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Terceiro detalhe: numa sangha pode haver incorporação e o trabalho dos mentores?

Participante: se tiver, teve; se não tiver, não teve.

Ajuda ter incorporação dentro de uma sangha?

Participante: não ajuda nem atrapalha.

Ajuda conversar com um preto velho, um cigano, um baiano?

Participante: ajuda.

Essa era a resposta que você ia dar desde o início, mas que não deu para repetir o que eu já disse antes.

Conversar com uma entidade ajuda você a quê?

Você gosta quando há incorporações? Conversa com as entidades? O que conversa com elas?

Participante: sobre a minha vida, sobre os acontecimentos da minha vida.

Isso ajuda?

Participante: às vezes sim.

Ajuda em que sentido? A resolver os seus problemas? A tomar decisões?

Se os seus problemas e suas ações são vida e se ela não pode deixar de ser diferente do que for, falando ou não com uma entidade iria tomar a mesma decisão. Então, conversar com elas ajuda em quê?

Participante: em nada.

Perfeito.  

Então, é bom ter incorporação na sangha? Essa ação contribui para a atividade da comunidade?

Participante: não, porque é vida.

Isso: porque está tratando de vida.

Veja: ter incorporação ou não em uma atividade da sangha não traz problema algum. O problema que pode ocorrer é o que acontece durante a incorporação. Esse é o terceiro recado que quero mandar hoje.

O que acontece durante a incorporação? Você senta perto da entidade e diz: ‘eu preciso de ajuda, estou com uma dúvida, o que faço’? A entidade, então, vai lhe dar uma resposta em cima disso, do que foi perguntado. Só que responder a essas questões não tem nada a ver com a finalidade da sangha.

Participante: não caleja a mão.

A incorporação que é vivida com perguntas desse tipo é algo que não contribui para o objetivo da reunião dos afins. Pode ter, mas não contribui com o que você deveria ir buscar na reunião.

É isso que se precisa conversar com as pessoas que frequentam as atividades e não com as entidades, porque a culpa não é delas. A culpa da existência de uma atividade desse tipo que não contribui em nada para a finalidade da existência de uma comunidade é sua, porque é você quem vai as reuniões buscar respostas e não exercitar o amor.

Toda vez que falo de incorporações que promovam o tipo de atividade que descrevemos (responder a perguntas orientando na resolução de problemas) as pessoas me dizem: ‘Joaquim, você precisa conversar com as entidades, porque são elas quem conversam conosco falando dos problemas’. Desculpe, mas isso é falso. São vocês que provocam esse tipo de conversa perguntando e pedindo ajuda para os seus problemas.

A culpa não é dela, mas de vocês, pois sabem que a reunião da sangha não tem esse objetivo, mas assim mesmo continuam fazendo este tipo de questionamentos. Aliás, há muita gente que vai lá só para isso: só para pedir ajuda e resolver os seus problemas.

Participante: vá em um centro de umbanda então, não é?

Sim, porque nessas reuniões não é o lugar para isso. Mas, existe outra possibilidade além de ir a um centro de umbanda: ter uma reunião da sangha só para isso.

A sangha são as pessoas, a comunidade. Elas se juntam fisicamente para realizar atividades. Essas podem ser de diferentes formatos e ter vários objetivos. A reunião para fazer esses tipos de pergunta seria uma atividade, uma gira de umbanda, como acontece em alguns lugares. Agora, a atividade onde o objetivo é calejar o coração, para ajudar e ser ajudado a vivenciar a vida, não é lugar para resolver os problemas da vida.

Quero que fique bem claro que não estou falando das entidades. Estou falando das pessoas, porque vocês vão lá com essa intenção. Vão lá, esperam que haja incorporação, justamente para conversar sobre problemas da vida.

Voltando à nossa conversa de ontem, para exemplificar. Você veio aqui para conversar sobre os problemas da sua vida e eu nem falei sobre eles. Falei em vida, em viver. Fiz isso porque sabia que você queria falar disso e não solucionar seus problemas.

Se você procura a entidade com a intenção de resolver os problemas, ela vai te dar isso. Mas, se busca com o objetivo de ajudar a vivenciar, como você me procurou, ela vai lhe dar o que você quer. Para ela não há nenhum problema uma ou outra coisa. Ela tem que estar ali. Agora, você vai bem aproveitar a ferramenta que está à sua disposição ou não.

Isso aconteceu em todas as sanghas. Em todas elas houve incorporação e foi uma luta muito grande para saber se poderia ter ou não. Lembro que sempre disse ‘se tiver, teve; se não tiver, não teve’. Mesmo dizendo isso, vocês continuaram discutindo esse ‘ter ou não ter’. No entanto, nunca ouvi vocês conversarem sobre o que buscavam com o trabalho da incorporação.

É o que precisam conversar entre vocês: ‘nós, que somos a Sangha, temos que começar a trabalhar em nós qual é o objetivo dessa reunião. Temos que estar atentos para não sermos seduzidos a buscar uma orientação que nos ajude a resolver os problemas da vida’.

Isso porque na hora que mudarem, a entidade muda. A entidade passa a dar orientações para a vivência da vida, ao invés de dar orientação de como agir. Esse é o terceiro aspecto da mensagem que lhe faço portador.

Participante: nossa postura frente à incorporação das entidades.

É a intenção com a qual você vai. É o que você espera da reunião. Isso vocês precisam sentar, precisam conversar.

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