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Quando surge a raiva em relação a uma pessoa, ele deve dirigir os seus pensamentos para o fato de que aquela pessoa é o produto do carma dela: ‘Esse venerável é o agente do seu carma, herdeiro do seu carma, nascido do seu carma, atado ao seu carma e dependente do seu carma. Qualquer carma que ele faça, para o bem ou para o mal, disso ele será o herdeiro. Dessa forma, a raiva por aquela pessoa deve ser subjugada.

Os textos deste estudo foram desenvolvidos com a visão do EEU a partir do sutta de Buda Anguttara Nikaya V.161 – Aghatapativinaya Sutta

Carma é algo que os seres humanos entendem muito pouco. Por nossa tendência a crer no pecado, no mal e nas suas consequências, achamos que o carma é o castigo que cada um recebe por suas ações negativas, mas isso não é verdade. Carma é a consequência natural de uma ação, seja ela uma condenação ou premiação.
O Universo é regido pela lei da causa e efeito, ou seja, a cada movimento nosso, geramos uma ação como efeito do que foi feito. Isso é o carma: o efeito de uma causa. O carma é o motor que movimenta o Universo. Sem ele, tudo seria estático, pois o que hoje foi gerado não teria uma reação e com isso o Universo permaneceria estático.
Quando Buda nos afirma que a outra pessoa – as suas crenças e conceitos – são o produto do carma dela, quer dizer que o que ela acredita é a reação ao que ela viveu em momento anterior. Se uma pessoa, por exemplo, tem medo de velocidade, pode ter certeza que isso é uma reação a um perigo ou acidente que esta já sofreu em um momento passado quando estava se deslocando em alta velocidade. Se você não tem este medo, é sinal de que nunca vivenciou uma ação desse tipo. Não ter o medo, portanto, é o seu carma, enquanto que o dela é tê-lo.
Vivenciando a vida a partir dessa verdade, podemos encarar as contrariedades de uma forma simples – diferença das vivências das pessoas – ao invés de imaginar que o outro está errado. Quem não entende que os conceitos de uma pessoa são o carma da sua vivência na vida, vive contrariado com o que ela acha certo ou acredita como verdade.
Para estes, Buda faz um alerta neste trecho: Qualquer ação que se faça, para o bem ou para o mal, disso você será o herdeiro. A lei do carma – a reação a uma ação – é inexorável. A certeza de que cada ação gera sempre uma reação nos transforma em herdeiro daquilo que fazemos.
Já nos ensinava Salomão: Quem semeia vento, colhe tempestade. Se você anda pelo mundo com sua mente atenta aos conceitos do outro, colherá contrariedade e com isso sofrerá. Não por castigo ou penalidade, mas como justa consequência da sua própria ação.

“Essas são as cinco maneiras para subjugar a raiva, através das quais quando a raiva surge em um bhikkhu, ele deveria destruí-la completamente.”

Desenvolvendo a boa vontade, a verdadeira compaixão e a equanimidade pelos outros, mantendo a sua atenção na sua própria vida, ao invés de cuidar das dos outros e compreendendo que a vida é uma sucessão de carmas, ou seja, de consequências de ações anteriores, evita-se as contrariedades e com isso extingue-se a possibilidade da raiva, do ódio e do sofrimento.

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