Participante: algumas vezes me pego julgando o próximo dizendo que estaria sofrendo por um motivo fútil, ou seja, frescura. Mas, no momento reflito melhor e analiso que não estou na pele dele para saber o que passa. Pode clarear essa questão?
Grande pergunta. Vai nos dar a oportunidade de falar mais de um tema: motivo fútil.
Veja, repare que para atribuir futilidade a um motivo é preciso raciocinar. Você tem que pensar, analisar. Não você, né? A razão. Para achar algo fútil é preciso concordar com um pensamento que julga. Sendo assim, o julgar não está em você, mas no pensamento.
Outro detalhe: ninguém julga o sofrimento do outro; julga o motivo pelo qual se sofre. É sobre isso que precisamos conversar.
Saiba de uma coisa: não existe motivo fútil para quem sofre uma contrariedade. Se sofre, se teve uma contrariedade, tenha a certeza de que é importante para ele. É isso que precisam entender.
Não existe motivo fútil assim como não existe motivo certo. Cada dá importância aos seus motivos. Eu dou importância aos meus motivos e os outros aos dele. Quando acho que o dele é fútil não é sinal de que o meu é mais importante, mas porque aquilo não interessa para mim, mas interessa para ele. E daí?
Esse é o primeiro detalhe. Não é só respeitar a dor do outro, é preciso respeitar a opinião do outro.
Todos têm direito de sofrer por esse ou por aquele motivo. Todos têm direito de achar importante qualquer coisa, mesmo que para você não tenha a menor importância. Aí está o primeiro detalhe.
Com relação a sofrer, se criticar, porque acha que o motivo dele é fútil, volto ao que acabei de falar: harmonize-se com você mesmo. Eu achei que o motivo dele era fútil, eu critiquei, e daí, não vou me acusar por isso, não vou dizer que estou errado.
Deixe falar uma coisa que vale para todos em todas as situações. Uma das respostas mais importantes que demos foi com relação ao amor a si, amor próprio. Vocês não fazem a mínima ideia do que é respeitar a si.
O respeito a si é a coisa mais importante que existe. Só o respeito a si pode levar a viver em paz, a se harmonizar com os outros. Por quê? Porque quem respeita a si não aceita a acusação que o ego faz de ter feito isso, aquilo ou aquilo outro.
Quem respeita a si jamais vai se submeter a uma ideia, a um pensamento que acusa de alguma coisa. Não, por respeito a mim, porque acho importante a minha felicidade e por me respeitar, não aceito sofrer.
Não aceitar a auto acusação: esse é o caminho.