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Participante: na nossa comunidade alguns estão discutindo sobre seus ensinamentos. Uns falam de um jeito e outros de outra forma. Percebo uma desarmonia neste aspecto. Sei que não há errados ou certos. Será que isso está perfeito?

Sim, está tudo perfeito, as palavras estão perfeitas. O problema é alguém acreditar no que está escrito ou em mim ou ainda querer entender o que digo.

Eu sempre acabo minhas conversas dizendo que não se deve acreditar em ninguém, nem em Deus nem em mim. Apesar disso muitas pessoas defendem o que elas acham que eu falei. No entanto, ninguém defende realmente o que eu falei, pois ninguém sabe o que disse, já que quando algo é ouvido o que se forma é uma interpretação do que se ouviu e não o que foi dito. É dessa compreensão individual do que foi ouvido que surgem as diferenças que cada um defende como tendo sido dito por mim.

Por isso digo que o problema é acreditar que entendeu o que Joaquim falou, que agora sabe, que tem certeza que possui uma verdade absoluta sobre um assunto. Isso é um problema, mas para quem? Para quem acreditou que sabe.

As conversas, os textos, as falas, não têm problema nenhum, mas acreditar em si mesmo é problema para você mesmo, pois a mente usará essas crenças para gerar um patrimônio que levará a uma ação egoísta.

Ensinamento não é para ser entendido, para ser compreendido na sua essência, mas apenas ouvido. Se você ouve, por exemplo, que é preciso despossuir suas verdades, não tente entender o que é despossuir nem tente compreender o porquê ou para que despossuir. Se sente que esse é um caminho faça, sem tentar compreender nada.

Participante: porque tento repassar os seus ensinamentos e as pessoas na maioria das vezes me julgam como louco. Será que seria a forma de expressar menos incisiva do que a sua? Obrigado novamente pela sua participação na minha vida, um mestre na destruição de verdades.

O problema é querer passar o que digo a qualquer um. Não passe nada para ninguém. Não faça isso porque você não precisa passar nada para ninguém.

Existe uma frase onde é afirmado que quando o discípulo está pronto o mestre chega até ele. Mas, qual pessoa está pronta para ouvir esse ou aquele ensinamento? Você sabe? Não. Então, não queira ser mestre de quem não está pronto para ouvi-lo.

Repare no meu caso. Eu não vou a lugar onde não sou convidado a ir. Se fosse, poderia quebrar a cara. Só quando as pessoas manifestam o interesse de me ouvir, ou seja, demonstram uma pré-disposição para ouvir o que tenho para dizer, que compareço para realizar conversas.

Mesmo só indo a lugares onde sou convidado, muitas vezes não consigo mostrar às pessoas que me ouvem o que quero dizer. Quantas vezes já começamos uma conversa com muitas pessoas e no final restavam poucas ouvindo? Muitas saíram no meio incomodadas com o que tinha sido dito. Isso acontece porque algumas não estavam preparadas para ouvir os ensinamentos que trago, ainda não estavam no seu momento de ouvir estas coisas.

Deixe-me dizer algo interessante. Tem uma pessoa em nosso grupo que gosta de refletores. Ela já me chamou para fazer programa de televisão, de rádio e outros do mesmo tipo.

Sempre disse que não ia. No entanto, aqui na internet estou presente sempre. Porque isso? Porque quem vem aqui quer me ouvir, quem vem aqui decidiu me ouvir. Tanto no rádio como na televisão estaria alcançando pessoas que não estavam prontas para isso e aí estaria jogando palavras ao vento.

Não podemos sair pelo mundo afirmando que descobrimos a oitava maravilha do mundo. Nossos ensinamentos só possuem esse valor para aqueles que se interessam por eles. Para aqueles que ainda não foram motivados pela procura da reforma íntima soam como um conjunto de informações sem cabimento, sem lógica, irracional.

Portanto, espere as pessoas perguntarem alguma coisa e só depois disso fale. Não saia como descobridor do novo mundo que se sente obrigado a passar a verdade para todos. Não saia imaginando que todos têm que lhe ouvir.

Agora, se realmente acha importantes os ensinamentos que recebe aqui e quer ajudar os outros, há uma forma de interessá-los no assunto. Como? Praticando o que ouve.

Será a sua prática que chamará a atenção das pessoas para o que os ensinamentos podem trazer de liberdade e respeito que levam a vivência de uma felicidade incondicional, algo que os seres humanos afirmam procurar, e com isso pode chamar atenção das pessoas para o que aprendeu. Sem isso, fica difícil conseguir interessar alguém nos ensinamentos que você diz ter importância.

No entanto, mesmo que consiga motivar alguém para prestar atenção nos ensinamentos que passei, ainda assim não tente ser você o professor de alguém. Como acabei de dizer, o que você compreende não é o que digo, mas apena uma interpretação individual dos ensinamentos.

Essa interpretação serve para você, mas pode não servir para aquele que quer transmitir. A sua visão pode ser completamente lógica para você, mas pode não possuir a mesma lógica para quem está ouvindo.

Querendo realmente ajudar os outros, faça a sua parte, ou seja, exercite o que compreendeu e deixe que a aparente felicidade que surgir interesse os outros. Quando isso ocorrer, ao invés de ensinar indique onde ele pode entrar em contato com os ensinamentos e deixe que monte a interpretação dos ensinamentos dentro de suas necessidades e lógica.

Há uma pessoa que já compreendeu isso. Ele me ouve, monta a sua lógica e busca a prática. Por conta do resultado que obtém chama atenção das pessoas e elas quando estão com problemas o procuram para buscar ajuda. Quando isso acontece, ele dá um CD com algumas palestras minhas e diz: ‘foi daqui que eu retirei a base para a minha forma de viver atual’.

Faça isso. Mesmo que não disponha de recursos para fornecer as palestras gravadas, mostre onde as pessoas podem encontrar a base do que serviu como estrada para sua caminhada em direção a sua forma de vida atual.

Apesar de falar assim, não imagine que estou querendo que faça propaganda minha ou dos meus ensinamentos. Estou respondendo dessa forma porque você disse que queria passar aquilo que trago para outras pessoas.

Essa resposta serve para qualquer crença ou doutrina. Se alguém, por exemplo, sente que a doutrina espírita é o caminho, que os seus ensinamentos fazem bem e ajudam as pessoas, deve agir da mesma forma.

O importante não é o ensinamento que cada um leva aos outros, mas como ensinou Cristo em um trecho do Evangelho de Mateus que já vimos, vocês são a luz do mundo, mas devem ter cuidado com o tempero que colocam na vida dos outros.

Por isso digo: espere as pessoas lhe procurarem para querer saber porque está vivendo dentro de uma nova forma. Nesse momento deve indicar a elas uma forma de obterem a sua própria interpretação do ensinamento, o seu próprio caminho.

Com relação ao meu ensinamento específico, que é focado no desapego das coisas do mundo, saiba que muitas pessoas não estão prontas para ouvi-lo, pois estão apegadas ao mundo material. Acham que o importante é viver muito tempo e com muitas coisas materiais. Chamam a isso de qualidade de vida. Para essas pessoas o que eu falo não serve para nada, mas trata-se apenas de loucura.

Portanto, não saia falando, espere alguém perguntar. Espere estar entre os afins para poder falar.

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