Enviar texto por Telegram
Participante: no caso da filha, quando coloca o ensinamento em prática você diz que tudo é Deus, que vai acontecer o que tiver que acontecer …
Você vai pensar isso antes de acontecer alguma coisa com ela. Só que na hora que acontecer vai se preocupar, se desesperar, se criticar, ou seja, vai cair no sofrimento. Isso é a prova que só praticou o ensinamento como um discurso e não como um instrumento para matar alguma coisa velha.
Participante: foi para isso que o senhor nos ensinou a separar o bem do bom.
Isso. É preciso entender que existe o bem, aquilo que vem de Deus e que é o necessário para a evolução do espírito, e o bom, aquilo que vem de Deus e satisfaz os anseios humanos.
É isso que é necessário conversar agora e não ficar ouvindo novos ensinamentos. É necessário começar a mergulhar em vocês mesmos e descobrirem o que não estão dispostos a abrirem mão, pois o que não querem se livrar. Isso é aquilo que chamamos de posses.
Apenas um detalhe: para realizar essa busca é necessário estar livre de qualquer máscara.
Participante: como descobrimos que estamos sem máscara?
Quando contrariar a vocês mesmos …
Complicado, não? É preciso ir contra você mesmo. De nada adianta ir nesse mergulho só até o ponto com que concorda que precisa mudar. Quando para nesse ponto é sinal de que a razão está reservando alguma posse que será utilizada no futuro para gerar um sofrimento.
Não pode se parar nunca. É preciso se enfrentar constantemente, se enfrentar a cada ponto que chegar, sem querer achar jamais que chegou.
Participante: acho que é disso que temos medo. Chegaremos a um ponto onde não teremos mais onde nos agarrarmos.
É exatamente nesse ponto que precisa chegar. Só na hora que não tiver onde se agarrar poderá subir …
Não sei se já perceberam, mas vocês estão presos. Presos a quem? A vocês mesmos … É preciso se libertar de você.
Deixe-me fazer uma pergunta: quantas pessoas há nesse planeta? Muitas, não. Pergunto novamente: quantas vivem de forma igual?
Participante: nenhuma. Todos são únicos.
Perfeito. Agora, se cada um é único isso quer dizer que cada um vive uma vida única, individual. O que isso quer dizer? Que não existe uma regra fixa de como se viver, que não existe uma receita de bolo que ensine a viver. Cada um vive uma vida individual, por isso o que é bom para um não é para o outro.
Quando a moça me diz que precisa ter algo a que se agarrar, o que seria isso? Algo que seria uma regra, que todo ser humano tem que viver. Mas, se a vida é individual existe algum pilar que seja coletivo para se apoiar?
Não, não existe uma regra geral que sustente a vida. Cada um tem os seus próprios pilares de sustentação. Mas, ao invés de buscarem suas próprias sustentações ficam se apoiando em determinadas regras societárias dizendo que todos as seguem, que o certo é segui-las.
É preciso tirar suas posses sobre regras societárias humanas e fazer isso não leva ninguém ao vazio; esvazia você do que não é seu.
As regras societárias pertencem a humanidade, a sua personalidade transitória a qual se ligou para viver essa encarnação. Quando se esvazia delas o que sobra? O que é seu de verdade, o que é universal, espiritual.
Participante: mas, eu não consigo perceber esse lado espiritual enquanto humano …
Não, você não consegue perceber por estar humano, mas por estar preso ao seu lado humano. Não consegue viver sua universalidade porque depende do seu lado humano para ter uma vida.
Depender do lado humano é achar que o cumprir o que a humanidade exige é preciso para haver uma vida. É achar que precisa se portar como humano para poder viver essa vida. Isso é irreal. Você pode viver essa vida completamente livre do que a humanidade se sujeita.
O vazio que fala que cairá libertando-se das normas humanas não existe. Nunca encontrará um vazio porque quando se elimina alguma coisa sempre há algo por baixo. Por isso, o vazio não será encontrado.
Como acabei de dizer, a eliminação dos valores humanos não leva a um vazio, mas a um esvaziamento daquilo que não é seu. Quando esse esvaziamento acontece você consegue viver de forma universal. Qual a forma universal de viver? Levar a vida tocando flauta.
Participante: é preciso retirar a sujeira da lâmpada …
Na verdade as regras humanas são a sujeira que encobrem a lâmpada, são o motivo para o espírito não conseguir viver a sua pureza.
Essas normas não deixam que o ser se relacione com os outros em harmonia, pois levam a ideia da existência de padrões. Só que além de viver o padrão, a personalidade humana, por considera-los certos, quer os impor aos outros. Acontece que como já vimos, a vida é individual, ou seja, cada um tem o seu próprio padrão. Com isso há sempre uma guerra, uma disputa, que acaba com a harmonia entre os seres.
Participante: a humanidade acha que todo filho precisa amar e respeitar sua mãe.
Isso. Essa é uma verdade, uma regra humana, mas que não é universal. Existem muitas pessoas que não amam suas mães e afirmam que possuem motivo para isso, ou seja, para elas é certo não amar.
É isso que estou querendo mostrar. Esvaziando-se das regras humanas não cairá no vazio. Poderá, por exemplo, viver em harmonia com aquele que pensa diferente. Com isso encontrará outra coisa: a felicidade. Essa sensação, que é sua espiritualmente, não é vivida porque você está preso à questão humana.
Na hora que se esvaziar do ter que ter saúde será preenchido com que? Com a felicidade. Livre do ter que ter saúde poderá viver o estado de espírito de felicidade incondicional estando ou não doente. Preso a essa obrigação, sofrerá com o medo de ficar doente e com a contrariedade quando perder a saúde.
Na hora que a moça que me falou que se chateia com sua filha por que ela não faz o que a mãe ensina libertar-se da norma que diz que precisa guiar e proteger seu rebento, o que ela viverá? A felicidade de ter uma filha. Hoje ela não consegue viver essa felicidade porque está presa a ter que ter uma filha que seja educada, que faça o que ela acha certo.
Então sim, esse trabalho esvaziará a sua vida, mas também a preencherá com coisas que hoje você não vive.