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Participante: quando a gente faz alguns exercícios de meditação, e tenho feito muitos, buscando não controlar o pensamento, mas acalmar a mente, o pensamento. Será que não posso exercitar a minha mente, fazer com que me torne uma pessoa mais calma?

Não, você não pode mudar o seu pensamento.

Acabamos de ver um exemplo na prática. O pensamento daquela pessoa promete todo dia que vai tratar alguém melhor, mas chega na hora não trata.

Então, não existe como se acalmar alterando o pensamento. Para se acalmar verdadeiramente o que precisa entender é que o pensamento é uma coisa, você é outra.

Vivendo com essa consciência você pode repensar o pensamento. Na hora que souber que o pensamento pensa, que não está pensando, pode repensar a sua forma de lidar com o pensamento.

Não estou falando em mudar o pensamento, mas sim mudar a forma como se relaciona com o pensamento, ou seja, aquilo que acabei de responder: a identificação com o que é pensado.

Aquela outra pessoa falou de emoção. Saiba que é o pensamento que cria a emoção raiva, que, na realidade, não é uma emoção, é um pensamento emotivo.

Se acha que você pensa, acha que está com raiva. Na hora que entender que existe um pensamento emotivo raivoso e existe você separadamente, pode mudar a sua relação com esse pensamento. Pode deixar o pensamento ter raiva e você sem.

Compreende? Isso é o que todos os mestres orientais ensinaram.

Meditar, fazer a mente ficar em silêncio, desculpa, mas nunca ninguém conseguiu. Melhor, conseguiram dizer que conseguiram. Por quê nunca ninguém silenciou a mente? Porque viver é pensar. Por isso, se parar de pensar você para de viver.

Por isso não tem como acabar com o pensamento. O que pode ser feito é se desvincular dele.

Aliás, Buda quando falou de paixão, posse e desejo, não criticou quem tem, nem disse para não ter. Agiu assim porque sabia que isso era impossível, pois a posse, a paixão e o desejo estão no pensamento. O que ele disse foi que não pode haver apego a essas coisas. Esse desapego é alcançado através de uma nova forma de se relacionar com o que é pensado.

Participante: você vê o que você pensou, mas não se identifica com aquilo, não se apega a aquilo, deixa de lado. aquilo.

E aí dizer: não quero isso para mim. Não quero essa raiva porque ela é prejudicial para mim. Vou ter úlcera, vou passar o dia contrariado. Por isso prefiro não ter. Esse pensamento tem raiva e eu não tenho. ´

Como fazer isso? Vamos chegar lá.

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