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Quais são os riscos que o espírito corre durante a sua encarnação?

O Espírito da Verdade, ao abordar o resultado obtido durante o processo da encarnação, respondeu a Kardec afirmando que os seres universais não retroagem nunca durante uma encarnação. Portanto, este risco não acontece na aventura espiritual.

O espírito ao se desligar do ego estará sempre no mesmo nível de consciência espiritual que tinha antes da encarnação. Este é o primeiro detalhe sobre os riscos da aventura do espírito.

Portanto, o risco que estamos afirmando existir durante a encarnação não é o de retroagir. Qual será ele, então? O de estagnar.

O espírito pode voltar à sua consciência espiritual sem evoluir um milímetro sequer, sem comprovar a si mesmo nenhum dos ensinamentos estudados com seus mestres durante o período em que estava desencarnado. Pode retornar a sua realidade, ao seu eu espiritual, sem conseguir nenhum avanço no conhecimento espiritual que é necessário para se aproximar de Deus.

Este é um risco que o espírito corre durante a aventura. A possibilidade deste acontecimento traz uma grande responsabilidade para o espírito que se propõe a viver a aventura da encarnação: a de perder a oportunidade de elevação.

Perder a oportunidade de elevação é a grande falência da aventura espiritual do ser durante a encarnação. O grande perigo que corre o ser quando encarnado é o da falência dos objetivos da encarnação, ou seja, o não aproveitamento da oportunidade de elevação espiritual.

Quando o ser falha na sua comprovação de aprendizado este fato é trágico para ele. O trágico a que me refiro não está no sentir-se melhor ou pior do que outro, mas porque a ambição espiritual do ser é sempre evoluir-se. É trágico, é frustrante para o espírito deixar de aproveitar uma oportunidade para aproximar-se de Deus assim como é para um ser humano que se prepara para um vestibular estudando dia e noite ver malogradas as suas intenções de evolução.

Não aproveitar a oportunidade da encarnação: este é um grande risco ao qual o ser se expõe. Mas, não fique desde já temeroso com o resultado da sua encarnação, pois o risco de estagnar ao qual o ser se expõe é previamente calculado nos seus mínimos detalhes.

Cada componente da consciência transitória à qual o ser se liga durante a encarnação é milimetricamente avaliada pelo espírito, por seus mestres e por Deus antes da encarnação para que o prejuízo ao ser seja o menor possível se ele falir, se não conseguir aproveitar a sua oportunidade de elevação.

Além da estagnação, há ainda outro risco que está presente na encarnação: a possibilidade do espírito evoluir menos que o esperado por ele.

Quando um ser entra numa encarnação, se programa para alcançar um determinado limite, para evoluir até determinado ponto. Este ponto chamamos de perfeição.

Sei que para vocês humanos perfeição é o ponto onde não há mais erros, mas para o espírito isso não é real. Para nós, a perfeição consiste em atingir os objetivos predeterminados. Sempre que um espírito consegue obter os resultados que previu para um encarnação, para ele, alcançou a perfeição.

Por isso, o não alcançar o limite previsto também é um risco que ele assume ao encarnar, já que isso leva a uma frustração que pode influenciar o espírito no retorno à pátria espiritual. Se o espírito encarna e não alcança o que imaginava possível alcançar, sente que perdeu uma oportunidade, que para ele é importante. Essa é a frustração que o espírito vive quando não consegue alcançar o limite proposto por ele mesmo a si e por isso é também um dos riscos que corre ao encarnar.

Estes são, portanto, os riscos da aventura do ser durante a sua existência: o de não evoluir nada, estagnar, e o risco de evoluir menos do que esperado por ele mesmo. São riscos porque estes acontecimentos geram no ser, depois de libertado do ego, a frustração de não ter aproveitado uma encarnação.

Participante: mas, não é estranha esta coisa de viver eternamente passando por provas? Isto não tem um fim? Compreender isso me assusta…

Você já me conhece e sabe que quando respondo, não estou brigando nem querendo ser sarcástico. Por isso vou lhe responder francamente.

Se o fato de viver eternamente se testando para verificar conhecimentos lhe assusta, acho melhor você dar já um tiro na sua cabeça e acabar com isso, pois a vida carnal também é assim. Desde o momento que você nasce até o que morre carnalmente, existe um processo constante de provações para evolução.

O ser humano não descansa nunca. Mesmo na mais alta idade ele está sempre no processo de evolução, aprendendo novas coisas, promovendo novos conhecimentos, para alcançar a evolução material. O que estou falando é a mesma coisa. Só que na vida humana este processo dura setenta ou oitenta anos, mas na do espírito no universo, eternamente.

Participante: o senhor falou em me matar, mas não faço isso porque sei que de nada adiantaria. O que quero é mudar minha consciência.

Isso: de nada adianta.

O que falei não foi esperando que você praticasse este ato, mas utilizei este exemplo apenas para que compreendesse que este processo não é novidade. Como você mesmo pode constatar, se a vida humana for levada a sério (fundamentada na busca da elevação material) ela também será até o seu término um constante aprendizado e a respectiva provação do que se aprendeu.

Aliás, esta é uma queixa de vocês. O ser humanizado queixa-se constantemente que a vida cobra a busca constante de evolução e que esta competitividade cansa. Mas, este processo é Universal. Só que no Universo você não compete com ninguém, mas consigo mesmo.

A partir disso, compreenda que de nada adianta sair desta vida e ir para a outra, que será a mesma coisa. Mas, também não pense que adianta fugir de lá e vir para cá, pois tudo que é Real é Universal: existe em todos os lugares.

Participante: a imaginação pode nos ajudar nesse processo?

Não, atrapalha.

Imaginar sobre a vida humana reflete a presunção de querer saber alguma coisa sobre a vida, por isso atrapalha. Agora imaginar a Realidade, ou seja, que você não é um ser humano, mas um espírito encarnado, isso é outra coisa. Isso pode lhe ajudar, mas a primeira hipótese atrapalha na grande aventura do espírito.

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