. Mas, a primeira coisa que você faz quando isso acontece é jogar o limão longe, espernear e chorar igual um bebê, dizendo que não queria aquilo. Mas, não adianta jogar longe, o limão vai e volta e em algum momento terá que chupá-lo de qualquer jeito.

É isso que precisamos compreender. A tal da reforma íntima, a tal da evolução espiritual, é muito mais do que conseguir qualquer conhecimento humano. Ela está ligada ao amor, o amor a Deus.

Reformar-se é aprender a amar a Deus e ao próximo. Esse amar é incondicional. Por isso, posso dizer que a reforma íntima precisa atingir a incondicionalidade no amor a Deus.

Encerrando, então, o comentário, volto a falar como disse o Espírito da Verdade nesse texto: desejar não é problema, o problema é não resistir à tentação. Ou seja, alterar o seu estado de espírito de amor a Deus para prazer ou dor, aí está o pecado.

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