Salve!

Novamente o assunto de hoje não é fácil de ser compreendido. Por isso, peço, e não é a primeira vez que falo, que tente se libertar da sua mente, dos processos da sua mente, para poder me ouvir.

A mente possui um processo sob o qual já conversamos chamado ‘Quatro Âncoras’. Esse processo se caracteriza pela vontade de ganhar, ter prazer, alcançar a fama e ser elogiado. Cada uma dessas características é uma âncora, ou seja, algo que prende o ser espiritual ao mundo humano.

Só que não existe uma âncora que tenha apenas um lado. Toda âncora é feita com uma peça que tem dois lados. No caso da âncora o pensamento, um dos lados é formado pelas vontades que falamos. O outro é formado pelo medo de alguma coisa.

Por exemplo. No lado de numa âncora há a vontade de ganhar, do outro o medo de perder. Há a vontade de ter o prazer, mas também há o medo de ter o desprazer, a contrariedade. A vontade de ter fama convive com o medo da infâmia e a vontade de ser elogiado com o medo de ser criticado.

O medo de alguma coisa faz parte do processo mental. Na sua ação ele faz com que o ser humano se entregue à vontade.

Por causa da existência desses processos, então, o funcionamento da razão é o seguinte: a mente dá ao ser encarnado o medo de perder para que ele viva apegado ao desejo de ganhar. O medo de perder, por exemplo, é criado pela mente para que o ser encarnado se penda à vontade de ganhar. Essa é a função do medo no processo mental. Portanto, o medo existe para que você, ao vivenciá-lo, se penda à vontade de ter.

Entre esses medos que a mente humana gera não há um maior para o ser humanizado que o de morrer. Segundo a crença humana, morrer é perder, é ter desprazer, viver uma infâmia, ser criticado.

A mente humanizada, é apegada à vida humana, porque, sem ela não existe. Por isso utiliza muito o medo de morrer. Só que para aqueles que acreditam em algo além da vida, não importa qual o nome que dê (espírito, alma, ser) ele não deveria ser tão forte, ter uma ação tão forte. Por quê? Porque eles sabem que a vida continua depois da vida.

Apesar dessa crença, a mente explora esse medo e eles ao aceitar o vivem. Mesmo acreditando que existirão depois da vida, os seres humanizados espiritualistas ainda têm medo da morte.

Esse medo seria, vamos dizer assim, uma prova cabal de que para esse espiritualista, apesar de acreditar que continuará existindo depois do desencarne, a morte é algo desonroso. Por esse motivo a mente gera pensamentos para supostamente proteger a vida.

Um desses artifícios hipócritas que ela utiliza nos espiritualistas é o medo relacionado com a chamada morte violenta: o homicídio, o suicídio, qualquer morte causada por outro e não por um fator chamado natural, uma doença. É sobre esse elemento, a morte causada por alguém e não por um elemento natural que vamos conversar hoje nessa vivência do espiritualista. Vamos conversar no sentido de compreender como o ser humano convive com esse acontecimento e como o espiritualista deveria conviver com ele.

Vamos lá!

Primeiro detalhe: para se proteger de uma morte causada por outro o ser humano utiliza-se de leis. Cria leis para proteger a vida.

Por exemplo: existe uma lei que diz que é proibido matar. Minha pergunta aos seres humanos: essa lei já protegeu alguém? Alguém já deixou de ser morto porque existe uma lei dizendo não mate? Acho que não. Acho que muitas aconteceram mesmo havendo a lei.

Então, como vê que essa lei não é forte o suficiente para proteger, o ser humanizado espiritualista cria lendas, histórias, que não são comprovadas, mas são aceitas como reais, para tentar inibir a ação externa que o leve a perder a vida. Uma dessas lendas é um ensinamento ou ideia que existe na doutrina espírita: uma morte não natural pode ser o causador de uma interrupção de um processo encarnatório.

Ser assassinado, morrer violentamente, se matar, para os espíritas é um acontecimento que pode interromper um processo encarnatório. Essa é uma ideia criada pela razão, pela mente dos espiritualistas.

Eu diria uma coisa: acreditar nessa lenda é algo no mínimo um ato de ateísmo, um ato que mostra o quanto esse ser, apesar de dizer que acredita na vida depois da vida, está provando que para si essa crença e nada é a mesma coisa. Aqueles que vivem de mão posta rezando a Deus e acreditam nessa lenda estão mostrando que sua reza nada mais é do que palavras em vão, palavras ocas. Senão vejamos.

A vida ou encarnação, segundo as doutrinas religiosas e mesmo o conhecimento não doutrinário, é um dom de Deus. Para os espiritistas, aqueles que creem em Kardek, há, inclusive, a informação que Deus é causa primária de todas as coisas. É a Causa Primária do encarnar, do estar vivo. Só por causa dessa informação, que é corrente nas diversas religiões, verificamos o ateísmo dos espiritualistas que têm medo da morte, mas tem mais.

Para os espiritualistas e para todos os religiosos Deus é Onipresente, Onipotente e Onisciente. Sendo assim, será que não passa um ato de ateísmo muito grande acreditar que algo que Deus fez como furto da sua Onipotência pode ser desfeito, pode ser danificado, pela vontade de um homem?

No próprio O Livro dos Espíritos quando se justifica a necessidade de haver o processo de reencarnações é dito que ele é algo óbvio, porque é um ato de Justiça de Deus. O que o Espírito da Verdade ensina sobre esse assunto é que não seria justo Deus condenar um ser ao inferno, ao fogo eterno, por causa de uma só vida.

Se isso é verdade, a encarnação é o efeito da justiça de Deus. Pergunto: será que algo que é efeito da ação da justiça de Deus pode ser interrompido por um simples ser humano? Será que a justiça de Deus é tão fraca a ponto de depender da vontade de um ser humano para que ela aconteça?

Fica bem claro que acreditar nessa lenda é um ato de ateísmo, mas tem mais ainda. Quando se fala sobre morrer em O Livro dos Espírito é dito assim: ninguém morre antes da hora, ou seja, todos morrem na sua hora. Lá também se fala que Deus sabe a hora que cada um vai morrer e conhece o gênero da morte de cada um.

Gênero da morte é o que faz a morte acontecer, que leva à morte. Será, então, que o homem é tão superior assim que pode ludibriar Deus e matar um ser humano numa hora diferente da que Ele havia previsto? Pode causar a morte em um momento que Deus não sabia que ia acontecer? Mais: poderia causar a morte de uma forma diferente daquela que Deus sabia que iria acontecer?

São esses raciocínios que nos leva a ver o ateísmo que vivem os espiritualistas que acreditam na existência de um culpado, que creem que alguém é mal, que é bandido. Daqueles que acreditam na ideia de que esse ato interrompeu uma encarnação. Essa crença uma afronta dileta a Deus e aos mestres que trouxeram os ensinamentos. Como quem crê neste pensamento pode imaginar que assim fazendo está se aproximando de Deus?

O que estamos falando aqui são detalhes que a mente humana cria questionamentos para lhe manter preso. Para poder dar o medo da morte ela fala em insegurança. Sobre a insegurança já conversamos.

Voltando a falar sobre a morte há outro detalhe que queria abordar. Quando se fala da influência dos espíritos no mundo humano em O Livro dos Espíritos há duas informações interessantes.

A primeira diz: se alguém tiver que morrer pela queda de uma escada, o espírito desencarnado não quebra a escada, mas conduz o ser humano para uma escada quebrada. A segunda afirma: se alguém tem que morrer com um raio caindo na sua cabeça são os espíritos que encaminham esse homem para baixo de uma árvore onde sabem que o raio vai cair.

Se formos pela lógica humana temos que dizer que esses espíritos são assassinos, pois conduzem alguém para a morte. Portanto, além de afrontar Deus criando a existência de um assassinato, os seres humanos também afrontam os espíritos, os mesmos aos quais pede proteção.

Sobre a questão que estamos abordando há outro detalhe importante. Aliás, esse fala diretamente à questão do homicídio. No livro básico do espiritismo é dito: se alguém não tiver que morrer por uma bala, o espírito desencarnado fará que o encarnado se mova, de tal forma que a bala passe e não o acerte.

Quer dizer, então, que para o espiritualista que acredita em assassinato se a bala acabou entrando e matando o encarnado é sinal que o desencarnado não fez o seu trabalho. Quando fala que houve um assassinato, que um pobre coitado foi morto por um elemento mal diz que o desencarnado foi inepto.

Repare: o que deveria ser a crença do espiritualista é completamente contrária ao evento assassinato, homicídio ou suicídio. Mas, a mente humana não faz questão de mostrar essa discrepância. Por quê? Para mantê-lo peso ao medo de morrer.

Quando o espiritualista não põe em prática os ensinamentos que citamos e que são corrimões para o espiritualista, vive a insegurança, vive o medo da morte. Para poder ganhar, ser reconhecido, ele aceita quando a mente acusa o outro de monstro, de assassino, de bandido. Com isso, o amor ao próximo foi embora.

Essa é a visão que o espiritualista tem. Apoiando-se nas informações que os mestres trouxeram mostram o seu amor a Deus, mostram o seu interesse em viver para algo mais. Assim conseguem aproveitar a encarnação. Conseguem essas coisas não aceitando os argumentos que a mente traz.

Antes que novamente falem que estou fazendo apologia ao crime, deixe-me dizer algo: não estou fazendo isso. Se dentro das vicissitudes da encarnação do chamado assassino, porque ele é um espírito vestindo uma carne de acordo com esse mundo e contribui para a obra geral, estiver previsto, ele tem que ir para a cadeia. Não faço apologia ao crime porque não estou dizendo que ele não deve ser preso. Se tiver que ir, se estiver previsto, louvado seja Deus, que ele seja.

Não falo em anistia para aqueles que servem como instrumento para a morte do outro nem em inocência. Tudo que disse tem como objetivo orientar ao espiritualista como deve vivenciar, como precisa vivenciar o acontecimento assassinato para não se afastar de Deus. O espiritualista entrega na mão de Deus a justiça divina e na dos homens a justiça dos homens. Com isso cumpre o mandamento: a César o que é de César, a Deus o que é de Deus. Vive o acontecimento, mas internamente não vivencia raiva, ódio ou desprezo por aquele que serviu como instrumento para que as vicissitudes que os espíritos precisam vivenciar aconteçam.

Como disse no início, é preciso se afastar um pouco das ideias humanas para poder compreender o que está sendo dito. Se você ainda vive o medo de morrer, vai achar que tudo o que disse aqui não tem sentido. Mas, se para você o outro mundo é mais importante do que esse, o estar bem nesse outro mundo é fundamental, continuará vivenciando os acontecimentos chamados de homicídios ou de suicídio sem criticar, sem acusar e sem ter emoções negativas com os instrumentos destes caras. Com isso, estarão aproveitando a oportunidade que implorou a Deus para ter.

Que vocês fiquem na paz do Deus.

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