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Hoje teremos a análise do terceiro acontecimento do estudo da vivência espiritualista. Com isso vamos colocar mais um corrimão para que aquele que acredita haver em si algo além da matéria e que vive para este algo mais possa se apoiar na sua caminhada em direção a aproximar-se de Deus que faz enquanto está vivenciando acontecimentos humanos.

Este corrimão será estabelecido a partir da compreensão de como se relacionar com outros seres humanos: relações sociais. Mas, antes, quero fazer uma observação…

Neste trabalho por enquanto estamos conversando de uma forma muito genérica, falando de acontecimentos genéricos e não específicos. Por isso, quando estiver falando agora de relações sociais, estarei falando de relacionamentos com familiares, com amigos, com colegas de escola, com a turma da rua, com inimigos. Estarei abordando os relacionamentos com quaisquer seres humanos. Mais tarde vamos falar dos relacionamentos específicos: familiares, com a parentela, com os inimigos, etc. Agora, no entanto, falaremos bem genericamente sobre o tema.

Para falar sobre os relacionamentos humanos, precisamos entender uma coisa. O que é o mundo que o ser humano vive? O que é a vida de vocês? Eu diria que ela é fundamentada em duas coisas: uma movimentação externa e uma interpretação interna que é dada à movimentação.

A movimentação é externa, mas a interpretação – que na verdade é o que determina o que você está vivendo – é interna. Vou usar um exemplo para explicar isso. Externamente surgiu uma movimentação de uma mão que encontra o seu rosto. Internamente este ato ou movimentação é chamado de agressão. A partir daí o ser humano vivencia uma agressão.

Por conta dessa observação posso, então, dizer que a sua vida é gerada pela sua mente. É ela que ao dar vivências – interpretações de movimentações – que cria os acontecimentos da sua vida. Faz isso quando aplica valores às movimentações externas.

Isso precisa ficar bem clara para que avancemos no assunto de hoje. Não há ninguém ou nada fora de você fazendo o que você acredita estar vivendo. É a sua mente que cria os acontecimentos atribuindo valores à movimentações.

O espiritualista sabe disso. Sabe que é a mente que cria o que é vivenciado. Por isso quando se relaciona com outra pessoa, diferente dos seres humanos que não vivem para este algo mais, não mantém a sua atenção voltada para o mundo exterior, mas para o seu mundo interior. Ao invés de ficar ouvindo as palavras que o outro está falando, ao invés de ficar observando os atos que os outros estão praticando, o espiritualista está sempre de olho no que a sua mente está criando para aquela movimentação.

Porque faz isso? Porque sabe que é esta criação da mente que não contempla os dois mandamentos ensinados por Cristo para que possa se aproximar de Deus. Sabe que as criações mentais são forjadas com intencionalidades e com posses.

Como o objetivo da vida de um espiritualista é aproximar-se de Deus, ao invés de ficar olhando o que o outro está fazendo ou ouvindo o que está dizendo, está sempre atento ao que a sua mente está falando. Ele analisa o que é falado pela sua mente para identificar no pensamento os argumentos que não lhe deixam amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Esse é mais um corrimão que estamos colocando para a caminhada do espiritualista. Ele não vivencia os acontecimentos de uma vida com atenção ao mundo exterior, mas sempre com atenção ao seu mundo interior para identificar a criação mental que o afasta de Deus. Afasta no sentido de que não promove o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Isso é fundamental para o espiritualista e por isso Buda mostrou este caminho quando falou do Nobre Caminho Óctuplo. Ele disse que o espiritualista precisa ter uma atenção plena correta ao seu mundo mental para buscar uma compreensão correta e com isso não vivenciar uma compreensão deturpada pela mente. É a partir disso que começamos a analisar a vivência do espiritualista quando está se relacionando com outros seres humanos.

Quando está conversando com alguém e esta pessoa, por exemplo, fala alguma coisa que ele não gosta, o ser humano reage àquilo; o espiritualista não. Ele reage ao não gostar criado pela mente e não contra a outra pessoa.

Quando um ser humano que não busca a Deus na sua caminhada conversa com uma pessoa que fala algo que tem certeza que está errado, ele sai correndo para corrigir o outro; o espiritualista não: observando o seu trabalho mental, pelo amor ao próximo justifica que o outro tem todo direito de acreditar no que quiser.

Durante a totalidade de nosso trabalho já falamos algo que chamamos de doação da razão. O espiritualista não entra em confronto com outros porque ele não tem necessidade de provar que é melhor, maior, gostosão. Ele está sempre voltado para dentro e por isso, ao invés de dizer que o que o outro falou está errado, por amor ao próximo doa a razão ao próximo. Não estou falando de amor humano, aquele amor bobo, mas o real, o verdadeiro.

Esse, portanto, é outro corrimão que o ser humano espiritualista precisa se apoiar para realmente percorrer um caminho que lhe aproxime de Deus: vivenciar os acontecimentos da vida sempre voltado para si mesmo, sempre atento àquilo que a sua mente está formando, para poder silenciar todos os argumentos que não lhe deixa amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Participante: o senhor já falou diversas vezes que quem dá a compreensão é Deus. Como agora fala em ter uma compreensão correta?

A sua pergunta é fundamentada numa compreensão específica. Vou dar um exemplo: essa cor é preta. Isso é uma compreensão específica. Tê-la, não tem problema… A compreensão que estou falando é diferente.

O problema surge quando a sua mente diz que o outro está errado: ele diz que tal coisa é branca….Quando isso acontece e sua mente diz que a afirmação dele está errada, isso é uma compreensão. É essa compreensão que você precisa combater.

Não estou dizendo que você precisa mudar a compreensão sobre a cor que está vendo, porque isso você não pode fazer já que ela é dada por Deus, mas conversar consigo mesmo e ver que se insistir em provar que está certo você sofrerá. Com isso sairá do caminho que o aproxima de Deus.

Como resultado desta compreensão, você toma, então a decisão de abrir mão da sua razão e deixar que o próximo ache que isso é branco e você continue achando que é preto, sem ter que ensinar a ele que cor é essa.

Essa compreensão, que não é uma compreensão do mesmo tipo que você usou na sua pergunta, porque você não compreende nada, só afirma que você não aceita o que foi dado como compreendido pela mente, mas não altera nenhuma compreensão dada pelo Pai. Essa compreensão é você quem faz…

Participante: você quem?

Você que não é o ser humano que está vivendo agora, mas que também não sabe quem é…

Este é um novo ensinamento e como disse antes, tudo o que eu falar precisa estar embasado em algum ensinamento dos mestres, pois são eles que colocam as placas para a caminhada em direção a Deus. Onde encontrar suporte para o que acabei de dizer? Na pergunta 851 de O Livro dos Espíritos que já citamos…

“… Falo das provas físicas, pois pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o seu livre arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou resistir.”…

O ensinamento do Espírito da Verdade através desta questão é claro: a fatalidade existe por causa do pedido do espírito. Mas, ele fala mais: com relação à moral, você é livre para optar pelo bem ou pelo mal. Neste caso, o bem é Deus e o mal tudo o que lhe afasta Dele.

Portanto, você é livre para optar pela compreensão que lhe afasta de Deus ou não. Optando por Deus, se libertará da compreensão que lhe afasta Dele. Optando pelo mal, ou seja, aceitando que sabe, que conhece a verdade, que precisa ensinar o certo aos outros, seguirá a compreensão que a mente está lhe dando. Com isso alcançará uma vivência que lhe afastará do Pai.

Completando, então, a sua resposta, afirmo que a compreensão que afirmo que o espiritualista precisa ter não se trata de uma nova compreensão sobre o assunto, mas sim de uma opção pelo bem ou mal.

Eu prefiro caminhar em paz e harmonia com aquela pessoa do que ensiná-la que isso é preto. Eu prefiro caminhar em paz e harmonia com aquela pessoa do que ensinar qual o caminho certo a tomar. Eu prefiro continuar em paz e harmonia com aquela pessoa do que desdizer o que ela está afirmando’.

Estas são as compreensões que o espiritualista usa para caminhar no sentido da aproximação de Deus. Isso não muda a compreensão que você tem sobre os matizes das cores ou sobre qualquer outro assunto. Para alcançar isso, no entanto, o espiritualista se apoia no corrimão da doação da razão…

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