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13. Assim como o ser encarnado tem a sua infância, juventude e velhice, assim também tal ser ressurge como outro corpo. Os sábios nunca se confundem a respeito disso.

O espírito reencarna diversas vezes e, cada vez que isso acontece, ocorre um aprendizado que se traduz em uma etapa da vida espiritual. Este é o ensinamento que os espíritas e os espiritualistas conhecem, mas dele podemos tirar outra lição que nem sempre é entendida.

O Espírito da Verdade ensinou através de Kardec: a natureza não anda em saltos. Levando-se este ensinamento para o tema desse texto (evolução em etapas) posso afirmar que você precisa compreender que terá que trilhar o seu caminho de evolução espiritual passo a passo. Ou seja, de nada adianta você estar aqui hoje e querer estar em outro lugar no momento seguinte. Para chegar lá será preciso percorrer um caminho, realizar e vivenciar diversas coisas.

A compreensão da necessidade da caminhada é de suma importância para os seres espirituais que pretendem buscar a elevação espiritual, pois, como vimos no texto anterior, eles têm pressa, querem tudo para ontem.

Os seres humanizados querem sentir toda a felicidade do mundo de uma vez só, mas não compreendem que ela precisa ser conquistada aos poucos. Não compreendem que para serem felizes na totalidade dos momentos de sua existência precisam ir conquistando tal estado de espírito passo a passo trilhando a sua caminhada, ou seja, vivendo a sua vida momento a momento com felicidade, independente do que esteja acontecendo.

Aquele que depende do acontecimento de amanhã para ser feliz, sempre acabará sofrendo. Isso porque aquilo com que se sonha para amanhã tem hora certa para acontecer e não ocorre quando o ser humanizado quer.

Vou explicar melhor. Cite uma nota de dinheiro que tenha valor para você.

Participante: Cinqüenta reais.

Se você pegar esta nota e colocar na mão de um bebê o que ele irá fazer?

Participante: Colocar na boca, rasgar, estragar…

Ou seja, não dará o valor que aquilo tem. Por isso, você não daria uma nota na mão do bebê, mesmo que ele chorasse e esperneasse para tê-la, não?

Portanto, aprenda: a hora de receber algo ocorre apenas quando quem vai receber souber dar valor ao que está recebendo e não apenas porque ele quer. Esta é uma verdade do Universo que se aplica ao mundo carnal, mas também ao espiritual.

Assim como você, Deus não dá uma nota de cinqüenta reais para um bebê porque ele não saberá valorizar o que está recebendo. Ou seja, o Pai não lhe dará aquilo que você quer enquanto não souber valorizar o que está recebendo. Não porque Deus seja ruim, não goste do seu filho ou porque queira vê-lo sofrer, não faz isso porque sabe que aquele espírito irá estragar o que estará recebendo, já que não sabe dar o real valor à Sua dádiva. Assim como o pai material que preserva a nota em seu poder para poder transformá-la em algo útil para o bebê (comprar fraldas, roupas, brinquedos) dando ao filho somente o que ele precisa no momento, Deus também age da mesma forma com os seres humanizados, os espíritos que são seus filhos.

Desta forma, o ser humanizado precisa compreender que na sua existência receberá de Deus tudo que precisa e que pode aproveitar no momento, mas nada será concedido que não tenha utilidade para o futuro desse filho. Ou seja, Ele dará sempre o que for útil para a sua existência (aproveitável no sentido da elevação espiritual) e não se sujeitará aos desejos ou caprichos do filho.

Compreendendo esta máxima universal, o ser humanizado deve, então, aproveitar cada dádiva do Pai e permanecer feliz com o que recebe, ao invés de resmungar ou chorar (ranger de dentes) por aquilo que não recebe. Vivendo desse jeito ele caminhará passo a passo, ou seja, se tornará apto para receber mais coisas.

NOTA: Este é o ensinamento que o Espírito da Verdade traz na resposta à pergunta 115 de O Livro dos Espíritos a respeito da Progressão dos Espíritos.

“115. Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus? Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é sem saber. A cada um deu determinada missão com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinalada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade”. 

Tem muito ser humanizado que, por exemplo, vive numa situação angustiosa e culpa o desemprego pelo seu sofrimento. Acredita que, se conseguir empregar-se todo o seu sofrimento acabará. Por isso ora a Deus pedindo a Sua intercessão para que lhe consiga uma ocupação. Pois bem, ele consegue um emprego. O que acontece depois? Em dois ou três meses já está brigando com o patrão pedindo aumento salarial. Ou seja, para poder ganhar mais coloca em risco o próprio emprego recém conseguido. 

Realmente este ser humanizado não estava pronto para receber a dádiva do trabalho, pois não valoriza o seu salário, mesmo que ele seja reduzido. Sua intenção não era realmente conseguir um emprego, uma fonte de sustento, mas a realização de um desejo, de uma vontade. E, quando o ser humanizado está preso aos desejos oriundos das paixões ditadas pelo ego, ele jamais se satisfaz com qualquer coisa que receba do Pai.

Isso se comprova facilmente pela simples constatação de que mal consegue realizar uma pretensão, ela não é mais suficiente para fazê-lo feliz. Sempre nova condicionalidade para ser feliz surgirá e este ser humanizado se deixará levar pelo novo desejo que o ego criará e se imaginará um grande sofredor e justificará tal sofrimento no salário que recebe.  

Tem seres humanizados que querem acabar com a doença. Quando acamados rezam a Deus pedindo saúde. Mas, logo assim que a recebe do Pai, retiram os freios da sua vida entregando-se novamente às causas da doença.

Por isso Deus não pode dar àquele que não está pronto para receber. Se você está desempregado, tenha certeza de que apenas quando aprender a valorizar um emprego sem se entregar gananciosamente às paixões que o seu ego lhe induz, poderá receber; se está doente, saiba que apenas quando souber conter os ímpetos das paixões humanas que, muitas vezes, criam carmas relativos à saúde física, poderá ser curado.

Portanto, aprenda a confiar em Deus, ou seja, compreenda que o Pai não dá nada antes da hora, e trabalhe a si mesmo para libertar-se da sensação de sofrimento que o ego lhe dá. Vivendo felicidade incondicional oriunda da fé (confiança e entrega) em Deus, o ser humanizado compreenderá o real valor do que está recebendo (o desemprego, a doença) e, assim se tornará apto a receber mais.

Se o ser humanizado não compreender que o seu sofrimento é apenas fruto de um desejo não realizado (‘queria um emprego, não tenho e por isso sofro’) jamais poderá alcançar a universalidade, pois estará sempre preso a um individualismo: à vontade gerada pelo ego. Se Deus lhe realizasse esse desejo fortaleceria o seu individualismo e, conseguintemente, impediria a sua universalização (elevação espiritual).

Sendo assim, o ser humanizado precisa, para alcançar os objetivos da encarnação, entender que a vida é formada de etapas, momentos, condizentes com o seu grau de universalização. Aproveitando cada uma destas etapas como uma oportunidade de por em prática o amor universal, ele se tornará sempre apto a mais receber.

Mesmo que você não entenda a relação ser feliz incondicionalmente/elevação espiritual, lembre-se de um ditado popular dos seres humanizados: não há bem que sempre dure, nem mal que nuca acabe. Portanto, se hoje está passando por uma situação de sofrimento, não se desespere, pois ela acabará.

Mas, quando ela acabará, é a pergunta que os seres humanizados sempre fazem quando se toca nesse assunto. Ou seja, até onde vai durar o seu sofrimento? Eu respondo: enquanto você não estiver preparado para receber a situação boa. Se você estiver pronto para receber a situação que considera boa, ou seja, aprender a libertar-se do gozo do prazer quando houver coincidência entre o que quer e o que estiver acontecendo, o mal acaba. Mas, se não estiver preparado, ou seja, se ainda espera que o mundo satisfaça seus desejos (egoísmo, individualismo), o mal não poderá acabar, senão você não saberá lidar com o bem que está recebendo de Deus e começará de novo outro processo de sofrimento.

Participante: O que o senhor está dizendo tem muito a ver com o próximo versículo, não? (‘tudo tem origem e fim e, em verdade, são aparências transitórias’).

Tem, mas, quando nós abordarmos o próximo versículo falaremos de novos aspectos da vida carnal e não da realização dos desejos. Mas, podemos aproveitar agora e usarmos o texto final dele (suporta isso com equanimidade) e continuarmos falando da felicidade incondicional.

A felicidade que citei anteriormente (universal, incondicional) não se traduz em uma euforia ou numa risada de piada. Ela se caracteriza pelo estado de espírito de paz, de tranqüilidade. No entanto, a paz e a tranqüilidade que me refiro não são aquelas que os seres humanizados conhecem, pois estes estados de espíritos, na concepção humana, ainda estão ligados a realizações por parte deles. Ou seja, quando ocorre o que o ser humanizado quer, ele alcança a paz e a tranqüilidade.

A felicidade incondicional nasce da equanimidade, ou seja, da não alteração de ânimos. Para que isso aconteça é preciso que a paz e a tranqüilidade não sejam condicionadas a nenhuma realização.

Sendo assim, posso afirmar que a felicidade incondicional pode ser entendida por vocês como uma apatia. Quando o que está acontecendo não lhe afeta o ânimo, ou seja, quando tanto faz, como tanto fez, você não perde a sua paz e a sua tranqüilidade, ocorreu, então há felicidade incondicional.

A felicidade que falo que é a resultante do trabalho espiritual é essa: tanto faz como tanto fez o que está acontecendo o seu estado de espírito de paz e tranqüilidade não é abalado. Ou seja, se você vai onde gostaria de ir ou se não acontece o que quer e, por causa disso, não perde a sua paz e tranqüilidade, seja com a euforia ou com a dor, encontrou a felicidade espiritual. Agora, quando exultar com o que vivenciou (‘eu queria e fui’ ou ‘eu não queria ir e não fui’) não terá havido uma felicidade, mas um prazer, uma satisfação de ter tido um desejo individualista (vontade) atendido.

Esta felicidade não é universal porque o individualismo atendido caracteriza um egoísmo, um amar a si acima de todos. A felicidade surgida da apatia com os acontecimentos do mundo é universal, pois ela se traduz num estado de espírito destituído de individualismo, pois existe a harmonia com o todo, ou seja, com o que está acontecendo e há a paz (não acusação).

Esta felicidade também é conhecida por diversos nomes. Cristo a chamou de bem-aventurança, os apóstolos a chamaram de estado de graça e, mais recentemente, ela foi definida como estado zen. Ou seja, quando você vivencia qualquer acontecimento do mundo, independente do seu querer individual, como se estivesse relaxado, ouvindo uma música em um ambiente defumado… Isso é felicidade; o resto é prazer ou dor.

Mas para se alcançar este estado é preciso ter a confiança e a certeza de que o mal vai acabar. O mal não, a situação que você está passando e que o ego está interpretando como má, porque fere as paixões e os desejos gerados por ele. Quando esta confiança e certeza acontecem, você se torna apto a receber o benéfico de Deus. No entanto, esta recompensa esperada não mais será traduzida na esperança de ter um desejo atendido, mas sim na própria felicidade. Quem coloca a felicidade em tudo que ganha de Deus, se torna apto a receber mais felicidade do Pai. 

Mas, o que irá lhe habilitar a receber mais felicidade?

Participante: Aceitar tudo que acontece?

Não. Você pode aceitar, mas estar em sofrimento. Ou como vocês chamam: resignadamente. O que poderá lhe tornar apto a viver em felicidade incondicional?

Participante: Paciência, esperança…

É preciso realmente ter paciência, esperança, mas sem fé nenhum desses atributos pode ser alcançado.

Agir com fé: só isso pode lhe tornar apto a ser feliz de verdade e, assim, conseguir a elevação espiritual. Ou, como Cristo ensinou:

“Por acaso algum de vocês, que é pai, será capaz de dar uma pedra ao filho que pedir pão? Ou lhe dará uma cobra quando ele pedir peixe? Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai que está no céu dará coisas boas aos que pedirem (Mateus, 7, 9-11).

É, estou passando por este momento, mas Deus é meu Pai. Ele me ama tanto que e tem tanta atenção comigo que me trata como filho único. Se eu estou passando por essa situação agora é porque ele sabe que preciso disso para me tornar apto para outras coisas. Louvado seja o seu nome’.

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