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Quando surge a raiva em relação a uma pessoa, ele deve desenvolver a compaixão para com aquela pessoa. Dessa forma, a raiva por aquela pessoa deve ser subjugada.
Os textos deste estudo foram desenvolvidos com a visão do EEU a partir do sutta de Buda Anguttara Nikaya V.161 – Aghatapativinaya Sutta
Compaixão é algo muito diferente daquilo que nós humanos imaginamos que deva ser. Acreditamos que ter compaixão por uma pessoa é sofrer a tristeza que ela está sentindo. Isso não é realidade.
Quem sofre não consegue transmitir o que o outro mais precisa no momento de sofrimento: alegria! Quem está sofrendo precisa ser animado, fortalecido, para poder sair do estado de espírito que se encontra. Como animar alguém se o animador também está desanimado?
Costumamos dizer que sofrer é como alimentar-se de um alimento que não gostamos. Jiló, por exemplo. Quem está sofrendo está ingerindo uma porção de jiló e precisa de alguém que coloque em seu prato algo que o ajude a deglutir aquele alimento. Ao invés disso, quando vivemos o momento com a compaixão como entendida pelos seres humanizados, colocamos mais jiló em seu prato, ou seja aumentamos o sofrimento daquele que já está sofrendo.
Ter compaixão pode ser definido como ter a consciência do sofrimento que se pode causar a si ou ao outro. Quem sente verdadeiramente compaixão pelo próximo, ao invés de sofrer junto com ele, busca animá-lo com felicidade e alegria para não aumentar o seu sofrer. É esta compaixão que Buda ensina.
Quem sente contrariedade com a palavra ou ação do outro e tenta corrigi-lo aumenta o sofrer do próximo. Mesmo que a contrariedade não gere a briga ou discussão, apenas a tentativa de corrigi-lo já traz embutida em si uma acusação, uma crítica. Esta por si só já traz sofrimento a quem está sendo criticado.
Portanto, para vencer a contrariedade que acaba levando à raiva, tenha compaixão do outro: pense no sofrimento que irá causar ao próximo com sua crítica. Para isso, lembre-se: ele tem o direito de ter o seu certo e verdadeiro.
Mesmo que você saiba que o padrão de certo ou errado leve aquele ser humanizado mais tarde a sofrer, não o faça sofrer agora. Evite discordar do próximo para não fazê-lo sofrer…
Um dos instrumentos ensinados pelo Espiritualismo Ecumênico Universal para isso é a doação da razão. Sempre que discordamos de alguma coisa que alguém acredita buscamos debater o assunto para poder, ao fim, ficar com a razão. Mas, será que isso é importante?
Ter a razão significa vencer a discussão. Quem dá a última palavra acha sempre que conseguiu dobrar o próximo e impôs aquilo que acreditava. Mas, para que você quer vencer? Para poder gabar-se de estar certo? Qual o preço que paga por isso? Será que vale a pena expor-se a arquivar contrariedades que futuramente lhe levarão à raiva ou ao ódio? Quem vai sofrer no final das contas? Você mesmo…
Portanto, por compaixão, ou seja, por consciência do sofrimento que pode causar àquela pessoa agora e a você no futuro, doe a razão.