Ser ou estar, eis a questão!
Todo aquele que busca o espiritualismo acaba encontrando os mestres ditos orientais (Lao-Tsé, Krishna e Buda) e descobre a grande realidade: ele é um espírito que está humano. A partir desta conscientização seria necessário que cada um buscasse voltar a ser o que é, mas para isso é necessário que deixe de ser o que está. Aí começa o problema.
Quem tem coragem de deixar a paternidade que está vivendo e lhe dá o ilusório poder de dirigir a vida dos outros, para ser apenas um irmão universal do próximo? Quem tem coragem de abandonar a masculinidade ou feminilidade que está para ser o espírito assexuado que é? Quem tem coragem para abandonar a posição de juiz (julgar o certo e o errado, o bem e o mal das coisas do mundo) que está vivenciando para exercer o amor absoluto que faz parte do que é?
Quem, enfim, teria coragem de abrir mão da ilusória capacidade de criar situações da vida, de planejar futuro, de ser o protagonista da vida, para, repousando em Deus, assisti-la apenas, como recomendam os mestres? Poucos.
Muitos sabem que não são o que estão, mas não conseguem deixar de ser o que estão para ser o que são na realidade. Isto porque tem medo de perder a aprovação da humanidade que cobra de cada um uma posição religiosamente correta de defesa da vida humana.
É, é preciso ter coragem para se ser uma metamorfose ambulante do que ter a velha opinião formada sobre tudo.