Participante: ontem você falou conosco sobre a faculdade espiritualista de vida e definiu bem uma coisa que estava passando. Na verdade até assimilarmos bem seus ensinamentos erramos. Eu fui fazer uma prova, achei que tinha saído muito bem nela e no dia seguinte quando fui conferir cheguei à conclusão que o gabarito tinha que estar errado. Fiquei chateada porque tinha me esforçado muito, por ter estudado muito e na hora do vamos ver, me enganei completamente. Fiquei frustrada. Até chegar à conclusão que não era para passar, sofri um inferno astral.
Isso é coisa que acontece mesmo. Deixe-me, então, falar mais dessa faculdade espiritualista de vida. Venho falando sobre este assunto há algum tempo disso. Aliás, começamos a conversar na sua casa na vez que falamos sobre vencer o anseio humano.
O que deixamos bem claro ontem é que um momento humano é composto por três coisas: o momento físico, que é o ato, a movimentação que acontece; o momento racional, que é a razão falando sobre a movimentação, dando valores a ele, dando soluções e comentários sobre ele; e o fruto da ação mental, que é o que chamam de emoção. É a depressão, o medo, a angústia, a preocupação, o gostar, o achar bom, o gozar. Esse é o fruto da ação e não a própria.
A ação é o ato físico e o comentário mental que dá valor à ele. O ato físico em si não possui valor. Ele é um ato.
O que é mexer o braço? É o movimento que o braço faz. Isso não tem valor específico. Depois que a mente gera um comentário e descrição sobre esta movimentação é que ela ganha um valor específico.
A movimentação física do braço pode se tornar um apanhar, um bater, um tomar, um dar, de acordo com o valor que a razão mental atribuir a ela. Esse comentário gerado pela mente é que dá valor à movimentação física.
Até aqui para aquele que quer aproveitar esta encarnação e promover a sua elevação, ou seja, quer ser espiritualista, não há problema de forma alguma. Isso porque a movimentação e o comentário são o cabeçalho da prova. O resultado da ação ou fruto da ação, como Krishna chama, é que é danoso para quem pretende alcançar a perfeição nesta encarnação. Vou dar um exemplo para ficar mais claro.
Estava conversando outro dia com uma pessoa. Ela me disse que estava preocupada porque, no seu trabalho, estava ouvindo determinadas coisas que os seus colegas comentavam e não estava conseguindo aguentar a hipocrisia do que era dito e por isso respondia mal a estas pessoas. Ela dizia que dava as respostas dessa forma, mas depois ia analisar o que tinha feito frente ao que nós ensinamos e ficava chateada, pois achava que não tinha que dar resposta alguma, já que todos têm o direito de ser, estar e fazer o que quiser.
O que disse a ela foi que dar resposta ou não é vida e é ação para quem vai receber. Se a pessoa precisa e merece receber aquilo, aquele com quem estava conversando teria que fazer, querendo ou não, achando bom ou não. Além do mais, não há nada de errado em fazer isso.
‘Mas, dar a respostas atravessadas está contrário ao que você ensina’, ela me disse. Continuei insistindo: isso não tem problema. Você pode dar qualquer resposta aos outros porque isso é só ação, é só ato. Agora, o que não pode é comer o fruto da sua ação.
Qual o fruto da ação neste caso? Achar que o que fez é ruim, que não devia ter feito, se culpar, imaginar que feriu o outro, etc. Isso é o que você não pode viver neste acontecimento, porque é isso que faz mal à sua saúde espiritual.
Participante: é o resultado.
É o fruto da ação.