“onde houver discórdia que eu leve a união”.


A discórdia existe quando duas ou mais pessoas estão brigando, ou seja, onde há espíritos defendendo o seu individualismo para sobrepor a sua vontade a do outro. Para estes, que eu leve a união: é o pedido de São Francisco.


A união, congraçamento, só acontecerá com o fim das vontades individuais. Jamais haverá união enquanto um espírito tiver vontade individual, pois não existem dois espíritos que querem a mesma coisa com a mesma intensidade.
Para que se possa levar união, portanto, existe a necessidade de ensinar cada um a amar o que tem ao invés de querer possuir as coisas, ou seja, impor o seu individualismo ao do próximo. Este é o trabalho que Francisco de Assis pede a Deus que lhe faça instrumento: levar a cada um a compreensão de que ele já tem tudo o que precisa para ser feliz.
Mas, mais do que isto, explicar a cada um que ele não consegue ser feliz não porque seja azarado ou porque ninguém gosta dele, mas porque está preso ao seu individualismo, ao seu ego, que só lhe deixa ser feliz quando suas verdades são contentadas.
Mesmo assim, quando a verdade atual do ego for contentada, não se pode dizer que o ser humanizado será realmente feliz, pois enquanto existir o ego estará sempre cobrando coisas novas (criando desejos) para poder haver o prazer da conquista.
A humanidade tem uma frase que diz assim: amo tudo que tenho, mas não tenho tudo que amo. Isto é mentira, pois se você ama alguma coisa que não tem é sinal de que não gosta do que tem: o que tem não lhe satisfaz e ainda precisa de mais coisas.
É a desunião que está estampada nesta frase, pois quando você vai buscar o que acha que ama e que não tem acabará tirando do próximo as verdades dele, as suas coisas materiais, os seus acontecimentos esperados, a realização de seus desejos.
Levar a união é ensinar a cada um que ele tem o que precisa e merece: os instrumentos necessários para as suas ações carmáticas. Levar a cada um que ele é um filho amado de Deus e que o Pai não deixaria de dar ao seu filho tudo aquilo que ele precisasse para ser feliz, espiritualmente falando. Isto é ser um São Francisco; isto é levar a união.
Esta é a missão de São Francisco. Ele percorreu o mundo dizendo: seja feliz com o que você tem, não queira mais coisas.
Só agindo como ele poderemos promover a união entre os povos, entre as pessoas. No entanto, é preciso mais do que levá-las a se conformar com o que tem, mas a amar o que não tem. Amar não só o que possui, o que tem materialmente sobre seu controle, mas amar as faltas, aquilo que não tem.
‘Graças a Deus, louvado seja o Pai porque eu não tenho um prato de comida’. Para viver desta maneira é preciso compreender que a fome que Deus dá é o que é preciso e que por isso não se deve querer comida.
Não estamos falando em não comer. O ensinamento é de que cada um não deve viver na dependência da comida para ser feliz: tendo ou não, seja feliz.
Enquanto um espírito depender da comida para ser feliz, enquanto a ausência desta for algo que atrapalhe a felicidade, não estará unido com quem come e aí ocorrerá à desunião, a briga para ter a comida que o outro possui.
A união que Francisco de Assis prega não é uma união qualquer: é uma união espiritual. É uma união entre irmãos, uma união universal onde todos os espíritos se fundem num só, que você chama de Deus. Isto só será conseguido quando todos compreenderem que Deus dá a cada um segundo a sua obra.
Claro, existe um Deus ser, mas Ele também é o todo universal: é todas as coisas que existem e a falta delas, pois tudo é emanação do Senhor Supremo. Com o fim da individualidade e a fusão no universalismo, poderemos compreender que também somos deus, estamos em Deus.
É isso que Francisco de Assis pede ao Pai: que ele leve a cada um a compreensão de que já tem tudo que precisa para ser feliz, na abundância ou na carência. Pede também para servir de instrumento para ensinar ao próximo que ele não é feliz por desejar ter diferente do que tem.
Estamos exemplificando os ensinamentos de cada verso sempre de pessoa para pessoa, mas vamos falar de povos? Como acabar com a guerra entre os judeus e os árabes?
Mostrando ao árabe que Alá afirmou que lhe proveria com tudo o que precisava. Alá deu o povo judeu ao lado dos árabes e se proveu desta forma é isto o que precisam. Por este motivo devem parar de fazer guerra contra este povo e deixá-lo em paz na terra dele.
Ao judeu mostrar que na Bíblia está escrito que Jeová daria ao povo escolhido tudo o que precisasse. Ele deu o árabe como vizinho, portanto respeite-o. Não construa mais em território que não é seu, deixe o árabe no canto dele.
Só isso. Mostrar a cada um que Deus, não importando o nome nem o livro onde esteja o ensinamento, dá sempre a cada filho o que ele precisa para viver. Agora, enquanto cada um achar que aquela terra é dele, que lhe pertence, não vai haver união nunca.
Pergunta: São Francisco de Assis é uma egrégora de vários seres?
Não, é um espírito.
Pergunta: Mas, não é através da nossa ação que Deus pode ajudar os outros para que eles possam se modificar, pensar e agir diferente, ou cada um recebe individualmente a sua missão através de seu sofrimento e nós nada podemos ou devemos fazer para que essa situação seja melhorada?
São duas perguntas em uma só. Sim, cada um recebe de Deus a sua parcela individual. Sim, você é um instrumento para auxiliar os outros. Até aqui você está perfeito na sua forma de ver, mas vamos entender melhor o ensinamento. .
Que auxílio você quer dar ao outro? O que você acha que deve dar? Aí está o problema. É a questão do individualismo. Vamos voltar à primeira frase desta oração: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz”, não da minha. Não adianta se querer que aquele que tem a fome não a tenha mais, pois dessa forma estarei sendo instrumento da minha paz.
Você deve ser instrumento da paz de Deus. O instrumento pode até dar o prato de comida, mas não deixa de ensinar ao próximo a ser feliz com o que ele tem. Não cria revolta nem desunião, mágoa ou críticas. Dá o prato de comida e auxilia o próximo em nome de Deus e não no seu próprio.
Para que ele possa ajudar em nome de Deus deve dar além do pão. Ensiná-lo que, ao invés de lastimar a sua falta de comida, deve amar a Deus para gerar um carma diferente e aí poder receber comida.
Pergunta: É dar a vara?
Sim, ensine-o a pescar. Dê o peixe, o prato de comida, mas não deixe de dar a vara e ensiná-lo a pescar. Ensine-o a amar a Deus acima de todas as coisas, inclusive da sua situação e mande-o pescar (viver seus acontecimentos) para que ele nunca mais tenha fome.
Pergunta: Deus não nos utiliza apenas para ajudar os carentes, mas também como instrumento de “puxões de orelha” também. A caminhada não são só flores, não é isso?
Sim, concordo plenamente com você: os espíritos são utilizados como instrumentos para auxiliar os carentes, mas também os abastados.
No entanto, enquanto você der o puxão de orelha com a sua consciência de certo ou errado, ensinando o que você sabe que é certo, estará agindo em nome de Deus, mas tirando vantagem (prazer) do que o Pai está fazendo.
Auxiliar ao próximo sempre será a orientação da necessidade de mudanças, mas se mudar em que sentido? Para Deus, nunca para você, para o que acha certo.
Ensiná-lo a amar a Deus acima de todas as coisas é universalismo, mas ensiná-lo a atravessar a rua na outra esquina e não nesta porque a acha ”perigosa”, isto é individualismo.

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