Vamos ao último detalhe: o que é sangha?
Participante: Uma comunidade de afins.
Mentira, o que é sangha?
Participante: A vida.
Isso. A sangha é a sua vida.
Esse é o último detalhe que quero comentar: vocês precisam ir à sangha sabendo que não estão indo à reunião, mas que a sua vida é estar lá. Esse ponto é fundamental para poderem aproveitar as oportunidades. Tentarei explicar o que eu estou querendo dizer.
Qualquer situação de vida é uma oportunidade para amar. Qualquer situação de vida é a própria vida te dando uma oportunidade de amar ou não. Diante disso, pergunto: por que é importante ir à sangha?
Participante: porque a vida naquele momento se apresentou como sendo ir à sangha.
Isso. Porque essa é a vida que têm para viver naquele momento.
Essa compreensão é interessante para entenderem uma coisa que precisam parar de fazer. Como vocês acham que vão à reunião, como acreditam que precisam ir e creem que estão lá, não tratam esse fato como um acontecimento. Por causa disso querem governar, comandar a ação.
Existem dois resultados para essa forma de vivência da sangha: supervalorizar ou diminuir o valor dela. Quem não compreende que a reunião da comunidade é a própria vida e não um acontecimento que está ocorrendo nela mesmo, buscam dirigir o que está acontecendo. Por isso, quando as coisas não ocorrem como querem, sofrem.
Foi o que eu lhe disse ontem. A partir do momento que não vê a vida acontecendo, mas acredita que age sobre ela, vai julgar a sua ação na vida – sua suposta ação na vida, que não é a sua ação e sim a própria vida.
Me responda uma coisa: cada vez que acaba a sangha, o que é que vocês fazem?
Participante: a gente fala sobre o que aconteceu.
Não, não fala. Se falasse disso seria ótimo.
Participante: a gente julga o que aconteceu, o comportamento das pessoas.
Não. Julga o seu comportamento, julga a utilidade da sangha para você.
Dizem: ‘hoje a reunião foi horrível! Para mim não valeu de nada ter ido lá’. Dizem ainda: ‘hoje foi muito bom, todos concordaram comigo’.
O que acontece durante a reunião é a vida que está existindo. Por isso, não se julga o que acontece. Não se julga como foi a reunião. Mas, se mesmo assim a sua vida for fazer esse comentário, vivencie-o dizendo ‘não sei’ ou ‘dane-se’. ‘A minha vida foi ir. O que posso fazer? Se fui, de que adianta criticar o que aconteceu lá?
É isso que vocês precisam entender. Isso vale para todas as situações da vida e não só para as reuniões da sangha. Com certeza, quando você for embora daqui, a sua mente vai ficar trabalhando julgando tudo que aconteceu aqui. Trará ideias que afirmarão que coisa poderiam ter sido diferente ou de que foi muito bom.
Participante: duvido que alguém não tenha gostado de estar aqui.
Não acredita? Pois bem, já houve pessoas que saíram daqui dizendo: ‘eu gastei tudo isso de dinheiro para ouvir só aquilo’?
Vocês precisam parar de julgar a vida; e a reunião da Sangha é vida, por isso não se deve julgá-la. Esse é um recado para todos, mas é mais forte para aqueles que possuem pessoas próximas com quem convivem diariamente fora da sangha. É comum vermos estas pessoas comentando entre si o que acharam da reunião. Não façam isso.
Claro que o falar é vida e vai acontecer, se tiver que acontecer. No entanto, quando isso acontecer, não aceitem como real o que a mente diz.
Vida não se julga; se vivencia, se assiste. A vida não está aqui para te satisfazer. Muito pelo contrário: para ela, quanto pior, melhor. Por isso ela não vai deixar de julgar a sangha.
Para que ela fala mal da sangha? Para você aceitar quando a sua vida for não ir à reunião. Não é aceitar o ‘não ir’, e sim aceitar os motivos que ela coloca para justificar a sua ausência.
Ir ou não ir não está certo nem errado. É vida e vai acontecer. Se a sua vida for ir, você vai; se for não ir, não vai. Esse não é o problema. O problema é aceitar os motivos que justificam ir ou não.
Participem da sangha sabendo que ela é vida e como vida, vai acontecer do jeito que tem que acontecer. Se ela acontece do jeito que tem que acontecer, não há nada de errado acontecendo. Há somente vida acontecendo em baixo dos seus olhos.
É importante termos essa compreensão para não julgarmos o que acontece, ou melhor, não aceitarmos o julgamento que a vida vai fazer do que acontece.