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“Onde houver ódio que eu leve o amor”.
O que é ódio? É o individualismo insatisfeito. Quando o ser humanizado não consegue o que quer, quando não gosta do que é feito, cria, primeiramente, a mágoa e a frustração. Elas se transformarão em raiva que levará ao ódio.
Se o ódio nasce da contrariedade, o amor, aquilo que Francisco pede para ser instrumento, então, é a satisfação com as coisas da vida ou a felicidade sob quaisquer circunstâncias.
Além disto, não podemos nos esquecer que Francisco pede para que se transforme em instrumento consciente da vontade de Deus (“vossa”). A partir destes aspectos analisemos, portanto, o ensinamento.
São Francisco, portanto, pede a Deus que, onde houver seres humanizados que tenham seus individualismos feridos (ódio) que ele leve o amor. Mas não um amor qualquer, mas aquele que reflita a vontade de Deus (amor universal).
Este é o desejo expresso neste verso, esta é forma de viver que Francisco quer para ele: que na sua vivência dos acontecimentos seja instrumento para levar a quem tem o individualismo ferido o amor a Deus que leva o ser humano a viver em estado de graça (felicidade incondicional).
Aí eu pergunto: se alguém quer uma coisa e não consegue, como se levar a esta pessoa a felicidade? Como levar a quem está passando por uma situação de sofrimento a felicidade?
Ensinando-o a compreender a vida a partir da Realidade espiritual, a compreender o universo, ou seja, a compreender o que chamamos de lei do carma.
O individualismo é o querer para si, mas se um espírito ligado a um ser humano não precisa nem merece de um determinado acontecimento, Deus não lhe dará o fruto do seu desejo simplesmente porque ele quer, para satisfazê-lo. O Pai só dará a cada um aquilo que ele merecer.
Portanto, para se receber algo do Pai é preciso que se faça por onde merecer: não basta apenas querer. O que gera o merecimento para o espírito é, no momento onde é contrariado, amar a situação, ou seja, ser feliz incondicionalmente. O amor gera um tipo de carma; o individualismo gera outro.
Desta forma, quando Francisco de Assis diz “Senhor, onde houver ódio que eu leve o amor”, ele está falando: ‘Senhor, onde houver individualismos feridos, que eu leve a compreensão da Vossa ação, que eu leve a estas pessoas a Sua palavra, a Sua presença dentro da máxima do Cristo: Deus dá a cada um segundo as suas obras’.
Isto é levar o amor a quem tem ódio. ‘Você está com raiva do que? O que não gostou? Veja bem, foi Deus quem que colocou isso que você não gostou na sua vida. Foi o Pai que fez isso acontecer como uma nova oportunidade de elevação. Ame a Deus, sinta-se amado pelo Pai que você gerará um carma diferente. Se ficar preso ao individualismo, ao desejo, ao seu querer, Deus terá que lhe colocar novas provas, ou seja, vai ter que ir contra o seu individualismo mais vezes’.
Isto é levar o amor para quem tem ódio. Isso é levar a felicidade incondicional para aquele que está sofrendo por ter a sua individualidade ferida. Não é passar a mão na cabeça e dizer coitadinho de você, que pena, nem brigar, acusando-o por qualquer motivo.
Auxiliar o próximo levando amor para quem ódio é, baseando-se na palavra de Deus, na palavra do Cristo e dos mestres, dizer a ele: ‘você sofrerá enquanto tiver individualismos’. Este é o sentido da oração de Francisco de Assis.
Agora que já conhecemos o que Francisco fala, vamos compreender este ensinamento na vida diária de cada um, na vivência das situações.
Quando você se defrontar com alguém que está com ódio (teve seus desejos contrariados) deve ajudá-lo levando-o a compreender a ação carmática que está vivendo.
Pode dar o prato de comida para quem tem fome, o emprego, o banho, enfim, ajudar de todas as formas materiais, mas é preciso fazê-lo compreender que não pode se revoltar contra a situação que está vivendo. Para isso é preciso levar a palavra de Deus, pois afinal, Cristo ensinou: nem só de pão vive o homem.
Levar a palavra de Deus é ensiná-lo que não é vítima de ninguém, nem de nada. Ele é um espírito vivenciando o seu carma e precisa amar a situação carmática que está vivendo hoje.
Sem amar esta situação jamais gerará um carma diferente, pois aquela situação foi criada por causa de um individualismo que o levou a se contrariar em um momento anterior da sua existência.
Esta forma de proceder é ser um São Francisco, é agir como ele. Não é só passar a mão na cabeça de quem está sofrendo dizendo coitadinho de você ou simplesmente dar o prato de comida e virar as costas. É preciso, para se auxiliar o próximo, dar a vara e ensiná-lo a pescar e não apenas ficar alimentando-o com o peixe, que é um alimento fugaz e não nutre a alma.
É amar e ensinar aos demais a amar incondicionalmente. Amar a vida do jeito que ela está e ensiná-los esta forma de viver, ao invés de colocá-los no pântano do ódio, ensinando-os a acusar qualquer pessoa de ser o “causador” daquela situação. Isto é fomentar o ódio ao invés de levar o amor.
Amar é não só dar a caridade física, mas ensinar o próximo a amar, ou seja, ensinar ao próximo que aquilo pelo qual criou uma revolta é o amor de Deus em ação, pois é uma nova oportunidade para que ele possa evoluir.
E com o ilusório opressor que faz os outros sofrerem, como agir? Amá-lo e não criticá-lo.
Ele já está cheio de sentimentos diferentes do amor que são os frutos dos seus individualismos. Se você penetrar nesse padrão vibracional apenas fomentará o próprio individualismo dele.
Amá-lo e ensiná-lo a não ter prazer na ação carmática da qual participou, ou seja, não se sentir feliz por ter conseguido vantagens desta forma. Isto é importante porque este foi um momento de aparente vitória material, mas se ele tirar proveito da ação de Deus (ter satisfação, prazer) estará gerando um carma onde o seu individualismo que agora foi satisfeito será, pela impermanência das coisas, pelas vicissitudes da vida, destruído.
Isto é ser um São Francisco: ensinar os dois a amar dentro dos seus papéis da vida e não querer alterar esses papéis.
Havendo um que tenha necessidade de passar pela fome, há necessidade de que alguém seja o instrumento da fome: estes são os papéis que cada um desempenha ao longo da vida.
Compreendendo esta Verdade universal, aquele que neste momento for instrumento da fome sem prazer, mesmo que tenha aparentemente prejudicado alguém, atingirá o amor universal. Por isso o Krishna ensina que o sábio está livre do mérito ou demérito nas ações.
Participante: gostaria de saber se São Francisco de Assis já reencarnou?
Sim, o espírito que vivenciou a vida Francisco de Assis já reencarnou outras vezes depois daquela encarnação que conhecemos. Não se encontra agora encarnado, mas já reencarnou.