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Tem mais um detalhe: na reunião da sangha é o momento para estudar? É o momento para se debater ensinamentos? Para se aprender alguma coisa?
Participante: na minha opinião, não. Até porque, cada um tem uma opinião a respeito do ensinamento. Se pararmos para estudar, cada um vai querer impor sua compreensão ao outro.
Sim. E qual o problema de um querer impor a opinião ao outro?
Participante: ele não estará amando.
Perfeito …
A finalidade da Sangha é amar e não aprender. Aprender é na hora de estudar, de ler, de ouvir palestras – esse é o momento de aprender, aprender como se ama. A reunião com os afins é a hora de praticar o que se aprendeu quando estudou. O que adianta saber o que é amar, se no momento da reunião não se ama?
Esse é o quarto detalhe que quero que você transmita às pessoas da sua comunidade: atividade da sangha, a não ser que seja uma específica para isso, não é lugar para se debater estudos. Não é lugar para dizer ‘Joaquim falou isso’. É lugar para se praticar. Deixe para ler na hora que estiver em casa sozinho.
Sabe por quê? Não importa o que leia, você vai ter uma interpretação, ou seja, vai criar a sua verdade. A sangha não é lugar para choque de verdades, mas sim lugar para colocar a sua verdade e dar direito ao outro de colocar a dele.
Eu sei que muitas vezes vocês começam a debater os ensinamentos que são colocados na internet e dizem: ‘olha o Joaquim colocou uma coisa muito importante’ … Não façam isso. Se você leu, era para você ler. Se o outro não leu, não era para ele ler.
O que você leu só deve ser debatido com você mesmo. Você analisa, debate consigo e a opinião de qualquer outro sobre o assunto não importa.
Sei que muitas vezes vocês conversam sobre os ensinamentos, mas estão perdendo tempo. Ou melhor: estão só gerando mais atrito.
Participante: graças a Deus, mais motivos para praticar.
Isso.
Portanto, não tentem comentar os ensinamentos entre si, a não ser que seja uma atividade específica para estudo. No entanto, mesmo que seja uma atividade específica com esse fim, alguns cuidados devem ser tomados.
Nós, por exemplo, vamos começar um estudo chamado ‘Os Guerreiros da Paz’. Pode ser que na sua comunidade, ou em qualquer outro lugar, as pessoas decidam se reunir para comentar o estudo que será feito. Nesse caso, o objetivo dessa atividade será o de comentar os assuntos tratados nesse estudo. Durante a reunião as pessoas poderão colocar seus comentários ao que acabei de dizer.
Se estes comentários forem feitos, é o momento para cada um colocar sua opinião sobre o ensinamento falado e sobre a compreensão de quem fez os comentários. Quem comenta precisa ouvir a opinião dos outros com respeito, ao invés de tentar impor sua interpretação aos demais.
Esse trabalho é muito importante para a busca do amar. Seria muito bom se nas comunidades houvessem atividades específicas para ouvir ensinamentos e onde todos pudessem dar a sua opinião sobre o que foi ouvido. Com isso veriam que a um ensinamento que transmito tem diversas interpretações e que todas elas são verdadeiras.
Verdadeiras para quem? Para quem aceitou aquela interpretação como verdade.
É interessante existir a atividade de estudos, de conversar sobre os ensinamentos, mas no sentido de ouvir o comentário dos outro, e não no sentido de aprender/ensinar. O horário de aprender/estudar é quando se está ouvindo os ensinamentos sozinho.
Nas atividades de reunião, de estar em grupo, sem finalidade específica, não se discute ensinamentos. Mas, seria interessante que houvesse reuniões no sentido de abordar ensinamentos sempre com a intenção de cada um comentar o que entendeu daquele ensinamento.
Muitas vezes, a compreensão do outro pode contribuir para a sua, pois, se você ouve sozinho, estuda sozinho e não conversa sobre o que entende dos ensinamentos, criará uma verdade e não irá saber naquele momento se ela será a melhor para você, se vai lhe ajudar mais.
Participante: pode ser que a verdade do outro ajude mais, mas você tem que a ouvir primeiro.
É isso que eu gostaria que você passasse para as pessoas: falar que a reunião da Sangha não é lugar para comentar ensinamentos, mas é a hora de se falar da convivência com a vida e viver atritos, para aprender a conviver com eles.