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“527. Tomemos outro exemplo, em que não entre a matéria em seu estado natural. Um homem tem que morrer fulminado pelo raio. Refugia-se debaixo de uma árvore. Estala o raio e o mata. Poderá dar-se tenham sido os Espíritos que provocaram a produção do raio e que o dirigiram para o homem? Dá-se o mesmo que anteriormente. O raio caiu sobre aquela árvore em tal momento, porque estava nas leis da Natureza que assim acontecesse. Não foi encaminhado para a árvore, por se achar debaixo dela o homem. A este, sim, foi inspirada a ideia de se abrigar debaixo de uma árvore sobre a qual cairia o raio, porquanto a árvore não deixaria de ser atingida, só por não lhe estar debaixo da fronde o homem”.
A árvore será atingida de qualquer jeito; o raio será encaminhado para a árvore de qualquer jeito. O homem que precisa morrer por aquele raio é encaminhado para a árvore onde cairá raios.
O homem, o ser humanizado, não é o centro do universo. Não é por causa dele que as coisas acontecem e nem é por causa de alguma ação dele que as coisas ocorrem. Quem faz tudo é Deus e não há como se sondar a sua intenção.
Deus faz, através dos espíritos, o raio cair numa árvore; Deus faz, através dos espíritos, o homem que precisa morrer por aquele raio estar debaixo daquela arvore naquele momento. Essa é a realidade.
Deixem-me contar uma história que alguns já ouviram. No céu, no mundo espiritual, tem uma rádio que toca música o tempo inteiro. De vez em quando há uma transmissão especial. Nela é dito assim: ‘atenção senhores espíritos que dirigem seres humanizados, o aviação que vai sair da cidade tal, para a cidade tal, no dia tal às tantas horas vai cair. Ponham dentro quem tem que morrer de acidente de avião’.
É assim que é a vida no planeta. Cada coisa é gerida por Deus independentemente do resto e se aproveita o que já iria acontecer para que outras coisas ocorram. Isso se chama interdependência. Portanto, Deus gera a queda do avião e só depois mandar buscar aqueles que precisam morrer por queda de avião para coloca-los dentro.
Vocês têm mania de dizer que se for o dia do piloto, morrem todos. Isso é ilusão. Se acontecesse, seria injustiça. Para que haja justiça é preciso que seja o dia do piloto, mas também de todos que estão embarcados. Essa é a interdependência das coisas: vai acontecer um acidente, leva-se quem precisa morrer daquele acidente e o coloca dentro do avião.
Desculpa, mas acho que não dá para se dizer que a minha visão está errada. O texto de O Livro dos Espíritos é claríssimo, tanto quanto afirma que Deus é Causa Primária de todas as coisas como quando mostra que ao homem resta apenas participar dos acontecimentos utilizando-se do seu livre arbítrio escolhendo com felicidade e amor ou sofrimento e individualismo.
Participante: acho interessante nesse ponto fazer um paralelo entre o que foi dito com o livre arbítrio.
Esse paralelo seria entender que o ser humanizado tem que passar por todas as coisas que lhe acontecer. Não há como mudar ou deixar de viver alguma coisa. Entender, também que pode passar por todas as coisas com amor ou sem, com dor, tristeza, ou felicidade. Só isso. Esse é o livre arbítrio.