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“658. Agrada a Deus a prece? A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, pois, para ele, a intenção é tudo. Assim, preferível lhe é a prece do intimo à prece lida, por muito bela que seja, se for lida mais com os lábios do que com o coração. Agrada-lhe a prece, quando dita com fé, com fervor e sinceridade. Mas, não creiais que o toque a do homem fútil, orgulhoso e egoísta, a menos que signifique, de sua parte, um ato de sincero arrependimento e de verdadeira humildade”.
O que seria um egoísmo durante uma oração? É orar pedindo apenas coisas para si mesmo…
Com esta informação completamos o que falamos anteriormente sobre a prece. Ela não se caracteriza pelas palavras que são declamadas, já que o ato externo nada vale como instrumento da adoração, mas sim sentimentos que cada um possui dentro de si mesmo. Segundo: ela precisa da fé, da entrega com confiança aos desígnios do Pai.
Para aquele que busca a elevação espiritual de nada adianta decorar orações lindíssimas se do seu coração não sair um amor incondicional, um amor que existe independente do que acontece. Quem vive com este amor não precisa de nada, pois já tem tudo o que precisa: tem Deus consigo. Por isso, não precisa pedir mais nada nem se preocupa com as palavras que são pronunciadas numa oração…
Aí está a verdadeira oração. Ela existe em todos os momentos onde o ser humanizado se relaciona com Deus extremosamente através de um amor incondicional. Pouco importa que palavras estejam sendo ditas, se o seu português é correto ou não, se está ajoelhado ou não, se está de mãos postas ou não: no momento onde há uma relação incondicional com o Pai houve uma verdadeira adoração e com isso o ser aproxima-se de Deus.
Aliás, se analisarmos friamente a oração que o próprio Cristo ensinou encontraremos nela uma declaração expressa de amor incondicional ao Senhor que o Espírito da Verdade diz ser necessário nesta questão:
Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade assim na Terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tenha ofendido e não nos deixei cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Estas são palavras de amor, de adoração verdadeira. Palavras de fé, que demonstram uma entrega absoluta com confiança plena no Pai. Palavras que nada exigem, que pedem, mas que oferecem algo por conta deste amor. Por isso Cristo diz: orem assim…
Ele recomenda esta oração porque nestas palavras estão espelhados os elementos necessários para a verdadeira adoração: o amor, a entrega e à confiança ao Pai.
“659. Qual o caráter geral da prece? A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é pôr-se em comunicação com ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir, agradecer”.
O Espírito da Verdade afirma claramente que a prece é um ato de adoração, ou seja, fala que ela precisa ser realizada em comunhão amorosa com o Pai e com uma entrega incondicional ao Senhor. Se a sua prece não é realizada com estes critérios, mas se fundamenta em pedir, para você mesmo ou para outros, de nada adianta orar. Esta oração não terá serventia nenhuma para aquele que busca a elevação espiritual, pois o que caracteriza esta condição espiritual é a intensidade da relação amorosa que se mantém com o Pai. Se a sua oração acontece como pagamento de uma promessa, de nada adianta, pois ela não foi fundamentada no amor, mas na satisfação individual.
Prece não é obrigação, não tem hora para acontecer e nem palavras a serem ditas. A cada momento de sua existência o ser humanizado deve viver em oração (comunhão amorosa com o Pai) e vigiando para não cair nas tentações que o mundo humano apresenta aos espíritos encarnados.
“660. A prece torna melhor o homem? Sim, porquanto aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. É este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade”.
A prece faz bem para a saúde espiritual do espírito sim, agora à saúde material, não. Àquele que age humanamente, ou seja, que se baseia em suas verdades e que considera importante alcançar seus anseios, a oração de nada adianta.
Por que isso? Porque o ser humano é aquele que é egoísta, que quer para si mesmo, que se ama acima de todas as coisas, inclusive do próprio Deus. Este, como não vivencia uma comunhão amorosa com o Pai fundamentada na incondicionalidade, na verdade não reza: declama palavras esperando ganhar individualmente com isso.
A prece, então, faz muito bem à saúde espiritual do espírito, mas de nada adianta para aquele que está apegado ao sistema humano de vida.