Donde se origina a crença, com que deparamos entre todos os povos, na existência de penas e recompensas porvindouras?

É sempre o mesmo: pressentimento da realidade, trazido ao homem pelo Espírito nele encarnado. Porque, sabei-o bem, não é debalde que uma voz interior vos fala. O vosso erro consiste em não lhe prestardes bastante atenção. Melhores vos tornaríeis, se nisso pensásseis muito, e muitas vezes.

Vamos falar um pouco mais sobre o assunto pena antes de falar da intuição.

O espiritismo nasce como sucessor do cristianismo católico e evangélico. Nasce justamente para acabar com o fogo eterno, o inferno, o castigo que recebe aquele que, vamos dizer assim, peca durante a vida carnal.

Por isso, se nos apegarmos agora à palavra usada pelo Espírito da Verdade como penalização, continuaremos acreditando na necessidade de um julgamento visando penalizar o faltoso, a qual é a base do cristianismo católico e evangélico. Não foi isso que o Espírito da Verdade ensinou a Kardec. O que foi transmitido é a existência do carma, da lei do carma: Deus dá a cada um de acordo com sua obra.

Essa é a mensagem trazida pelo Espírito da Verdade, mas não só por ele. A lei do carma é conhecimento anterior, muito anterior. Entre os orientais (Buda, Krishna) existia há séculos o conhecimento das múltiplas vivências carnais regidas pelas ações carmáticas, ou seja, baseadas em passado espiritual.

Por esse motivo, de uma vez por todas, abolimos a palavra penalização e a transformamos em geração de carma. Agora podemos ir para a análise dessa resposta.

O homem, o ser humanizado, o espírito ligado a um ego, tem instintivamente a noção de que essa vida é fundamentada pela lei do carma, ou seja, que as ações desse momento são geradas como uma justa colheita do que foi feito anteriormente. Tal consciência nos leva a compreender que também deve existir instintivamente no ego humanizado a convicção de que essa vida nada mais é do que uma provação, que os acontecimentos dela são instrumentos da provação do ser universal.

A partir disso, aquele que está sendo julgado, criticado, acusado, por alguém, deve ter a consciência de que não é isso que está acontecendo. Ele está vivendo uma provação.

Essa conscientização é fundamental para a vida. A partir dela, no momento em que colhe, o ser sabe que não há uma história acontecendo, mas sim uma provação. Com isso, tudo na vida muda de figura.

Sabe a ofensa que recebeu? Ela não aconteceu. Não houve ofensa porque não há acontecimentos. O que ocorreu foi uma provação que foi proposta. Sabe a pessoa que deu amor, carinho? Não deu nada. O que aconteceu foi uma provação.

É isso. Em última análise, essa é a consciência que deve surgir no ser humanizado, já que tem instintivamente a consciência de que está em provação, de que existe a lei do carma em ação. Tendo, a vida muda. Não há mais agressões nem demonstrações de amor. O ser humanizado passa a se sentir testado a cada momento.

Testado em quê? Naquilo que Cristo ensinou: no amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si. Quem ama a Deus acima de todas as coisas, não fica ofendido, pois o seu amor é superior a qualquer coisa que exista. Ele supera qualquer elemento da vida carnal. Aí está a prova.

Não há uma agressão, mas a geração de uma oportunidade em manter-se firme no amor a Deus. É uma prova para ver se o seu relacionamento com Deus é superior a qualquer coisa. Sendo, não se sente ofendido.

Testa também o seu amor ao próximo, pois, como vimos, a verdadeira caridade consiste em ter a benevolência, a indulgência e o perdão. Para que o ser ame o próximo, precisa ser benevolente, indulgente e perdoar o próximo. Não usando essas posturas, o ser vai se sentir agredido, caluniado, ofendido.

Por isso, no momento em que o buscador de Deus é ofendido, diz a si: ‘vou agir de uma forma benevolente, indulgente e perdoar o próximo. Ele não sabia o que estava fazendo. Por isso, para mim, não há erro’.

É isso que precisa ser ouvido por vocês. Por isso, estamos aproveitando essa pergunta onde o Espírito da Verdade afirma que existe uma consciência intuitiva de que a vida é uma provação constante, para dizer como ela deve ser vivenciada.

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