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Na última conversa que tivemos falamos que o espiritualista sabe que não existe ser humano e o mundo humano. Dissemos, também, que para ele tudo é originado pelo Senhor dos carmas, ou seja, Deus, e é gerado com um propósito que também é chamado de obra geral. O propósito é criar as vicissitudes para que os espíritos encarnados tenham as suas provas. Disse também que aqueles que não vivem para o algo além da matéria que acreditam existir em si ainda imaginam que há coisas a seres salvas, que o mundo precisa da sua ação para que estas coisas sejam salvas.
Por isso hoje vamos conversar sobre uma dessas coisas que os seres humanos acreditam e imaginam que precisam ter determinadas ações para salvar o mundo. Vamos falar de ecologia, da convivência do espiritualista com o movimento ecológico da humanidade…
Como sempre, vamos começar conversando um pouco sobre a realidade desse movimento material. Faremos isso para entender como realmente ele acontece e assim desmascarar o egoísmo e a hipocrisia que estão presentes nos discursos mentais.
Ecologia é um movimento de proteção à natureza que o ser humano promove porque acha que ele é capaz de alterar as condições que o mundo se apresenta e gerar um novo ambiente onde haja melhores condições de vida. É um movimento que supostamente tem como finalidade proteger a humanidade como um todo. Só que, como venho dizendo, esse é um processo gerado pela mente humana, que é egoísta por natureza, vive a partir do eu e para o eu. Pela mente humana que possui como característica a vontade de ganhar, de ter o prazer, do reconhecimento e do elogio.
Sendo assim, sendo a ecologia algo gerado pela mente humana, esse altruísmo todo tem que ser analisado. Vamos analisá-lo. Para fazer isso vou relembrar uma passagem que ocorreu conosco quando fizemos um encontro em Pirenópolis, Goiás, dentro de um hotel que fica no meio de uma mata.
Neste encontro estiveram presentes diversos seres humanos que se dizem espiritualistas, mas que no mundo humano pertencem a comunidades diferentes, ou seja, comungavam com ideias afins diferentes. Para alguns que ali estavam existia na sua mente a suposta pretensão de preservar a natureza; para outros esta pretensão não existia. Alguns não tinham ideias afins com a comunidade egológica que estava presente neste encontro. Por isso, esses não se preocupavam com a questão ambiental.
O que aconteceu na vivência desta comunidade que se formou temporariamente naquele momento? Aqueles que tinham afinidade com a preservação ambiental se chocaram com algumas coisas que aqueles que não tinham essa afinidade faziam.
Por causa disso uma moça veio conversar comigo. Ela me disse que havia pessoas jogando a ponta do cigarro na mata e que aquilo não estava de acordo com a preservação do ambiente. Dizia ela que aquilo era uma falta grave porque afinal de contas aquele hotel tinha sido criado para incentivar e ensinar as pessoas a preservarem a natureza. Para comentar o assunto abordei dois aspectos com esta moça…
Primeiro: o cigarro é feito do que? O que compõe o cigarro? Será que há nele algum elemento que não exista na natureza? Ela me disse que havia os produtos químicos. Respondi que estes também vêm da natureza, são naturais. Sendo assim, na verdade quem estava jogando a ponta do cigarro no mato estava devolvendo a natureza o que pertencia a ela.
Isso é real, isso é verdadeiro. Só que para o ambientalista cigarro não pertence à natureza. É sujeira é lixo. Mas, porque ele tem esta visão apesar de tudo que compõe o cigarro vir da natureza? Porque ele não gosta de cigarros. Acha o cigarro feito e acha a planta bonita.
Começa por aí a questão da hipocrisia no discurso mental ecológico. As práticas ambientalistas que a mente trabalha estão sujeitas às interpretações individuais de cada um. O que o ecologista gosta é aceito pela sua ecologia; o que não gosta não é aceito.
Com esta compreensão começamos a desmistificar a questão da ecologia. Não existe um sistema ecológico universal, mas cada um tem o seu e ele é composto por aquilo que o ecologista quer que faça parte desse sistema. Cada um cria o seu padrão ecológico, o que é ecologicamente certo e exige que este padrão seja atendido para que ele ganhe. Este sistema, portanto, não tem nada a ver com proteção com meio ambiente, com proteção para gerações futuras, mas busca um lucro individual e imediato.
Segundo aspecto que abordei em resposta a essa moça. Ela me disse que o hotel tinha sido feito para divulgar, ensinar e ajudar na proteção do meio ambiente. No entanto, ele é uma construção que foi erguida dentro de uma mata. Minha pergunta: onde está a mata que foi arrancada para se construir este hotel? Ou seja, se matou a mata para construir o hotel para ensinar a preservar a mata. Isso pode?
Claro que guiada pela mente humana ela me deu milhares de desculpas para a existência daquela construção. No entanto reparem no detalhe: mais uma vez o que o ser humano quer fazer pode ser feito e a mente humana sempre terá argumentos para justificar aquilo que se quer. Se um ser humano quer ter um hotel e para isso precisa arrancar a vegetação, mesmo que ele seja ecologista, a mente criará motivos para que o hotel exista, pois assim este ser ganha.
É esse detalhe que estamos batendo nas últimas conversas. A mente é hipócrita e qualquer movimento humano que aparentemente é dedicado à maioria, é dedicado ao planeta como um todo, na verdade só é vivido por aquele que acha que aquilo é importante, por aquele que gosta. Por isso o que aparentemente se tratava de algo correto só existe para que o ser humano possa viver a realização daquilo como um lucro individual, como um ganho individual.
Deixem-me fazer uma pergunta: vocês já viram um ecologista que não tenha carro? Já viram ecologista que não tenha a sua casa para morar, seja própria ou alugada? Para se construir uma casa ou um carro é preciso se destruir a natureza para criar ruas para o carro andar, para conseguir espaços para construir a casa, para obter os materiais necessários para fazer uma coisa ou outra. Neste caso pode? Para que o ambientalista possa ter a sua casa pode se destruir uma montanha para retirar o cimento? Pode, também, criar problemas num rio para retirar a terra necessária para a construção?
Volto a dizer: não estou atacando a ninguém. O que estou querendo mostrar é que a mente humana não trabalha com motivos sublimes, não trabalha com motivações de atender a todos, mas está sempre condicionada ao que quer. Para esconder este condicionamento, ela cria verdades hipócritas e uma delas que o espiritualista distingue muito bem é a questão de salvar o planeta.
É preciso que vocês entendam uma coisa: não existem planetas. O que existe é algo chamado universo. Tudo que vocês chamam de planetas são apenas criações ilusórias, fantasmagóricas, maya, como Krishna chama, dentro do universo. Essas coisas existem para atender a obra geral, ou seja, para atender o processo de evolução dos espíritos. Sendo para atender uma encarnação é necessário que se compreenda que Deus é a Causa primária, pois Ele é o Senhor do carma.
Portanto, não existe planeta a ser salvo, porque cada um deles está e sempre estará de acordo com as vicissitudes necessárias para a provação do ser, de acordo com o carma daqueles que os habitam. O rio não está poluído porque as indústrias jogam lixo nele ou porque as pessoas jogam dentro dele sujeiras, mas sim porque aquela poluição é a vicissitude das comunidades espirituais que vivem perto dele. A ausência da mata não aconteceu porque o homem foi lá e cortou. Na verdade este ato, que é uma teatralização para gerar determinada vicissitude, foi gerado pelo Senhor dos carmas para que o cenário compusesse com perfeição a vicissitude que aqueles que encarnam na Terra precisam para a sua provação.
É isso que o espiritualista compreende quando ele ao saber que existe algo além da matéria vive para este algo mais. Aquele que sabendo que existe algo mais, mas não vive para este algo, ainda acha que há um planeta a ser salvo. O espiritualista sabendo que existe este algo mais e vivendo para ele sabe que tudo sempre está salvo, pois está sempre de acordo com o que o espírito precisa para poder ter a sua provação.
Como disse em outras oportunidades, não estou atacando ninguém nem fazendo qualquer tipo de apologia. Isso porque como espiritualista reconheço que tudo vai acontecer como tiver que ocorrer. Por isso sei que não há culpas ou culpados, que não há geradores de situações a não ser o próprio espírito por precisar destas vicissitudes. Portanto, não poderia atacar ou acusar ninguém nem defender nada. A única coisa que defendo por conhecer a realidade é que o espiritualista aproveite a oportunidade que está tendo.
Tem uma coisa que vocês espiritualistas e espíritas esquecem quando se fala de vida humana. Esquecem que vocês imploraram para ter a oportunidade de encarnar. Pediram veementemente para encarnar neste planeta onde estas condições ambientais existiriam. Fizeram este pedido não porque gostassem desta situação ou porque se voluntariaram para alterar esta situação, mas sim porque sabiam que aqui teriam determinadas formações que conteriam aquilo que os afasta de Deus.
Vista a partir da realidade espiritual, essa é a realidade: você pediu para nascer neste planeta e viver as condições ambientais que aqui existem e ao mesmo tempo ser instigados a ter ideias ecológicas porque sabia que esse individualismo o afasta de Deus. Quando se prende à condição humana de vida, quando se prende à necessidade de uma vida humana que só contenha situações positivas, está cedendo à tentação e por isso se afastando de Deus.
O espiritualista não se preocupa em reclamar do governo ou com movimentos tipo o ecológico. Pode até participar de tudo isso sem problema algum, mas o objetivo fundamental da sua existência não é composto por esses ideais. Por isso, como já conversamos, está sempre atento ao seu mundo interno para não deixar as criações mentais que aparecem com uma capa de ser algo muito bom ou importante dominar o seu estado de espírito, a sua razão ao estar vivendo aquele momento.
Eis aí, então, mais um momento da vida humana difícil de ser falado, já que a maioria dos seres humanos é formada por espiritualistas que apenas acreditam no mundo espiritual, mas não vivem para ele. Por este motivo ainda acham muito importante os aspectos da vida que temos conversando recentemente. No entanto, para aqueles que sabem que o reino deles não pertence a este mundo a sua preocupação não é salvar o mundo, mas sim em se salvar: aproveitar a encarnação.
Como temos deixado em todas as conversas sempre um corrimão para se apoiar, neste final rapidamente usei um, que destaco agora: para o espiritualista o reino dele não pertence a este mundo. Por isso ele não se ocupa nem preocupa com as coisas deste mundo.
Como Cristo ensinou, se o pretendente à elevação espiritual vê uma pérola de grande valor sai correndo e vende tudo o que tem só para comprar aquela pérola. Este é o valor do reino do céu para o espiritualista e agindo assim ele chega ao reino do céu.
Para se alcançar a Deus é preciso se libertar das questões relativas a este mundo ou ainda como Cristo ensinou: não amealhar bens na Terra, mas sim no céu. Por isso o espiritualista quando se fala em qualquer movimento de qualquer aspecto que esteja apenas aprisionado à questão humana, não torna isso uma coisa importante na sua vida. Ele está sempre voltado para Deus e continua em paz e harmonia com a vida. Vive sem acusar ninguém de nada e dando ao outro o direito de ser estar e fazer o que quiser. Esse aproveita a encarnação e aproxima-se de Deus.