Participante: mas no exemplo do hospital, as pessoas que necessitam dele, em que isso vai ajudar?
Assumindo o controle da sua vida aprenderá a conviver com o hospital que não presta um serviço de qualidade sem sofrer.
‘A minha vida é composta por um hospital que não atende bem, mas eu só tenho esse para usar. Então, vou usá-lo sem reclamar’. Quem vive assim usa o mesmo hospital que quem reclama dele, só que não sofre. A única diferença entre os dois é que quem assume o controle da sua vida determina como vai conviver com a realidade enquanto o outro deixa os governantes fazerem isso.
Participante: até porque, esse tipo de coisa você não tem como colocar na mão de uma só pessoa.
Mas, vocês colocam. O governante para você – e aí não importa se é cidade, é estado ou país – é o responsável pelo que acontece com dentro dos hospitais. Isso é inverídico. O culpado é a própria população.
Participante: entendo o que o senhor está dizendo e vou dar um exemplo do hospital onde trabalho. Teve um irmão de um paciente acamado que chegou revoltado com o estado que o quarto, a pessoa e a situação estavam. Ele estava reclamando dos funcionários e com razão. Eram os funcionários que não faziam a sua parte. Então, a responsabilidade não é só dos governantes. A gente culpa eles, mas se esquece que cada um tem que exercer o seu papel no processo.
Isso, dentro da sua função, do seu papel na vida, seja o dono da sua vida. Se o governo não presta, se faltam medicamentos, isso não importa: faça a sua parte. Só que o funcionário, ao invés de assumir a sua responsabilidade e fazer o melhor de si pelo próximo, prefere não fazer nada ou agir desleixadamente e ficar criticando o governo.
Participante: entra naquilo que sabemos bem. O funcionário pensa assim: “Ah, não tem ninguém vendo, o paciente está aqui em coma, todos sabem que o governo não manda material. Por isso não vou fazer a minha parte”.
É exatamente isso que estou falando.
Veja, você tem aqui dezenas de profissões, de atividades. E cada um dentro da sua atividade poderia ser uma formiguinha que agisse de uma forma que fosse para o bem de todos, mas não. Ao invés disso, critica o culpado lá em cima e não faz nada aqui para mudar.
Antes de continuarmos um lembrete. Estou falando de atos, mas não estou falando em você agir. Como já conversamos, os atos acontecem dentro da previsão de encarnação do espírito. O que estou querendo dizer é que internamente você precisa assumir o controle da sua vida. Precisa ter a disposição de fazer a sua parte ao invés de deixar a sua mente lhe dominar e lhe levar para a postura de crítica inconsequente.
Participante: é o viver o nó” que o senhor falou em outra palestra.
Não é só viver o nós: é parar de fazer a mesma coisa que você critica.
Se você diz que o governo não tem mais credibilidade para ajudar, eu afirmo que você também não tem credibilidade para ajudar os outros. Digo isso porque ao invés de assumir a postura de que já que o governo não presta faça a sua parte, prefere se entregar apenas às críticas. Mas, não, se entregam na mão do governo e deixam ele comandar o seu mundo interno.
Com isso, ao invés de fazerem a sua parte, ao invés de trabalharem para um mundo melhor para todos, preferem se justificar: ‘já que ele não faz, eu também não vou fazer’. Com isso colocam a culpa nos outros e eximem-se de qualquer responsabilidade.
Participante: isso passa a ideia de que eu tenho que ter mais união com o outro.
Esquece união, esquece o outro. Estou falando de viver com você mesmo.
O que estou dizendo é assumir internamente que você reconhecer que critica o outro por não fazer a parte dele não faz a sua também.
Não estou falando em fazer pelo outro; estou dizendo que deve assumir a rédea da sua vida. Se o governante não faz a parte dele, faça a sua. Se ela fizer a dela, se ele fizer a dele, se você fizer a sua, já são quatro pessoas fazendo alguma coisa. Lhe garanto que algumas coisas começaram a ser feitas.