Participante: esse parar de sofrer é consciente?
Pode ser sim.
Se no momento em que estiver em um turbilhão conseguir se perguntar o motivo pelo qual está sofrendo, poderá reagir mentalmente: ‘porque estou sofrendo? Porque sou uma besta. Se mudar a minha forma de encarar o mundo posso parar de sofrer.’ Nesse momento poderá agir racionalmente.
Agir como? Enfrentando o sofrimento, o que causa o sofrer.
Participante: mas, não é tudo feito por Deus? Não é ele que nos dá o que viver?
Sim, no externo. Falo em agir dentro de si mesmo. Falo da escolha interna entre o bem e o mal como está em O Livro dos Espíritos.
Participante: não entendi.
Você tem dois livres arbítrios. Antes de encarnar pode escolher entre aquilo que irá vivenciar durante a vida. Aí nasce e as coisas vão acontecendo. Depois que encarna, enquanto as coisas vão acontecendo e aí você tem o segundo livre arbítrio: a liberdade de escolher a postura emocional que irá viver naquele momento. O segundo livre arbítrio é escolher como viver as situações que foram escolhidas antes da encarnação.
Vamos dar um exemplo. Digamos que antes da encarnação você escolheu ser traída. Por causa dessa ação livre sua, Deus cria o ato de ser traída por outro ser. Faz isso não porque quer punir ou não gosta de você. Fez isso porque aquela situação reflete exatamente aquilo que foi escolhido através do primeiro livre arbítrio antes da encarnação.
Na hora que se conscientiza que está sofrendo porque o outro ou a outra lhe traiu, mas sim porque aquilo é fruto do seu livre arbítrio poderá agir para estancar o sofrimento. Agira como? Alcançando a realidade do que está acontecendo.
É uma pessoa que está lhe traindo porque não presta ou por não gostar de você? Não. É um elemento do mundo humano agindo de tal forma que aquilo que foi pedido ocorra. Nesse momento, pode repensar a forma de agir.
Quem não aceita traição é porque quer possuir, comandar, o outro. Analisando, então, a situação descobre que precisa agir nesse possuir para que não sofra. Fazendo o trabalho, estanca o sofrimento.
Esse processo não muda o ato, o acontecimento. A outra pessoa continua sendo uma traidora, você continua sendo a traída. Isso nada muda. O que altera é que ao invés de viver o pedido com sofrimento, pode finalmente escolher estar em paz.
Essa é a diferença.