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“Não julguem os outros para vocês não serem julgados por Deus. Porque Deus julgará vocês do mesmo modo que vocês julgarem os outros e usará com vocês a mesma medida que vocês usarem para medir os outros. Por que é que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira que está no seu próprio olho? Como é que você pode dizer ao seu irmão: “Me deixe tirar esse cisco do seu olho”, quando você está com uma trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão.” (Mt. 7, 1 a 6)
O que é tirar a trave que está no seu olho? Qual a trave que está no seu olho que não lhe faz ver bem as coisas? Os conceitos. Aquilo que você acredita sobre o outro.
Estamos falando de julgamento. Em relação a esse tema, precisamos estabelecer duas coisas. Primeiro: o que é um julgamento?
Julgar é formar um processo contra alguém. Formar um processo, não uma opinião.
Processo é a coletânea sobre o que o outro fez, como fez, para que fez, quando fez, no que vai dar aquilo. O somatório dessas informações gera um processo, que é o julgamento em si. Já a segunda parte dele é o apenar, dar a pena. Exemplo: ele está certo; ele está errado.
Portanto, nesse trecho não estamos falando somente da sentença, dizer que está certo ou errado, mas de toda uma formação, uma coleta de informação, que levou à sentença à pena. Tirar a trave não é só não condenar, mas acabar com todas as informações que você tem sobre alguma coisa.
Isso precisa ficar bem claro, porque vocês não conseguem enxergar essa amplitude no ensinamento. Por exemplo: querem perdoar, mas não fazem isso eliminando os motivos da condenação, mas apenas retirando a pena. Isso não adianta de nada, pois todo o processo continua aberto e vira preconceito.
A partir daquele momento, o outro será pichado de grosso, uma pessoa que não liga para nada, etc. Mesmo que não haja uma condenação por esse modo de ser, apenas havendo o preconceito, os dados coletados num processo de avaliação do outro, acabam com o amor. Sem amor, não há felicidade.
Por isso é preciso libertar-se desses conceitos, da parte da instrução do processo. É isso que está sendo dito nesse trecho. É preciso libertar-se de toda a condução do processo, pois ela está viciada, nas suas leis, na sua subordinação ao sistema humano de vida.