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Agora estamos prontos para compreender a realidade humana, ou seja, aquilo que você vê, ouve, cheira, prova o sabor ou percebe através das sensibilidades do corpo. Ela é formada pelas formas que um ego, através de sua parte técnica, cria e pelas sensações que esta mesma consciência transitória dá.

É isso que é a sua vida. É essa a realidade com o qual você convive: o fruto de um processo técnico do ego, que gera formas, e de um emotivo, que cria sensações para aquele momento.

Voltando ao exemplo do carro correndo, posso dizer que a percepção da existência do carro, do fato de você estar dentro e da velocidade que ele está andando são criações da parte técnica do ego. Já o medo é a sensação proposta como provação para o espírito.

Para insuflá-lo a optar pela sensação, o ego ainda vai mais longe. Ele vive algo que chamamos de mundo das possibilidades. Ele cria, por exemplo, a ideia de uma iminente batida.

Para incitar o espírito a viver o medo e não um sentimento universalista, o ego cria através da imaginação a ideia de uma possível batida, dos ferimentos que poderão advir deste acontecimento, da dor que poderá ser sentida, etc. Até a ideia do risco de vida está presente na imaginação que o ego gerará.

Só que todos estes acontecimentos não são reais. Eles possuem apenas uma possibilidade de acontecer. São hipóteses que podem acontecer ou não. Só que o ser, bombardeado por todas estas ideias, vivencia estas possibilidades como realidades. Com isso, torna-se mais difícil para ele libertar-se da vivência da sensação proposta.

Vocês sabem do que estou falando. Quantas vezes já viveram uma imaginação como se fosse real? Quantas vezes já vivenciaram uma possibilidade gerada pelo ego como se fosse algo líquido e certo de acontecer? Só que nada disso é real. Não passam de imaginações que tem como objetivo insuflar o espírito a apegar-se às sensações que o ego cria.

Aliás, não é só nestes momentos – quando está se imaginando o futuro – que vocês não vivem a realidade: tudo que vivem é imaginação. Sim, tudo que acontece aos seres humanos pode ser considerado como imaginação porque são criações ilusórias formadas pelo ego e não realidades.

Aí está, portanto, a realidade com a qual vive um espírito ligado ao ego: a junção de uma parte técnica (formas, teatro, desenho, fantasia) com uma parte emotiva que dá sensações para o que está se vivenciando…

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