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Participante: eu estava no café da manhã com a minha companheira conversando sobre seus ensinamentos. Aí falei que às vezes nos perdemos com a quantidade dos ensinamentos. Nos esquecemos que a finalidade do seu ensinamento é estar em paz e em harmonia. Ou seja, ficamos perdidos no dia a dia e nos esquecemos que a finalidade de tudo o que o senhor fala é estar em paz. Para me lembrar disso, juntei essa observação com outro ensinamento que ouvi de um outro pai velho: ‘olha filho, o ensinamento e eu somos o dedo, mas a finalidade é a lua. Vocês se prendem no dedo apontado para lua e se esquecem de chegar ou de visualizar a lua’.
Perfeito.
Na verdade, o problema é que você, quando estão aqui, não estão preocupados em resolver a vida. Quando ouvem a mim ou a qualquer outro guru, mensageiro, não estão preocupados em resolver verdadeiramente o problema da vida de vocês. Estão sempre preocupados em saber alguma coisa. É por isso que toda a gama de ensinamentos que recebem se perde.
Outro detalhe sobre os ensinamentos espirituais é que eles parecem diferentes um do outro, mas não são. Como você disse, todos estão ligados a um só fundamento: alcançar a paz e a harmonia. Podem parecer diferentes, mas todos têm um só fundamento.
Sendo isso verdade, você não precisa saber o que fazer, mas concentrar-se em saber o que alcançar. É exatamente o que você falou: não importa se eu falo de banana, de coco, de maternidade, de Cristo ou de Deus; tudo o que disser tem como objetivo lhe mostrar um caminho para a felicidade. Sabendo disso, a sua concentração precisa ser em viver feliz e não em aprender como se vive.
Tudo o que falo tem como objetivo lhe levar a viver em paz, em harmonia com você, com o mundo e com os outros. Se entender isso, não precisa ficar se preocupando se eu disse para não se apegar ou se disse para amar: concentre-se apenas em viver em paz destruindo tudo que lhe rouba esse estado de espírito.
Quem entende o que estou dizendo já tem o norte para caminhar. Quem sabe que rumo precisa seguir, não necessita de bússola: se guia pelo sol.
Agora, ouvindo o que acabou de escutar, o que vai fazer? Esse é o ponto importante da minha resposta. A partir de tudo o que eu disse nos últimos dezessete anos, do que já ouviu nos últimos cinquenta anos, de tudo o que foi ensinado nesse planeta nos últimos cinco mil anos, o que você descobriu?
Participante: que o objetivo é sempre ficar em paz.
Não, não é isso. Esquece o objetivo; já falamos dele.
Repare numa coisa: Joaquim fala de um jeito, não sei quem fala de outro, não sei quem fala de outro. Quando você vê essa gama de informação cada uma falada de um jeito, o que pode tirar de conclusão?
Participante: que todos são iguais?
Na verdade, são todos diferentes. Eu falo que pode estuprar, o outro fala que não pode. Eu falo que não é obrigado a dar alimento e outro fala que é. Todos são diferentes. Apesar disso, todos estão ligados ao mesmo objetivo que já falamos: estar em paz.
Agora, se você tem um que diz que pode alguma coisa e o outro diz que não pode, mas os dois ensinamentos estão atrelados ao mesmo objetivo, o que você apreende com isso? Que qualquer caminho leva a Deus!
Quando você descobrir que quando se fala de trabalho de reforma íntima o importante não é fazer isso ou aquilo, mas alcançar determinada coisa (ser feliz incondicionalmente) e que diversos caminhos podem levar à realizar, descobre uma coisa interessante: você vai fazer o seu ensinamento.
Quem busca a reforma íntima com a consciência perfeita desse processo faz o seu próprio caminho. Ele caminha do jeito que for, à hora que for, sem estar apegado à praticar determinados atos ou preso à quaisquer normas e regras.
Para aquele que busca conscientemente a elevação espiritual o importante não é o caminho, não é fazer isso ou aquilo, não é seguir essa ou aquela norma, mas alcançar aquilo que se entende como objetivo. Esses sabem que o caminho não é realização, por isso não se preocupam por onde andarão, mas sim em chegar.
Por isso, lhe dou um conselho: faça o que fizer, acredite no que acreditar, jamais deixe de lutar pela sua paz. Se alguma coisa que Joaquim nunca falou lhe serve de instrumento para alcançar a paz, use! Se, mesmo acreditando em mim, alguma coisa que outro falou lhe serviu como arma para acabar com a desarmonia com o outro, use!
Essa é a diferença entre querer saber. Quem quer saber, escolhe mestre e defende os ensinamentos do escolhido dizendo que só eles são verdades absolutas. Quem quer conseguir, não se apega a um mestre nem a um só ensinamento, mas se utiliza de tudo o que for possível usar como arma contra a desarmonia. Ele caminha mesmo que seja aos trancos e barrancos para o objetivo.
Pode ir por caminho torto, mas isso não tem problema. O importante é que chegará.
Participante: pode errar também, né?
Pode, mas não vai errar nunca.
Que procura conscientemente a felicidade e para alcança-la hoje usa um argumento que não consegue acabar coma desarmonia, amanhã não o usará mais. Nesse caso não errou, experimentou.
Participante: descobriu uma forma de não fazer.
Isso.
O que estou falando agora tem a ver com uma grande discussão no nosso meio: Deus é causa primária de todas as coisas ou não? Aquele que idolatra os ensinamentos e quer saber jura de pé junto que sim, mas o buscador consciente apenas diz: não sei. Mais: e não me interessa saber …
Na hora que alguém tem certeza absoluta de alguma coisa, a informação deixa de ser caminho e vira apenas cultura, saber. Isso não pode acontecer, pois, como já conversamos, tudo o que se sabe é tratado como absoluto e será um entrave ao caminho.
Participante: não vai estar em paz, por exemplo.
Isso, não vai alcançar.
Portanto, se Deus é ou não Causa Primária de todas as coisas, declare textualmente que não tem certeza. Apesar disso, quando essa informação lhe ajudar a estar em paz, use-a sem saber se é ou se não.
Esse é o grande segredo da busca da felicidade: vocês não buscam alcança-la, mas apenas saber ensinamentos. Alcançando o saber não vão realizar nada, mas apenas conseguir mais argumentos para lutar com o outro. Portanto, não importa qual seja o caminho que um guru fale ou que o outro diga, nem no que você acredita: apenas use tudo o que lhe estiver disponível para ter paz.
Esse é um ensinamento libertador, mas vem a mente e começa a semear a desconfiança: ‘será que ao usar esse ensinamento não estou sendo egoísta, não estou pensando apenas na minha paz’? Sim, é isso mesmo: é apenas uma coisa para você conseguir a paz. Não há verdade alguma em qualquer ensinamento.
Chocados? Pergunto: o que é verdade?
Participante: não sei …
Eu sei: é o que você declarar que é. Tudo que disser que é verdade, será, para você.
Por isso, pouco importa no que você acredita. Seja qual for o ensinamento que siga, ele só será verdadeiro se você declarar que seja. Sendo assim, pergunto: para que quer saber se determinado ensinamento é verdadeiro o não, se só será verdade o que você disser que é?
Então, use tudo o que quiser …
Participante: até o que você nos passa só será verdade se acreditarmos que é.
Por isso eu sempre digo no final: não acreditem em mim.
Participante: quantas vezes não acreditamos no que você fala no momento que ouvimos e depois acabamos concordando …
Portanto, o que você falou é muito importante. Para que? Para você parar de ouvir Joaquim, ou qualquer outro, no sentido de saber e ouvir no sentido de adquirir ferramentas que você pode ou não usar.