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Toda vez que alguém pratica um ato que não gostamos, imaginamos que esta pessoa fez nascer em nós o sentimento da mágoa, do ferimento ou da raiva. Muitas vezes dizemos que estávamos com um bom astral e que determinada pessoa, ao praticar um ato, nos colocou para baixo. Entretanto, esta forma de ver o mundo é destruída pela própria observação dos acontecimentos diários.
Se o tal ato for praticado na frente de duas pessoas, uma pode começar a nutrir este sentimento, enquanto outra poderá encarar a situação numa boa. Caso a origem do sentimento estivesse em quem praticou o ato, todas as pessoas que tivessem contato com ele deveriam reagir com o mesmo sentimento. Como isto não ocorre, temos, então, que procurar a origem do sentimento em outro lugar.
O Buda Gautama nos ensinou que todos os sentimentos existem dentro de nós mesmos como sementes: possuímos o amor, mas também temos mágoa, raiva, inveja, ódio etc. Todos eles estão dentro de nós como sementes adormecidas no solo e quando algum acontecimento se sucede, nós regamos determinada semente, fazendo-a germinar. Nesta metáfora, o ensinamento fica claro: somos nós que escolhemos o sentimento que queremos para reagir aos acontecimentos da vida.
Por este motivo uma pessoa reage com raiva a um determinado acontecimento, enquanto outra escolhe outros sentimentos para reagir ao mesmo fato. São as diferentes formas de ver os acontecimentos, ou seja, a personalização do acontecido.
Este ensinamento já nos mostra que a reforma dos nossos sentimentos não depende da mudança dos hábitos e atitudes no planeta, mas tem que nascer de dentro para fora. É preciso que alteremos nossa forma de ver as coisas para que possamos alterar o mundo. Porém, ainda continuamos com inimigos, ou seja, aqueles que fazem as coisas erradas.
O Espiritualismo Ecumênico Universal vem trazer outra verdade para se juntar a esta: Deus é a Causa Primária de todas as coisas, agindo sempre com a Justiça Perfeita e o Amor Sublime.
Escolhemos determinado sentimento negativo porque aquilo ofende o nosso certo e errado, ou seja, nossos conceitos, nossas leis ou verdades individuais. O sentimento de raiva surge quando alguém pratica um ato que contraria esta nossa verdade estabelecida. Porém, aquela pessoa praticou determinado ato a mando de Deus e, portanto, este tem de ser perfeito. É a nossa visão que acusa de errado, injusto ou mal.
Vendo acima da materialidade (ato) e buscando a essência espiritual do acontecimento (ação de Deus) podemos, pela fé no Pai, renovar os sentimentos que utilizamos para encarar tal ato. Até que isto aconteça, no entanto, iremos reagir a ele com negatividade.
Esta negatividade fere aquele que pratica o ato. Por este motivo, Deus envia como seu emissário para praticar este ato aquele que mereça ou precise também desta negatividade como ensinamento, pois Ele já sabe, por conhecer nossas tendências, que temos grandes chances de reagir desta maneira.
Assim, a pessoa que praticou o ato também receberá o que precisa ou merece. Cumpre-se, portanto, o afirmado por Jesus: vocês são o sal para a humanidade. É através dos relacionamentos que praticaremos os atos dirigidos por Deus para que coloquemos o tempero (ensinamento) um na vida do outro.
A pessoa que pratica o ato é comandada por Deus para fazê-lo frente a quem tem verdades que serão feridas, mas esta pessoa necessita ser escolhida entre aquelas que precisam e merecem receber o sentimento negativo, se ele vier. Portanto, ninguém pratica por vontade própria nada que possa ferir outros: é Deus quem comanda os seus atos.
Com base nestes ensinamentos podemos, então, entender que nossa raiva é dirigida por Deus para quem precisa dela como ensinamento. Portanto, não sentimos raiva de uma pessoa, mas Deus sabe que temos a tendência de utilizar raiva e coloca a pessoa que merece recebê-la como alvo desta emissão de sentimentos.
Quando afirmamos que temos raiva de uma determinada pessoa, estamos faltando com a verdade. Na realidade estamos escolhendo raiva e Deus, que já sabe disso, canaliza, através do pensamento material, este sentimento contra quem precisa ou merece recebê-la. O objeto dos nossos sentimentos seja ele positivo ou negativo, sempre será escolhido por Deus de acordo com o merecimento de quem vai receber.
Agora podemos promover nossa reforma, pois não há inimigo para ser atacado ou acusado. A pessoa que nos causa ferimentos, na verdade não o está fazendo, mas foi escolhida por Deus para agir daquela forma dentro do merecimento de cada um. Se não precisamos mudar ninguém para aplacar a nossa raiva, basta mudarmos a nós mesmos, ou seja, escolhermos outro sentimento para reagir ao acontecimento.
A tarefa agora fica muito mais fácil. Antes tínhamos que mudar o procedimento de todos os habitantes do planeta para que não reagíssemos com determinado sentimento. Agora é necessário mudar apenas uma pessoa: nós mesmos.

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