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“529. Que se deve pensar das balas encantadas, de que falam algumas lendas e que fatalmente atingem o alvo? Pura imaginação. O homem gosta do maravilhoso e não se contenta com as maravilhas da Natureza”.
Pura imaginação achar que existe uma bala que acertará um ser humanizado por causa da ação humana. Essa ideia é do homem, que não contente com a maravilha de Deus, quer criar maravilhas. Uma bala encantada que acha aquele pobre coitado que estava dormindo na sua casa, que acha a pobrezinha da criancinha que estava indo para a escola. É o homem que não se contenta em admirar a maravilha do mundo, ou seja, que nenhuma bala se perde, mas é usada para acertar quem tem que acertar.
Participante: então, o anjo da guarda não tem a função de proteger?
Sim, o anjo da guarda tem a função de proteger o espírito. Por isso, se aquele ser precisa morrer naquele momento por que é o seu carma, o anjo da guarda para protegê-lo providenciará a morte. Até porque livrar o ser da morte não é proteger, mas é atacar o espírito, pois vai manter preso à carne um espírito que não merece mais estar.
Isso não é proteção, é pena, castigo. Ficar na carne sem a necessidade de estar é castigo para o espírito, não pode ser entendido como algo bom. Quem não quer morrer não o espírito, mas sim o ego. O seu ego não quer que você morra, porque senão ele vai morrer.
Participante: me permita discordar; não acho que estar na carne é um castigo para o espírito. É um caminho para a sua evolução.
Sim, mas compreenda que nenhum espírito quer estar fora do universo espiritual. Ele sabe que precisa estar para poder realizar sua prova, mas anseia pelo dia do retorno. Não pense que é por livre e espontânea vontade que um ser encarne. ‘Eu gosto tanto da carne que vou para lá’: isso não existe.
Participante: e os espíritos que ficam presos no material, onde ficam os anjos para ajudá-los?
Criando carmas para que eles se desprendam do material.
Já ouviram falar do umbral? O que é um umbral? É lugar do espírito preso a matéria. É uma produção dos anjos da guarda para levar um espírito a não aguentar mais o seu individualismo e dizer ‘Deus, me ajude’. Nesse momento pode ser ajudado. Como o ser precisa disso para ser ajudado, o espírito da guarda providencia toda a vida no umbral para que o outro ser mais rapidamente se desumanize e aí possa regressar numa nova encarnação.
Volto a repetir, o espírito é da guarda do ser universal e não do humano.
Participante: e os desencarnados, como despertam para esse desprendimento?
Igual ao ser encarnado: cansando de tanto querer ganhar, ter prazer, querer a fama, de tanto ter medo da crítica e ir à busca do elogio sem conseguir. É igual ao encarnado porque o desencarnado que ainda está preso ao eu material é um encarnado sem matéria. Ele tem a mesma consciência que tinha quando encarnado. Só não tem mais o mesmo corpo. Por isso a ação espiritual é a mesma.