Participante: você deu o exemplo da agonia que a mãe morrer, mas esta questão de ser inteligente vale também para o pensamento. Você acaba se envolvendo com a história que a mente cria, não?
Você sabe distinguir pensamento de emoção? Até onde existe um pensamento e onde começa uma emoção? Não, não é mesmo? Sabe porque não consegue distinguir isso? Porque pensamento é emoção e moção é pensamento.
Me diga uma coisa: você é capaz de sentir tristeza, revolta, desilusão? Não. Você fica desiludido com alguém por causa de alguma coisa. Você não sente apenas desilusão; tem uma história que gera o sentir-se desiludido. Por isso posso dizer que isso não é uma emoção, mas um pensamento que cria desilusão.
É um pensamento porque é um raciocínio. Sei que vocês chamam de emoção, mas não é: é uma razão.
Então, o que estou dizendo vale para o pensamento também. Não para o racional, ou seja, aquele onde você cria motivos para discutir com a razão, mas sim para se perguntar: pensar isso me interessa? Ter essa ideia é interessante para mim? Irá contribuir de alguma forma com a minha paz e harmonia?
Vou dar um exemplo. Você está aqui nessa cidade, que fica a milhares de quilômetros da sua, agora. Digamos que de repente toque o seu celular e receba a notícia de que alguém da sua família está passando mal. Me diga: resolve você ter pensamentos que contenham uma preocupação com quem está passando mal? Se não resolve, afaste esse pensamento. Diga a si mesmo que ele não lhe interessa e continue concentrado em me ouvir ou em ir para casa.
Mas, digamos que toque o telefone e a situação descrita lhe apavore. Você, então, toma a decisão de ir embora. Teria alguma valia você ir nesse caminho querendo saber o que está acontecendo aqui? Resolve alguma coisa para a sua vida pensar no que deixou ou em como encontrará a situação quando chegar lá? Não. Então, afaste esse pensamento da sua mente naquele momento. Concentre-se apenas em fazer a sua viagem.
Participante: é estar no presente?
Isso.
Então, tudo o que estamos dizendo vale para pensamento e emoção, pois emoção é um pensamento.
Participante: quando a emoção é pensamento?
Ao nível do que podem entender, todos os pensamentos são emoções e todas as emoções são pensamentos.
Vocês não têm uma emoção: possuem apenas pensamentos emotivos. Pensamentos que geram a ideia de estar sentindo alguma coisa.
Participante: mas, a emoção não é o efeito de um pensamento?
Essa é a ideia que vocês têm, mas ela não é real. Isso porque a emoção para existir após o pensamento teria que existir sem motivação.
Foi o que já disse: vocês não conseguem viver uma contrariedade, um sofrimento. Vocês não vivem uma contrariedade; possuem a ideia de estarem sentindo-se contrariados porque existe uma razão que lhe leva a viver isso. Se o que você sente é a respeito de alguém e por algum motivo, isso é uma razão e não uma emoção.
No momento em que estão sendo levados pela razão, vocês acham que estão vivendo uma determinada emoção, mas isso é irreal. Na verdade estão apenas presos a pensamentos que criam a ideia de que estão vivendo a contrariedade. Por estarem presos a eles, por crerem no que ele diz, vivem a ideia de estarem contrariados.
Isso é muito complicado para vocês que ainda acham que amam alguma coisa. Ninguém ama nada: possuem um pensamento que lhes diz que estão amando aquilo.
Participante: tem até gente que tem úlcera, gastrite, por causa de emoções.
Sim, pois vão se entregando ao pensamento e ele vai aumentando a intensidade. Quando estão tão entregues a eles entram no processo obsessivo onde vivem apenas a ideia formada pela mente. Neste momento, por conta da energia que toma conta desse ser, se dá o desarranjo no corpo físico, como já conversamos.
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