Se o mundo de provas e expiações e o de regeneração está ligado ao egoísmo, o fruto da ação é a sua prova, pois quando o aceita, você utiliza-se do egoísmo. Até então, ou seja, na movimentação física e no comentário que a mente gera, não é um egoísta, porque é a sua mente que está trabalhando e não você.
Como já disse diversas vezes, a mente não é egoísta: ela propõe egoísmo. Você se torna egoísta quando aceita o fruto que ela lhe oferece, o fruto da ação mental.
Participante: complicado, não?
Não, não é. Trata-se apenas de parar de achar que alguém fez alguma coisa e que você sabe qual é o certo a ser feito. Quando fizer isso, não terá culpas nem culpados e assim estará livre de ter que comer o fruto da ação. Agora, enquanto imaginar que alguém faz alguma coisa e que o que é feito pode ser considerado como certo ou errado, inevitavelmente comerá o fruto da ação.
Participante: voltando ao que estava falando sobre a minha participação recente num concurso, devo, então, reconhecer a frustração como fruto de uma ação.
Isso. Deve reconhecer que a frustração é o fruto de uma ação que a mente está lhe oferecendo.
Participante: como trabalhar para não ter esta emoção?
Agindo contra o comentário dentro das lógicas humanas. Vou falar mais disso.
Você foi fazer uma prova. Antes disso com certeza dedicou-se a estudar para se preparar. No dia da prova acordou e chegou no local em tempo para fazer a prova. Tudo isso é ato.
Depois que acabou de fazer, imaginou que tinha se dado muito bem, que tinha conseguido passar. Isso é comentário ao ato.
Agora constata que não passou. Resultado: frustração. Mas, porque tem que se sentir frustrada se fez tudo o que precisava fazer? Porque se sentir frustrada se estudou, buscou se preparar e estar lá a tempo para fazer a prova? Porque se sentir frustrada, se sabe que a sua dedicação não leva obrigatoriamente a vida a acontecer de um jeito, já que sabe que a vida caminha por si mesmo e não dentro de uma lógica humana? Porque se sentir frustrada se acredita em encarnação e por isso sabe que a vida segue uma programação feita antes do nascimento?
Esses são alguns argumentos que pode usar para libertar-se de ter que viver o fruto da ação. São alguns, pois um determinado argumento específico não posso lhe ensinar. É você que precisa busca-los nos ensinamentos dos mestres, dentro de suas crenças ou qualquer coisa que queira, mas sempre usando algo que lhe gere um caminho para que não aceite o fruto da ação. Ou seja, que lhe dê razões para não viver o que é proposto pela mente.
O argumento precisa ser individual, porque tem que ser algo que você acredite. Por isso não posso lhe dar motivo específico para esse ou aquele caso. Nesse caso poderia passar algum argumento que não acredite e assim o trabalho não teria efeito.
Uns trabalham com a ideia de que Deus é a Causa Primária, outros com a ideia de estarem vivendo uma encarnação e que por isso possuem uma história de vida planejada anteriormente. Cada um tem uma ideia que a sua mente comprou mais, acreditou mais e é ela que deve ser usada. O que sabe, o que acredita saber, é a arma que precisa usar junto ao comentário que a mente faz para que se liberte do comer o fruto da ação.
Então, não posso dar uma forma padrão para combater o comentário da mente. Isso é preciso que descubra em si mesmo. O que posso lhe dizer é que o que é realmente necessário é reagir de alguma forma ao fruto da ação, à frustração. Se não fizer isso, sentir-se-á frustrada com certeza.
Só há algo que é comum em todos nesta luta: o fato de não aceitar a frustração como algo que está sendo sentido. Imaginando que a frustração é um sentimento seu, viverá frustrada com certeza. Se não deixar de se identificar com a emoção, não deixará de sofrer nunca, porque se imaginará frustrada. Se não ver que só ficou frustrada porque aceitou a frustração oferecida pela mente, sempre se sentirá frustrada.