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Participante: disso que o senhor falou, as vezes me vem à reflexão de que quanto mais eu conseguir ser flexível com aquilo que penso mais armas terei para lutar contra o sofrimento, não é? Hoje eu posso me dar o direito de acreditar em uma coisa, amanhã acreditar em outra … Isso não importa, não é mesmo?
Não é se trata de lhe dar esse direito; você já o tem.
Não é você que está se dando esse direito agora. Você sempre teve o direito de acreditar no que quiser. Por isso lhe dou um conselho: dentro de tudo o que pode acreditar, procure crer naquilo que for melhor para você.
Participante: não importa, porque a gente não vai saber o que é verdade mesmo.
Perfeito. Mas, aí é que surge um grande problema para os buscadores.
A grande maioria ainda acredita que há uma verdade a ser alcançada, só que não há verdade para ser alcançada. Deixe-me lhe fazer uma pergunta. Você falou algo interessante: ser como o bambu. Se desse um vento muito forte num bambuzal, o que cairia primeiro: a árvore grossa ou o bambu fininho?
Participante: a árvore.
Exato. O bambu só enverga e volta; a árvore cai e não volta mais.
Saiba de uma coisa; quanto mais enraizado você estiver num solo, ou seja, quanto mais certo das suas verdades estiver, menos flexível será. Nesse caso, quando viver uma tempestade estará pronto para cair. Por isso digo: sejam flexíveis.
Ser flexível é isso: não ter um caminho, não ter uma obrigação, não ter uma verdade absoluta. Quem busca a felicidade sendo um bambu tem um monte de elementos que pode usar na hora que usar, na hora que lembrar de usar, e não uma série de verdades das quais não abre mão. Ele é assim porque não quer ser sábio, mas sim conseguir a paz.
Isso é o processo de elevação espiritual. O resto? É conversa para boi dormir.
Perguntas? Ninguém tem perguntas? Então ontem foi muito bom, não é mesmo? Todo mundo entendeu tudo.
Participante: está todo mundo com sono, Joaquim.
Ah, então é isso. Mete café em todo mundo.
Participante: e aí? Isso é uma verdade, Joaquim: café desperta?
Não sei, dizem que sim. Desperta quem acredita que ele desperta.
Há muitas pessoas gente que não tomam café à noite com medo de que ingerir essa bebida vá interferir no seu sono. Para esses que tratam essa informação como uma verdade ela vira um argumento para criticar os outros: “você vai tomar à essa hora”? Se alguém lhe questionar desse jeito, responda: “vou, e daí? Se afetar o meu sono quem não vai dormir sou eu. O que você tem a ver com a minha vida”?
Participante: que falta de educação, Joaquim
Pior foi a do outro que se imaginou no direito de regular a minha vida.
Não estou dizendo para você ter raiva do outro, mas para deixar bem claro que você é uma pessoa que possui suas próprias verdades e que devem ser respeitadas. Isso não é agredir ninguém, mas proteger a si mesmo.
Argumentos como esse, que aparentemente não têm nada a ver com elevação espiritual, nenhum mestre lhe ensina, lhe diz para usar, mas facilitam o amor entre todos. Mesmo que não queira falar para ele, diga a si mesmo se alguém encher o seu saco cobrando que está tomando café à noite: “ele não tem nada a ver com a minha vida, tomo café na hora que eu quiser”.
Pronto, acabou. Usando esse argumento você acaba, com a sua contrariedade, toma seu café e deixa o outro se desgastando emocionalmente com o questionamento. Ele, por causa das verdades científicas dele, vai continuar sofrendo e você, com a sua simplicidade de simplesmente dizer ‘que se dane’, vai continuar na sua paz.
Participante: é o mesmo de não levar nada para o pessoal?
É o mesmo que não levar nada para o pessoal.
Então, vamos começar a conversa de hoje, né? Como é um assunto que está pulsante, acho que vocês vão despertar…

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