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Segundo detalhe sobre a sangha: ela serve para você trabalhar, mas não é só isso. Além de trabalhar por você, a sangha também tem como proposição ajudar o outro. Mas, como se ajuda o outro?
Participante: ouvindo.
Ouvindo, acolhendo, respeitando: tudo isso pode ser feito. Mas, digo ajudar diretamente.

Vou dar um exemplo: ontem tivemos uma reunião de uma sangha aqui. Você veio com o seu problema e eu te ajudei. Apesar de estarem presentes apenas duas pessoas, foi uma atividade da comunidade. Isso está certo?
Participante: sim.
Isso pode acontecer na sangha. Não é preciso que todos se juntem para que haja uma atividade da comunidade. Pode acontecer de uma pessoa ligar para outra e dizer: ‘eu estou precisando de ajuda; você pode conversar comigo?’
Se isso acontecer, como você pode ajudar essa pessoa? Como você pode ser o Joaquim dessa pessoa?
Participante: fazendo a espiritologia com ela.
Quase isso.
Ontem conversamos sobre o seu problema. O que falei sobre ele? Nada! Não toquei no assunto específico que o trouxe aqui. Só falei de vida.
Não conversei sobre o problema especificamente. Só falei: o seu problema é vida. A partir daí, somente falei de vida. Não disse se o seu problema era bom, mau, se estava certo ou errado, se era feio ou bonito. É dessa observação que quero retirar o segundo recado para as sanghas.
Orientar o próximo não é tocar no assunto que ele relatar, não é dar a sua opinião sobre o assunto. Esse é outro grande problema da sangha. Quando alguém relata uma situação nas atividades da comunidade com a intenção de pedir ajuda, vocês correm para dar suas opiniões sobre o assunto: ‘se eu fosse você, faria desse jeito, daquele jeito’.
Não é isso que é ajudar os outros. Isso é querer fazer pelos outros, viver a vida dos outros, e ninguém pode fazer isso.
O auxílio que precisa ser dado para ajudar o próximo não é no tocante ao próprio assunto, mas sim na vivência dele. A maioria dos atritos que aconteceram nas comunidades foi exatamente por causa disso: as pessoas foram querer ajudar conversando sobre o assunto. A partir daí, alguns menosprezaram a dor dos outros, outros supervalorizaram essa dor, outros se acharam o rei da cocada preta, aqueles que têm a solução para tudo, mas vivem cheios de problemas, e quiseram ensinar aos outros como resolverem seus problemas.
Eu não dei solução para o seu problema ontem. Não toquei no assunto, a não ser para dizer: ‘isso é vida’! Depois que disse isso, esqueci do assunto que você levantou e fui tratar do ‘viver a vida’, do que você deve fazer enquanto a vida está vivendo a situação que você me narrou.
É isso que vocês precisam entender. A sangha é feita para lhe ajudar e ela faz isso lhe calejando a mão, ou seja, fazendo você passar por atritos. Além disso, a sangha é feita para se ajudar o outro, mas não se pratica essa ajuda querendo dar soluções sobre o assunto do problema, mas sim no sentido de relembrar a vivência da vida que leva à felicidade.
Não se ajuda ninguém dando prato de comida, nem emprestando dinheiro para quem não tem. Nada disso resolve. Não se ajuda ninguém dando soluções mágicas. Vocês não resolvem nem os seus problemas; vão querer resolver o dos outros? A orientação deve ser sempre na vivência.
Esse é o segundo aspecto que eu queria que você conversasse com as pessoas, para que elas saibam o que vão fazer nas atividades da sangha. Isso porque o que está acontecendo hoje é que ninguém sabe o que vai fazer lá.
As pessoas vão à igreja, ao templo das Testemunhas de Jeová ou ao centro espírita porque sabem exatamente o que vão fazer lá. Vocês pensam assim: ‘o que vou ficar fazendo lá? Ficar jogando conversa fora? Não, hoje eu vou dormir, que é melhor. Hoje tenho outro programa’.
Participante: mas, as pessoas pensam: eu vou lá para ter atrito? Eu não vou não, não estou afim de brigar com ninguém.
Mas veja, como já disse, o atrito é que vai lhe fazer calejar a mão. Você precisa estar preparado para o atrito, mas não o provocar.
Participante: na minha sangha tentamos fazer as rodas espiritualistas.
Isso é o que precisa ser feito. A roda espiritualista é um modo de calejar a mão que falamos. Agora, querer ajudar o outro ensinando o que ele tem que fazer, não no sentido da vivência, é pura perda de tempo.

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