Isso, portanto, é promover reforma íntima: um ato de ousadia extrema. Um ato tão extremo que a elevação espiritual se caracteriza em ousar ser feliz quando tudo o que se tem na vida deveria, pelos padrões humanos, lhe fazer sofrer.
Por exemplo: o filho está agonizando no hospital. Essa é uma situação em que os padrões humanos ditam que a pessoa tem que sofrer.
O que espera ter reformado agindo assim? Qualquer um faz isso, não? Agindo igual nada há de esperar qualquer recompensa por sua ação. É como Cristo ensinou: até os ateus fazem isso. Até quem não acredita em Deus, até quem não é religioso, sofre numa situação dessa. Por que, então, você que afirma que está procurando elevar-se, ou seja, fundir-se na unidade com Deus, age igual, então?
Você que acredita em Deus e que O busca, precisa ousar ir além do que o ateu faz. Precisa manter a sua paz, a sua serenidade nos momentos em que o não buscador não faz isso.
Em um caso como esse, nem vou falar que deveria manter a felicidade, pois como não compreende esse estado de espírito, acharia que estou dizendo que deveria contar piadas, ficar dando gargalhadas no hospital enquanto seu filho está agonizando. A felicidade que falo não se representa por gestos. Trata-se de um estado de espírito onde prevalecem a paz e a harmonia interna. Isso você que se denomina buscador de Deus deveria ousar ter, mesmo que os padrões da humanidade dissessem ao contrário.
Para honrar o seu compromisso assumido antes da encarnação, é preciso que ouse não se desesperar, não criticar, não acusar ninguém como responsável pelo que está ocorrendo, apesar do doente ser seu filho. Assim estaria promovendo a reforma íntima.
Essa ousadia necessária à evolução espiritual (manter-se em harmonia, mesmo quando o acontecimento deve ser vivenciado em desespero) ensina Cristo.
Quando vocês jejuarem, não façam uma cara triste como os hipócritas, pois eles fazem assim para todos saberem que estão jejuando. Lembrem-se disto: eles já receberam toda a recompensa. Quando vocês jejuar, lave o rosto e penteie o cabelo para os outros não saberem que você está jejuando. E somente o Pai, que não pode ser visto, saberá que você está jejuando. E Ele, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa. (Mateus, 5, 16 a 18).
Não deixe ninguém ver que está fazendo jejum, ou seja, que aquele momento não está de acordo com os seus desejos. Isso é o que Cristo ensina, mas para atender a orientação do mestre é preciso ousar ser diferente da humanidade, ou seja, reagir aos acontecimentos de uma forma diferente dos padrões pré-estabelecidos pela sociedade.