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No início deste ano, fizemos uma opção. Na mensagem do final do ano passado deixei bem claro seguinte: a partir de agora, não falamos mais de Deus, espírito e matéria. Isso porque estes são elementos que não pertencem ao dia a dia, a vida de vocês.
Não pertencem porque tudo que você sabe sobre eles não pode ser comprovado a você mesmo. São apenas ideias, suposições, o mundo das possibilidades, das probabilidades.

Disse mais: a partir de agora só falaremos de vida humana. Falaremos para seres humanos de vida humana.
Quando fiz esta opção, tive que restringir o que ia falar. Não poderia adotar técnicas no nosso trabalho que não fossem conhecidas por vocês. E foi isso que fizemos. No desenrolar deste estudo usamos apenas uma técnica humana, conhecida pelos seres humanos.
Neste estudo não estamos falando de nada do outro mundo ou de nenhuma novidade. Estamos falando de uma técnica aplicada pelos seres humanos. Nada novo, nada inventado, nada filosófico, mas algo muito conhecido de vocês.
Sabe qual o nome desta técnica? O que estamos usando chama-se inteligência emocional.
Inteligência emocional é um campo da psicologia. A ciência da inteligência emocional, quando usada, leva o ser humano a reconhecer suas emoções de momento e lhe ensina a lidar com elas.
Não é exatamente isso que temos feito o tempo todo? O que venho conversando com vocês o tempo inteiro é sempre no sentido de reconhecer a emoção que está sendo vivenciada, ou seja, que a sua mente está criando num momento e ensinando como interagir com ela, de tal forma que ela não lhe leve a viver o sofrimento ou o prazer.
É isso que estamos conversando desde o início deste trabalho: ensinando a vocês técnicas de inteligência emocional.
Sei que muitos estão achando estranho e diferente o que temos conversado, mas não estamos falando nada fora do que a própria humanidade já conhece. Por acharem estranhos, apesar de conhecida, dizem que a técnica que estamos usando é muito difícil de compreender. Mas, esta dificuldade só está na cabeça de vocês. E ela ocorre porque ainda estão ligados em coisas que não compreendem, ainda querem se valer de elementos que não pertencem à sua realidade.
Por exemplo. Em Brasília me disseram que falei, neste trabalho, que o espírito observa a mente. Eu nunca disse isso… As pessoas justificaram: ‘Mas, o senhor não fala num observador que não sabemos quem é?’
Reparem na confusão: mesmo eu tendo dito que não falava mais de espírito, só porque parti a mente em duas (observador e observado), vocês definiram o observador como o espírito e o outro elemento como o ego. Mas, eu nunca falei isso neste trabalho… Sempre disse que existe o observador e o observado, e completei: ‘Quem é o observador? Não é possível saber’… Foi exatamente assim que falei…
Sendo assim, mesmo que vocês imaginem que estou falando de outras coisas, nunca fiz isso. Falei de ser humano, de vida humana e para isso precisei usar uma técnica humana que é a inteligência emocional.
Vamos então, entender a questão da inteligência emocional…
Alguém se lembra qual a resposta que dava quando, ao longo de todo nosso trabalho, me perguntavam qual a diferença entre sentimento e sensação? Sempre que me fizeram esta pergunta eu disse: a sensação é o sentimento raciocinado. Para justificar isso dizia: você sabe que tem raiva como, por que, quando… Ou seja, há na emoção razões racionais para a existência dela.
Só que se a emoção é um sentimento raciocinado, como é que você reconhece a que está vivendo? Por um pensamento… É o pensamento que lhe diz que você está com raiva ou magoado com alguém ou, ainda, que está apreensivo com tal coisa.
Sendo assim, para vocês, não existe sentimento de forma alguma: só há pensamentos. Vocês não estão magoados, têm um pensamento que diz que estão; não estão feridos, há um pensamento que diz que estão.
Esse é o primeiro princípio da inteligência emocional: descobrir, reconhecer, o pensamento que lhe cria a emoção, ao invés de acreditar que está sentindo tal coisa. Você não está sentindo nada: quem está lhe dizendo o que está sentindo é a mente, o pensamento. O pensamento é raivoso, não é você que tem raiva; o pensamento é frustrante, é magoado e não você que está se sentindo assim.
Isso é um ponto interessante porque tem muita gente querendo mudar da raiva para felicidade. Isso não existe: você tem que ser feliz tendo raiva.
Aí me perguntam: mas como posso ser feliz tendo raiva? Sabendo que a raiva é só um pensamento. É algo da mente e não o que você está sentindo. Sabendo que a dor e o sofrimento é apenas um pensamento e não o que você está sentindo.
Ser feliz não é deixar de ter o pensamento que lhe diz o que você está sentindo, mas saber lidar com ele de uma forma feliz. Ou seja, é saber que aquela realidade é só um pensamento e não uma emoção.
Para ser feliz é preciso alcançar a inteligência emocional e ela se consiste exatamente nisso: aprender a lidar com os pensamentos que declaram que você está sentindo tal ou tal emoção. Querer mudar a emoção que está sendo sentida, isso o ser humanizado jamais conseguirá, pois para isso precisaria de um pensamento que a mudasse. Se você não tem este pensamento e nem sabe como construí-lo, não pode, portanto, criar uma nova emoção para viver…
Como ainda não entenderam este mecanismo, querem se mudar sentimentalmente. Mas, sempre disse que vocês não sentem nada… E agora provo: vocês não sentem nem emoções porque não existe uma emoção para ser sentida; o que existe é um pensamento-emoção…
É sobre isso que estamos falando o tempo inteiro: alcançar a inteligência emocional, ou seja, saber reconhecer o pensamento-emoção como apenas uma ideia gerada pela mente e não como um sentimento e saber lidar com esta ideia.
Sei que vocês se preocupam muito com a inteligência-saber, cultura. Querem entender tudo… Mas, não é dela que estamos falando… A inteligência cultural não ganha jogo, não lhe faz feliz. A inteligência que pode lhe fazer feliz é a emocional: o saber lidar com o pensamento-emoção.
Mas, como lidar com ele? É o que vamos ver agora…
Eu diria que vocês já lidam com o pensamento-emoção. Como? De uma forma infantil…
Sim, vocês lidam com o pensamento-emoção de uma forma infantil: o pensamento lhe diz sofre e vocês sofrem. Às vezes nem sabem por que estão sofrendo…
Se interrogarmos uma pessoa que está sofrendo, ela não vai nem saber por que está. Colocará diversas razões que podem ser facilmente destruídas e que não justificam o seu sofrer.
Essa é uma forma de lidar com o pensamento emoção: uma forma infantil.
Por exemplo: a mente diz que você tem que sofrer porque sua mãe não trouxe bala, você sofre… Não quer saber se está na hora do jantar e a bala vai tirar a fome ou se ela vai lhe dar cárie: sofre. Sofre, porque a mente, o pensamento-emoção lhe diz que deve sofrer. Esta é uma forma de viver inconsequente, pois não há analise do pensamento-emoção: simplesmente se vive a partir dele.
Essa é uma característica do ser infantil: é aquele que não raciocina o pensamento-emoção. Ele simplesmente segue o que a mente está lhe dizendo para fazer. Mas, existe outra forma de se lidar com o pensamento-emoção: uma forma madura.
Como se lida com o pensamento-emoção maduramente? Expondo-o ao ridículo, à razão, à realidade. Vou dar um exemplo.
O pensamento-emoção diz que você foi humilhado num determinado momento. A criança vai chorar, sofrer, ter raiva, sentir-se mal. O ser humano adulto, ao invés disso, responde à mente: ‘Está certo, fui, mas o que é que você quer que eu faça? Posso reagir agora e lutar para provar que não sou aquilo. Posso fazer isso e muito mais, mas se eu ficar me sentindo humilhado vai resolver alguma coisa’?
Essa é a inteligência emocional. O ser humano maduro é inteligente emocionalmente porque sabe conviver com a emoção. Ele não aceita a emoção quando a mente lhe diz que deve tê-la. Ele questiona: ‘Para que vou sentir raiva, para que me sentir humilhado, para que sentir prazer? Isso vai resolver alguma coisa na minha vida? Não. Então não quero isso’…
O que não resolve não adianta…
Adianta você ficar chorando no canto porque uma pessoa morreu? Adianta chorar no canto porque veio uma onda gigante e matou diversas pessoas? Vai resolver alguma coisa chorar? O melhor não seria pensar assim: ‘Depois eu choro, agora vou ajudar quem ficou vivo e enterrar quem morreu’.
Esse é o ser maduro: aquele que encara a realidade de frente e não com os pensamentos-emoções. É simples assim… Mas, para isso é preciso querer crescer, tornar-se maduro.
É sobre como amadurecer que já conversei diversas vezes. Acontece que quando tento acordar vocês, algumas pessoas reclamam dizendo que estou sendo duro, que não queria que eu chamasse tanto a atenção. Mas, não é assim que se faz com criança?
Com crianças tem que se falar de uma forma firme, pois elas muitas vezes não entendem o que você está falando. Para poder se ensinar às crianças alguma coisa temos que falar duro e seco. Com isso as despertamos do mundo de fantasias que vivem…
Para não se sentirem magoados ou feridos com a forma que falo, é preciso que entendam que devem despertar. Para isso é preciso se conscientizar que vocês não têm a menor inteligência emocional. Lidam com os pensamentos-emoções como crianças, aceitando qualquer coisa que a mente disser que têm que sentir ao invés de maduramente raciocinar o sofrimento, o pensamento-emoção.
Adianta sofrer porque roubaram o seu carro? Não vai trazê-lo de volta… Adianta reclamar do bandido que o levou dizendo que ele não presta ou ter raiva dele se isso não vai trazer o carro de volta? Ele já está roubado… O que você tem que pensar agora é em como arranjar outro ou tentar recuperar aquele, se possível…
Esse é o ser humano adulto: aquele que ao invés de se entregar à mente, para e raciocina. Aliás, raciocinar a vida é algo que vocês esqueceram.
É preciso que vocês raciocinem a vida, mas sobre isso há um detalhe importante que precisa ser levado em consideração. Falo em raciocinar a vida não para entendê-la, para querer saber por que ou como as coisas acontecem ou que futuro surgirá deste presente. Não é esse raciocínio que estou me referindo. Esse é um raciocínio cultural e estou falando de raciocínio emocional: aprender a raciocinar os pensamentos emoções que constituem a sua vida.
Quantas vezes eu já disse para as pessoas que reclamavam de alguém: ‘você está aqui chateada, nervosa, preocupada, mas o outro de quem está reclamando está lá feliz da vida’. Para as mães que reclamavam que o filho não arrumava a cama, dizia: ‘você está chateada porque o seu filho não arrumou a cama, mas ele, neste momento, está lá feliz namorando. Está chateada por quê? Quer a cama arrumada, vai lá e arruma’… Aí as mães me diziam: ‘mas eu quero que ele arrume’… Isso não é uma criança que bate o pé quando a vida não lhe dá o que ela quer?
Então, é simples assim: é só amadurecer…
Idade não dá maturidade a ninguém: é preciso ser maduro para estar maduro. E ser maduro é enfrentar os pensamentos emoções que a mente cria de frente…
Será que compensa o sofrimento? Será que compensa a tristeza? Só quem sai perdendo é você mesmo… Como disse, muitas vezes o causador de tudo que lhe leva s sofrer está feliz da vida e você está chorando, sofrendo…
Todo trabalho que estamos fazendo é neste sentido: dar-lhe argumentos para que vocês saibam enfrentar a vida de uma forma madura e não como crianças. Saibam enfrentar os pensamentos-emoções como gente grande que dizem ser. Ou seja, de uma forma inteligente.
Quando falo que não existe filho, que a mãe tem que perder a ideia de ter tido um filho, eu não estou querendo acabar com o seu filho, porque isso nunca vai acabar. Mas, enquanto você for uma criança e achar que possui o outro, vai agir de uma forma infantil com o seu filho. Ou seja, exigirá que ele faça o que você quer, já que é a mãe…
Para que você seja feliz, pare de achar que ele tem que fazer o que você quer, pois é a mãe e manda nele…
Quando mostro a armadilha que a mente cria ao dizer que você é mãe ou pai, estou querendo lhe dar armas para saber enfrentar o pensamento-emoção. Quando o pensamento lhe cobrar algo do seu filho, não caia na dele. Quando amadurecer você deixará de esperar que ele lhe ouça. Livre disso, falará, mas não exigirá que ele ouça e com isso poderá libertar-se do sofrimento que vem sempre quando isso acontece.
Acho que com este termo (inteligência emocional) estou deixando a coisa bem clara. O que estamos conversando não tem nada a ver com espiritualismo, universalismo ou qualquer ‘ismo’ desses. É simplesmente o que a psicologia chama de saber lidar com as emoções, de inteligência emocional. É preciso alcançá-la, mas sem a maturidade, sem entender que não é mais uma criança que precisa que o mundo lhe satisfaça, não vai conseguir.
Como você vai conseguir rezar de uma forma madura se ainda espera que Deus lhe dê o que quer? Como pretende viver num mundo em felicidade se as guerras nunca acabaram e nunca acabarão? Se as injustiças nunca acabaram e nunca acabarão? Sonhar com o paraíso na Terra é utopia, é coisa de criança presa ainda aos livros infantis…
Saibam de uma coisa: o bem nunca vai vencer o mal. O bem jamais acabará com o mal, pois na hora que acabar o mal não existirá mais o bem… Saibam de uma coisa: as violências, os assaltos, nunca vão acabar; as desigualdades sociais também não. Então, não precisa sofrer por isso… Estas coisas sempre existiram e sempre existirão…
Esqueçam… Parem de brincar de Peter Pan…
Parem de brincar de paladinos da justiça lutando contra os piratas. Parem de se sonhar em voar com a fada Sininho. Parem de sonhar em viver num mundo onde todos só cantem e dancem. Isso não existe… Isso é coisa de gente infantil. E quem é infantil, não alcança a inteligência emocional…

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