“Vocês são o sal para a humanidade; mas, se o sal perde o gosto, deixa de ser sal e não serve para mais nada. É jogado fora e pisado pelas pessoas que passam”. (Mt 5, 13)
Você é o sal para a humanidade. O que é o sal? O tempero. Então, você é o tempero da vida dos outros. O que quer dizer isso? Que dá sabor para a vida do outro. Gritando com alguém dá um sabor; abraçando-o, dá outro. Essa é a primeira conclusão do texto. Vamos em frente …
Quando o sal do outro perderá o sabor e por isso será jogado fora?
Participante: quando eu não aceitar o que ele falou …
Não. O sabor não está em você, mas nele, o sal. Ele é o sal. É ele que de um modo ou de outro vai temperar a sua vida. Vamos pensar sobre isso …
Quando é que o outro tempera a sua vida com um sabor bom? Quando faz o que você quer, quando é bonzinho? Não. O sabor do sal que é posto na sua vida é sempre bom quando o outro age com amor. Mesmo que dê um tapa na sua cara, se estiver com amor, temperou sua vida com um sabor bom. Por isso, aquele que busca a felicidade tem que estar consciente de estar agindo sempre com amor interno.
Mas, quando alguém age com amor interno? Quando não cede à sua intencionalidade. O sal que não dá o tempero certo, e que por isso é jogado fora, é toda aquela ação que vem acompanhada de uma intencionalidade individualista. Não serve porque é fruto do egoísmo. Mesmo que o ato seja considerado bom (dar carinho, atenção, etc.) se acompanhado com intencionalidade (querer fazer), é um tempero sem gosto.
É o que vai por dentro e não o ato que conta para a bem-aventurança de quem faz e de quem recebe a ação. Se não receber com amor, não terá temperado sua vida com um sabor bom.
O ser, para a sua bem-aventurança tem que superar a própria intenção em cada ação. Toda ação que for feita cedendo às intenções é jogada fora. Para ele, não para você. Para você como receptor é outra coisa, mas ele como ação, aquele ato, apesar de ser a vontade de Deus, não serviu para como instrumento da sua felicidade.
Isto é temperar a vida dos outros. Você tem forme e sede da vontade de Deus, do que acontecer, mas tem que agregar ao que está acontecendo o amor. E para amar tem que superar a sua própria intencionalidade. ‘Dei porque dei, era isto que tinha acontecer’. Acabou.
Participante: mas Joaquim, aí esse ser está temperando a vida dele.
Sim, isto é para ele. É o acordo dele com Deus.
Para contribuir com a obra geral o ser precisa praticar atos, mas também temperar a vida dos outros. Dar um tapa por exemplo, mas ao fazer isso usar o amor como tempero.
O problema para sua compreensão é que você está só observando os outros e não é isso. Esse é um trabalho individual, é o acordo de cada um com Deus. Por isso, dentro do acordo com Deus, o ser é obrigado a dar um tempero saboroso à vida. Isso se faz vivendo sem intencionalidade, só com amor.
É esse amor interno que será julgado na hora de receber a bem-aventurança e não o tapa na cara. Isso porque esse é o acordo do ser com Deus, o seu acordo com Deus. Esse acordo diz: você é usado para agir sobre o outro, temperar a vida dele, mas ao agir, o seu sal tem que ter sabor bom e isso só se consegue vivendo com amor
Participante: é bem difícil enxergar alguns atos desprovidos de intencionalidade. Se dou um tapa na cara de alguém, prevejo que existe uma intencionalidade ali. Então, o tapa é só o fruto da árvore que é a agressão.
Não. Você não faz nada; tudo é Deus que faz.
Sendo assim, ao mesmo tempo que Ele está dando o ato, está dando a intenção. Portanto, irá estar presente. O seu trabalho será se libertar dela.
É isso. Você não vai virar um santo, na mente. Lá continuarão existindo emoções que vocês chamam de negativas e intencionalidades individualistas. Só que você não mais compactuará com essas coisas.
Você vai virar um santo internamente. A mente vai dizer: ‘ele mereceu’. Internamente você dirá: ‘não sei’.
Participante: mas, as intenções também são atos?
Sim, e você precisa se libertar delas. Sempre disse: primeiro precisam vir as coisas humanas para que você possa libertar-se delas. Quando falamos de tristeza, disse que a tristeza precisa vir para que você possa se libertar. É a mesma coisa.
Participante: mesmo que ela venha justificada?
Sim. Aí precisa quebrar as justificativas. Aliás, ela sempre virá justificada. É a razão.
“Vocês são a luz para o mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lamparina para colocá-la debaixo de um cesto. Pelo contrário, ela é colocada no lugar próprio para que ilumine todos os que estão na casa. Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu”. (Mt., 5, 14 a 16)
‘Ninguém guarda uma lamparina dentro do armário’. O que seria guardar uma lamparina dentro do armário? Porque se guardam coisas dentro do armário?
Para proteger. Você guardaria uma lamparina dentro do armário para protegê-la. Guardar no armário é gerar uma proteção.
Aqueles que fazem ou aceitam o acordo, que botam o amor em prática, que lutam para ter a felicidade, são a luz do mundo. Servem para clarear os outros, para mostrar o caminho. Por isso, as pessoas deveriam imaginar que seriam seres protegidos, não é verdade? Mas, não …
Pode ter certeza que ninguém vai protegê-lo por ser uma luz do mundo. Pelo contrário, vai ser exposto a todos para que com a sua imposição possa mostrar o caminho a eles.
Se você acha que ao assinar o acordo com Deus e buscar essa forma de caminhar na vida não vai acontecer nada de ruim, que ninguém vai lhe caluniar, dizer que está errado, que todos vão beijar seus pés, esqueça. É o contrário: será exposto a mais calúnias e negatividades para que continue se mantendo firme no caminho e com isso ilumine o caminho dos outros.
Isto é uma coisa que já dizemos há muitos anos. Aquele que acha que porque busca a elevação espiritual vai ter sua vida facilitada está engano.
Esqueça; não é isso. A vida vai conter tudo que tiver que conter, seguindo ou não o acordo feito com Deus. Aliás, pode conter até mais coisas se isto ajudar os outros
Participante: mais coisa, como? O que seriam mais coisas?
Situações onde possa ajudar os outros.
Por exemplo alguém chegar e dizer coisas não agradáveis sobre você. Isso acontecerá para que reaja da seguinte forma: ‘eu sou? Você acha que eu sou? Então, está certo, sou’. Nesse momento quem estiver olhando de fora, vai se espantar: ‘ele não partiu para a briga, o que houve? Porque você não revidou’?
Olha o farol que ilumina o caminho do outro se acendendo …
Participante: é o trouxa.
É o trouxa humano, mas esperto para Deus. Não reagiu humanamente falando, de uma forma politicamente correta, mas com isso brilhou mais e acendeu a lamparina para os outros. Estou deixando esse alerta porque alguém pode imaginar que por estar ajudando outra pessoa a vida dele vai prosperar.