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Outro detalhe. Nesse trecho Cristo usa uma palavra interessante: hipócrita. O que é a hipocrisia? Falsidade, não fazer aquilo que professa.

Por isso, se ele diz que você é hipócrita por ter a trave no olho, o que está querendo dizer? Que você faz a mesma coisa que condena nos outros. Podem ser outros elementos, outra história, outros momentos, mas você age exatamente igual ao que condena no outro. Sempre.

É por isso que ele trata como trave o que há no seu olho e no do outro como cisco. Não afirma que o outro tem um olho limpo. Diz claramente que ele tem um cisco, mas no seu há uma trave. Porque fala assim se o que vocês dois fazem é igual?

Porque você chama de certo o que faz e de errado o que ele faz. A norma, código, regra que usa para julgar o outro, mas que também fere, é a trave que não deixa o seu olho enxergar direito. Ela lhe leva a achar que está certo e a condenar o outro

Participante: falar que perdoa da boca para fora é fácil. O ideal é que nem visse erros ao invés de perdoar. Quando perdoa está dizendo: ‘você está errado e eu estou certo, mas lhe perdoo’.

O ideal seria jogar todo esse processo no lixo, ou seja, libertar-se de todos os argumentos que tem. Fazendo isso, retira a trave do seu olho. Digo isso porque não tendo a trave não vai executar o processo, não vai acusar o outro de ter cisco.

Participante: e como faz para tirar? Ele não sai, gruda…

É preciso ir trabalhando junto à você, ao que sua mente criar como regra, norma, valores. Aí a liberdade vai sendo alcançada.

É isso que está sendo dito nesse capítulo do acordo pela bem aventurança: é preciso eliminar o processo de julgamento do outro. O que é acabar com o processo contra uma pessoa?

Vou dar um exemplo para podermos nos comunicar melhor: existe bêbado?

Participante: eu acho que sim…

Não. O que existe é gente que bebe. Todos que bebem são iguais, pouco importando a quantidade ingerida. A ideia de existir um bêbado é uma norma gerada para orientar um processo de tal forma que leve a uma determinada pena: ele não presta.

Extinguir o processo é, nesse caso, quando vier à mente a informação de que aquele é um bêbado que não presta, dizer a si mesmo: ‘não, aquele é uma pessoa que bebe. Se bebe muito ou pouco, não será isso que caracterizará se presta ou não’.

É esse o processo de se limpar: tirar a instrução do processo contra o outro que irá fazer existir um pena. Tirar a instrução é libertar-se dos valores do sistema humano de vida que, nesse caso, diz que beber determinada quantidade caracteriza a pecha de bêbado. Diz ainda que ser um bêbado mostra que a pessoa não presta.

Participante: beber muito é o que então?

É beber muito.

Participante: se ele gosta de bebida e não está errado em beber, alguma coisa tem por trás.

Jamais diga que alguém está errado. É no crer que algo ou alguém possa estar errado que está o problema, a trave.

Para você, é preciso sair de casa com batom, certo?

Participante: claro …

Pois é, olha a descrição perfeita da trave e da hipocrisia.

Você faz a mesma coisa que o bêbado: usa um vício, uma dependência de alguma coisa como certo, mas acusa o outro de ser dependente de algo. Fundamentado em que o seu vício é certo e o dele é errado? A sociedade humana que diz que a mulher deve usar batom para ficar mais bonita. Ou seja, um vício socialmente aceito.

Tire a trave do seu olho. Reconheça que vocês dois possuem cisco, ou seja, têm vícios. Na hora que reconhecer que é viciada em usar batom, se não for hipócrita, pode deixar de criticar quem é viciado em outras coisas.

É essa instrução do processo que estou falando. É nela que precisa agir, na instrução do processo, e não na pena. A pena é uma decorrência da instrução do processo.

É isto que Cristo está ensinando. É preciso trabalhar na instrução do processo. Esse trabalho se consiste em lembrar que o processo é instruído de acordo com o sistema humano de vida, ou seja, o que humanamente é considerado um hábito positivo e o que não é. A partir disso dizer a si: ‘como posso acusa-lo de ser viciado em alguma coisa se também sou? Sendo, como posso eu julgar o outro? Primeiro vou tirar a trave do meu olho para depois poder ver o cisco dos outros’.

Tirando a trave do seu olho, o cisco do outro não mais incomodará.

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