Áudio

Uma pessoa pede para que fale como é possível viver nesse mundo que é cheio de adversidades. A resposta é muito simples: não vendo adversidades nas coisas que acontecem. Vou explicar isso.

Nós já sabemos que nada é certo ou errado, bonito ou feio, limpo ou sujo. Já sabemos que esses são valores aplicados pela mente à acontecimentos dessa vida. É ela que diz se alfo foi bom ou adverso. É ela que determina se você ganhou ou perdeu naquele momento.

Portanto, quando entendo essas verdades, passo a entender, também, que basta não viver adversidades em alguns momentos da vida, ou seja, não aceitar que a mente rotule determinados acontecimentos como adversos. Libertando-se desse valor que a mente dá a algumas coisas não terá mais adversidades na vida. Mas, quero ir hoje um pouco além dentro desse trabalho.

Quando ouço falar na presença das adversidades na vida, como me fala agora nessa pergunta uma pessoa, vejo alguém que esquece dos momentos bons da vida. Sim, quem se preocupa com as adversidades é aquele que não valoriza os momentos bons da sua existência. Está sempre concentrado nos momentos ditos negativos.

A vida é feita de altos e baixos, de vicissitudes. Por isso jamais alguém conseguirá ter uma existência que seja retilínea em ganhar, receber, em ter momentos onde o prazer esteja presente. É preciso que haja também a adversidade.

Aquele que busca a sua felicidade, como não trabalha com quimeras, sonhos infantis, no caso a ideia de que o prazer não acabará, sabe que a adversidade vem e se prepara para esse momento. Mesmo quando ainda está gozando coisas que são agradáveis, sabe: ‘tenho que me preparar, porque não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe’.

Vivendo assim, quando a vida muda e a adversidade chega ele pode agir junto a geração da ideia de adversidade feita pela mente para não sofrer naquele momento. Aí, então, viverá a sua adversidade sem achar que precisa sofrer por causa disso.

Como se faz isso? Um dos bons caminhos é valorizar o ganhar. Valorizar o que passou, ‘aquele dia foi muito bom’, mas viver a realidade: ‘aquele dia acabou, hoje não tenho mais o que quero. Só que como sei que a vida é feita de vicissitudes amanhã vou voltar a ter. Por isso vou ficar quietinho no meu canto esperando a volta do momento bom’. Com isso essa pessoa estará passando o momento considerado como adversidades sem ser ferido.

Conseguir superar o sofrimento na adversidade é o grande problema hoje para os encarnados. Mas, pode não ser. Como? Ajudando aqueles que ainda se entregam ao sofrimento nesses momentos.  

‘Você ainda não entendeu? A vida sempre vai ter momentos felizes e outros de felicidade. Por isso, prepare-se para quando essa inversão acontecer. Para isso tenha a certeza de que coisas que você não quer ou gosta não pode deixar de acontecer. É inexorável que coisas não desejadas aconteçam. Por isso, viva buscando elementos, convicções no seu íntimo – por exemplo o esperar o momento futuro, saber que se está perdendo alguém está ganhando (essas armas não serão eu que darei, mas cada um tem que criar as suas) – para que no futuro quando as adversidades chegarem, possa não sofrer’.

Creio já ter respondido à questão, mas há mais um detalhe que quero abordar. Ele é muito importante não só para essa questão, mas para todas que ainda responderemos.

Preste atenção na pergunta que me foi feita: porque existem adversidades? Vocês precisam entender que existe uma série de coisas que podem nos levar ao sofrimento. São questões como porque, para que, como, quando, onde, que a mente faz. São perguntas feitas pela mente que não possuem respostas.

Será que há como dizer porque as adversidades acontecem? São tantos momentos adversos durante a vida que são causados por tantas coisas diferentes de origens múltiplas que não há como se ter uma resposta específica e real para essa questão.

Sei que estou falando dessa pergunta específica, mas essa forma de agir da mente é universal. Ela muitas vezes gera questões sem a menor expectativa de encontrar uma resposta e você se prende a ter que obter uma resposta e acaba sofrendo quando não encontra. Olhe para o seu dia a dia e veja quantas vezes questiona a vida com porquês, como, quando, onde, etc.: ‘porque está chovendo? Quando vai parar’?

Isso é algo que vocês precisam se conscientizar. Essas perguntas vãs que a mente levanta não levam a lugar algum. Ficando preso a ideia que é necessário ter uma resposta não combate a adversidade. Por isso sofre quando o adverso acontece e por não ter resposta a essas perguntas.

Esse conjunto de perguntas na verdade são elementos usados pela mente para manter a falácia de que pode comandar a vida, que pode mudar a adversidade quando acontece. A razão fica buscando querer saber alguma coisa, mesmo quando sabe que não há resposta possível de ser sabida. Faz a partir de uma suposta ideia de que conhecendo a resposta, ela, mente, é capaz de mudar o acontecimento e com isso transformar a adversidade em vitória. Desculpe, mas não existe essa possibilidade.

A vida humana é como um cavalo selvagem. Ela não se deixa dominar por ninguém, não se deixa ser domada. Ninguém conseguirá jamais domar a vida de tal forma que consiga eliminar todas as causas do sofrimento, as adversidades. Sempre haverá algo que nossa razão diz não gostar, que afirma que perderemos alguma coisa. Sempre haverá uma ocasião onde o sofrimento, a adversidade, se apresentará.

Por isso, aquele que busca a sua felicidade, quando a mente começa a perguntar porque, como, para que, diz: ‘para eu não vou entrar nessa. Não vou me levar por essa questão. Não vou viver a expectativa de conseguir a resposta que pode mudar a vida’.

Saiba de uma coisa: entregar-se a busca de respostas para as coisas do mundo leva inevitavelmente ao sofrimento. Isso porque, como a vida existe em vicissitude, a contrariedade, a adversidade sempre acontecerá. Além disso, aquele que aceita as respostas que a mente cria para essas perguntas ainda corre mais um risco: se desiludir. Isso poderá acontecer porque imaginará que de posse dessa resposta terá a situação sobre controle, mas como a vida não aceita dominações, sempre acontecerá alguma adversidade.

Essa questão da luta contra os porquês da mente é algo que vamos voltar a falar diversas vezes nas nossas conversas, pois a busca do controle da vida está muito presente quando se fala em alcançar a paz e a felicidade. Ela precisa ser superada para que durante o trabalho da felicidade possa acontecer a superação da vida.

Que a paz de Deus esteja com vocês.

Compartilhar