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Isso é o importante nesse trecho, mas tem uma frase que quero comentar.

“… nenhum de vocês pode encompridar a sua vida…”

Lembro da pergunta 858a de O Livro dos Espíritos: ‘ninguém morre antes da hora. Ou seja, mais um mestre falando que a vida é predeterminada quanto ao seu tamanho. Esse é o primeiro comentário.
Segundo. Cristo falou que o ser humanizado não deve se preocupar com a necessidade básica. Disse, também, que ninguém pode encompridar a vida, ou seja, que ninguém morre de fome, por não ter roupa, por não beber água. Isso quer dizer que a causa mortis nunca será alguma carência material.
Pronto, aí está a resposta para aqueles que justificam o seu serviço à matéria por conta de uma necessidade básica (‘se não trabalhar, não como; se não comer, vou morrer’): não, você não vai conseguir encompridar a sua vida só porque come, por causa do ter comida.
Ora, se ninguém pode encompridar a vida e, por isso, o ser humanizado vai morrer na hora que tiver que morrer, isso quer dizer que comida nenhuma vai dar sustento para continuar vivo. Se comida nenhuma vai dar, quer dizer que o ser nunca vai morrer de fome, mas sim porque chegou ao término o prazo estabelecido para aquela existência. Por isso, nem em nome de prolongar a vida é necessário se servir à matéria para poder ganhar comida.
Quis fazer esta ressalva, primeiro para dizer que ninguém morre antes da hora e segundo porque Cristo fez questão de dizer no seu ensinamento que nem em nome de permanecer vivo humanamente falando, o ser tem que se entregar à busca material.
Participante: ou seja, nem a presença e a ausência desses elementos encurtam ou prolongam a vida.
Perfeito.
Costumo dizer assim: o que precisam para estar vivo? Todos respondem que é o oxigênio. Mas, essa resposta está errada: nem disso precisam. Precisam apenas que haja programação de continuar vivo. Se não houver, nada sustentará a vida.
A coisa material não vai encurtar nem prolongar a vida. Vocês acham que precisam de determinadas coisas desse mundo, por isso usam. Lembro que quando disse que poderiam viver sem comer, disseram que eu era maluco. Pode. Pode, também, viver sem oxigênio. Há planetas onde se vive sem oxigênio.
Mas, não adianta segurar a respiração agora para ver se não morrem. Estou falando isso apenas para comentar o ensinamento de Cristo que diz que vocês não precisam nem do básico.
Você não precisa do básico, logo, não precisa de oxigênio. Agora se tentar ficar sem ele agora, vai morrer. Porquê? Porque ainda não cumpriu o acordo todo.
Participante: aliás, depois que morrem os espíritos tem o hábito de continuar respirando mesmo não precisando…
Sim. Isso acontece até a hora que alguém diz a ele: ‘já cansou de respirar?’ Você já morreu, não precisa de oxigênio’
Participante: é um choque, não é?
Tem tanto choque na volta ao nosso mundo real … Esse é o de menos. Há tanta coisa que muda quando você sai da carne, coisas que considera como necessidades básicas, que isso é o de menos.
Participante: mas é para isso que vocês deviam preparar a gente e não ficar falando baboseiras …
Mas, todo o libertar-se das coisas necessário para poder chegar lá e não se chocar está contido nas baboseiras que falamos. É no seu mundo interno que o choque ocorre e não no exterior. Vocês foram acostumados a viver para fora, agora falamos: vire-se para dentro… É isso que fica difícil para vocês.
O problema do que irá ocorrer está no choque, mundo interno, e não na existência ou não de oxigênio.
Participante: a gente vive esta realidade como se fosse a única.
Porquê? Porque a inescrutável força de maya que dá a o sentido de real ao que está do lado de fora.
Participante: eu posso ver o maya, saber que é maya, ilusão, e não viver como real?
Você só vai saber, não viverá. Nunca vai deixar de ver uma mesa aqui, porque a ação de maya constrói a mesa
Participante: e como nos libertamos de maya?
Libertando-se ao mundo interno.
Enquanto estiver na carne, não vai se libertar de maya. No entanto, quando se libertar o seu mundo interno não precisará mais das coisas externas. Elas continuarão lá, mas estará liberto delas. Isso é o que importa e não ver algo diferente do que vê hoje.
Você quer mágica: ‘ah! Eu vi o fluido cósmico universal ali…’ Isto não vai viver para ver. Só depois que morrer que vai ver. Isso porque os seus órgãos de percepção através da força de Maya não conseguem perceber o fluído cósmico universal.
Participante: nesse caso, então, enquanto encarnados vivemos a felicidade com o poder de maya agindo. Só vamos conseguir nos libertar do poder de maya após o desencarne
Você pode se libertar do poder de maya, sem deixar de conviver com a mesa. Isso porque o poder de Maya não cria apenas a mesa, mas também as realidades sobre ela: é minha, é bonita, é isso ou aquilo. Disso pode deve ir se libertando para depois do desencarne perder também a percepção mesa
Participante: ou seja você está dando a parte teórica e quando desencarnado vamos ter a parte prática?
Perfeito. Só que essa parte teórica é importante, pois enquanto internamente para você esta for a sua mesa, vai desencarnar e continuar tendo a sua mesa.
Participante: posso falar, então, que nesse processo encarnatório o que se chama de iluminação, ou qualquer outro nome que se dê por aí, nada mais é do que uma preparação para que após a morte, essa expiação onde a gente desencarna e a eliminação do ego seja a mais curta possível e mais fácil?
Eu já disse isso quando estudamos Krishna.
O irmão de Arjuna, que era considerado santo, passou, depois do desencarne, cinco minutos no mundo dos Devas. Então, nós teremos que passar por lá e um pouco mais do que cinco minutos, não?
Participante: mundo dos devas é o que a gente chama no Espiritismo de Umbral, Colônias Espirituais. Todas realidades ilusórias ainda, porém menos densa do que este mundo material.
Perfeito.

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