Falamos, então, de dois processos de funcionamento do ego: o técnico e o emocional ou de sensações. Tanto o que é formado por um processo quanto o que é formado pelo outro já está pré-programado antes do espírito aventurar-se na encarnação. Como esta questão é fundamental para o bom sucesso nesta aventura, vamos falar um pouco de como se processa a programação.

A programação do processo técnico é muito fácil entender. A programação fundamenta-se num padrão fixo para quem vai encarnar em um determinado planeta. Para os egos de vocês, daqueles que encarnarão no planeta Terra, por exemplo, a programação da personalidade humana origina-se em um banco de dados universais, que chamaremos Terra. Na hora da organização do ego basta pegar neste banco de dados as informações e colocá-las no ego.

Já a parte emotiva é um pouco mais difícil de ser explicada. Como surge a programação das emoções ou sensações que um ser humano viverá no planeta Terra?

Esse processo não segue nem um padrão universal, ou seja, não é igual para cada espírito que se aventura na encarnação. A programação emocional reflete fielmente a posição do espírito antes da encarnação, por isso é individual. Ele traduz tudo aquilo que o espírito precisa executar como prova durante a união com o ego.

Vou dar um exemplo. Nós falamos do medo, medo a determinadas coisas.  O que é medo? Porque alguém tem medo?

Participante: existem vários tipos de medo. Cada um tem o seu motivo.

Concordo com isso, mas o medo a qualquer coisa não é a tradução da existência de uma falta de confiança?

Participante: sim.

E, como sinônimo à falta de confiança, não posso dizer que o medo é o reflexo de uma falta de fé?

Participante: sim.

Aí está o que estou dizendo: as sensações vividas durante a encarnação traduzem a posição do espírito antes da sua grande aventura. Se o espírito precisa fazer uma provação referente ao assunto fé, provar que aprendeu que deve vivenciar os acontecimentos com fé, durante a encarnação terá que vivenciar os acontecimentos desta vida com esta emoção. Para que isto aconteça, o ser programa o seu ego com medo. Assim ele tem a oportunidade de optar (exercer o livre arbítrio) em viver as situações com fé, ao invés de escolher vivenciá-las com outros sentimentos, como o medo, por exemplo.

O contrário de ter fé é sentir medo. Por isso, o espírito que precisa realizar uma provação sobre o tema fé precisa ser insuflado pelo medo. Só sendo insuflado a vivenciar o medo este ser pode vencê-lo, optando pela fé.

Participante: mas, se ela reflete a posição do espírito e se ele estudou fé antes da encarnação, essa sensação não deveria estar presente no ego?

Já falei que a encarnação serve como provação para o espírito. Provar alguma coisa significa optar por aquilo que se estudou quando da provação e assim gerar uma vitória, uma confirmação de aprendizado. Se naquele momento o espírito fosse insuflado a vivenciar o acontecimento com fé, que vitória haveria? Nenhuma. Por isso, faz-se necessário que o ego proponha o medo como sentimento para vivenciar um acontecimento. Só assim o espírito, usando o seu livre arbítrio, pode conquistar uma vitória…

É por este motivo que o ego que gerará a aventura provação do espírito sobre fé está pré-programado através de codificações a criar a sensação de medo sobre determinados aspectos.

A mesma coisa com outras sensações, como, por exemplo, a ganância. Se um espírito veio fazer uma prova de humildade, o seu ego é pré-concebido com a programação de gerar a sensação de ganância frente às situações da vida carnal. O ego vai fazer esta propositura para que o ser, utilizando o seu livre arbítrio, opte pela humildade e com isso comprove que aprendeu, quando na erraticidade, a respeito da necessidade desta postura sentimental para a sua universalização.

Esta linha de raciocínio vale para toda e qualquer sensação que você vivencie durante a encarnação. Todas as suas emoções são pré-programadas para servir como uma questão de uma prova.

Se o ser humanizado está com raiva, ou melhor, se um ego está criando a sensação da raiva, isso acontece desta forma para que o espírito ligado a ele vença essa sensação, ou seja, opte por um sentimento universalista. Com esta opção ele consegue uma vitória e comprova que aprendeu o que estudou antes da encarnação,

Resumindo, posso afirmar que todas as sensações vivenciadas pela personalidade transitória durante uma encarnação são pré-programadas. Elas são elementos da provação à qual o espírito se submete durante a encarnação e precisam ser vencidas.

Essa é a grande aventura do espírito. Ele se liga a um ego que contém codificações técnicas (formas) relativas ao mundo onde vai viver e contém, ainda, uma codificação emocional onde estão todas as questões que o espírito pediu para vencer.

É por isso que em O Livro dos Espíritos se diz assim:

“Ele próprio escolhe o gênero de provas porque há de passar e nisso consiste o seu livre arbítrio” (Pergunta 258).

O gênero da provas a que se refere o Espírito da Verdade trata-se exatamente desse conjunto de sensações (ganância, nervosismo, desejos, vontades, paixões, soberba) que dissemos estar presente em cada ego. O ser escolhe entre a gama de sensações individualistas que existe qual irá querer provar.

A partir desta escolha, as sensações são incorporadas ao ego e se cria, então, acontecimentos (formas) onde elas serão utilizadas pela personalidade transitória. Durante a percepção dos acontecimentos e com o ego insuflando o ser a vivenciar uma determinada sensação, o espírito, exercendo o seu livre arbítrio, pode manter-se pulsando o amor universal ou apegar-se às sensações que o ego cria. Isto é o realizar provas; isto é viver a aventura encarnatória…

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