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Estava conversando sobre a busca da felicidade e uma pessoa disse: falar sobre isso é muito difícil, pois para cada um a felicidade é alcançada através de coisas diferentes. Ela está enganada. Esse engano surge de um equívoco com relação à felicidade.

Imaginamos que felicidade é a sensação que sentimos quando conseguimos determinadas realizações, ganhamos algo ou realizamos aquilo que desejamos. Essa sensação não é felicidade, mas apenas uma satisfação. Felicidade é algo diferente.

A felicidade não é vivenciada em um estado de êxtase, mas de paz; não depende de acontecimentos externos, mas algo que se conquista no interior de cada um. Não é resultado de ganhos, mas da vitória sobre o próprio sofrimento. Não é um sentimento, mas um estado de espírito.

Felicidade não se recebe, conquista-se.

A felicidade existe quando internamente o homem conquista a sua paz de espírito. Quando se encontra em paz consigo e com o mundo em que vive. Existe quando o ser humano consegue viver a sua vida estando harmonizado consigo mesmo e com todos.

Sabe aqueles dias em que você acorda de bem com a vida não importando o que está acontecendo? Isso é felicidade. Aquilo que sentimos quando realizamos algo, ganhamos alguma coisa ou alcançamos nossos desejos, é apenas a satisfação de ter realizado, ganho ou conseguido o que se quer.

A felicidade como a vemos não é individualizada, mas universal, pois não depende de parâmetros diferentes entre as pessoas: é sempre igual para todos. Por isso pode se falar dessa felicidade uma forma genérica e é dela que falamos aqui.

O que falamos aqui não é sobre a busca de realizações, de conseguir alcançar os desejos, mas sim de como se conseguir viver a vida que tem dentro de um estado de ânimo de paz consigo mesmo e com o próximo. Para alcançar esse estado de espírito, falamos na vivência de nossa existência, falamos da libertação dos sofrimentos que acontecem no dia a dia. Mas, para isso precisamos desfazer outro equívoco com o qual os homens convivem: o sofrimento.

Para os seres humanos é considerado como sofrimento apenas a sensação que acontece quando vive uma grande perda ou quando não consegue se realizar seus sonhos e desejos. Com isso deixamos de fora o sofrimento mais importante e corriqueiro: as contrariedades.

Contrariedade é uma sensação que se vive quando o que acontece não está de acordo com aquilo que planejávamos, queríamos ou desejávamos. Geralmente é uma sensação vivenciada quando estão envolvidos pequenos aborrecimentos. Exemplo: algo guardado fora do lugar que achamos que deveria estar.

Por acharmos que esses aborrecimentos são coisas passageiras que não deixarão marcas, não consideramos as contrariedades como um sofrimento em si, mas apenas como um ligeiro mal-estar. Engano: as contrariedades são como micróbios que aos poucos vão se juntando em colônias e levam a males maiores.

A raiva, o desapontamento, a perda de confiança, que são emoções que já consideramos como sofrimentos, são frutos das constantes contrariedades que não matamos e que se somaram como pequenas nascentes que dão origem a rios caudalosos, levando à perda da paz interior. Por isso, a contrariedade, por menor que seja, precisa ser atacada.

Aquele que compreende a importância da contrariedade para a sua paz de espírito e realiza o combate a ela, consegue, então, estancar no nascedouro seus sofrimentos e com isso vivencia a vida mantendo-se em paz e harmonizado consigo mesmo e com as demais pessoas com que convive. Com isso, é feliz de verdade.

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