Participante: vou ilustrar com a minha experiência para ver se casa com o que você está falando. Na época que tinha síndrome do pânico, não tinha condições de pegar ônibus. Tinha medo de passar mal dentro do ônibus e ninguém me acudir.
Uma das vezes que enfrentei esse medo, passei mal dentro do ônibus. Naquele momento me veio à cabeça o seguinte pensamento: eu não tenho como me livrar disso. Então tenho que enfrentar. Não vou me deixar levar por essa ideia. Se for para me matar agora, que me mate. Nesse momento me senti a pessoa mais livre do mundo, passei pela crise e não morri. É isso?
Isso. Exatamente isso.
Você tem a síndrome do pânico. Enquanto não houver uma cura, a terá. Nada vai acabar com ela, enquanto ela própria não acabar. Portanto, enquanto tiver, precisa aprender a conviver com seus efeitos.
Qual o reflexo da síndrome do pânico? Ter medo de tudo, não conseguir ter uma vida social como a dos outros? Sei que não quer isso para si, mas nesse momento não tem jeito de não ter. Por isso, aceite. Você é uma pessoa doente e por isso não pode se portar como os outros no mundo social.
Participante: aí a pessoa diz: ah, mas eu quero…
Então continue querendo, mas saiba que continuará sofrendo. Até que haja uma cura, continuará sofrendo. Só depois dela é que poderá livrar-se desse sofrimento.
O que estou fazendo é dando uma orientação para passar o mesmo tempo entre o dia de hoje e o da cura sem sofrer, para estar em paz, ao invés de vivê-lo sofrendo. É só isso.
Apesar de não parecer, isso se chama elevação espiritual.
Participante: basicamente é aceita que dói menos.
Não é isso. O que estou falando é: aprenda que não tem condições de mudar o que está acontecendo.