Participante: você já tinha dito que realizar a reforma íntima é a cada momento quebrar um tijolinho de uma grande construção. Disse agora que devemos lutar contra a natureza humana, mas também afirmou que é impossível se lutar esta natureza humana. Como fica isso?

Primeiro, peço às outras pessoas aqui presentes que desculpem essa pessoa. Ela passou muitos anos ligada ao espiritismo e por isso ainda acredita em atos, em praticar ações. Ainda acredita em ser como deveria ser.

Reforma íntima não muda a mente, mas sim a forma de se relacionar com ela. Cada tijolinho que falei, é uma pílula que tomou ao longo dos anos. Por isso, esse exemplo que uso há muitos anos quer dizer que devem quebrar as pílulas já tomadas e não a própria natureza humana.

O que não pode fazer é aceitar o sofrimento e o prazer que a mente propõe. Esses estados de espírito são os tijolinhos da construção da sua vida. O resto, você não tem comando nenhum. Ou será que se sente capaz de mudar o que Deus cria? Digo isso, porque a sua natureza humana é uma criação de Deus.

Participante: não tinha visto por este ângulo.

Sei disso e por isso pedi às demais pessoas aqui presentes que lhe perdoasse. Como esteve muitos anos ligada ao espiritismo, ainda acredita que reforma íntima é mudar o seu jeito de pensar, a sua natureza.

Isso não é real. Reformar-se é mudar o seu jeito de se relacionar com o que acontece.

Participante: isso é difícil.

Sim, concordo, mas pergunto: porque é? Pergunto isso porque acho que todos deveriam querer fazer essa mudança e com isso ela se tornaria fácil.

Vivendo do jeito que vivem hoje, se frustram, desgostam, vivem contrariedade. Como acho que ninguém quer viver desse jeito, pressuponho que que todos deveriam querer mudar. A partir desse querer, imagino que o trabalho se tornaria menos pesado, mas não se torna. Por que?

Veja, vocês reclamam da vida que vivem. Afirmam constantemente que não querem o sofrimento, mas não lutam contra ele, ou se lutam, acham difícil mudarem. Diria que viver dessa forma é uma idiotice ou infantilidade. Por isso, pergunto novamente: porque não agem contra esta forma de agir? Porque consideram essa ação difícil?

Porque acham que são vocês que pensam. ‘Eu acho, eu imagino, eu sei, eu gosto, eu penso’. Você não consegue dizer que a mente gosta de alguma coisa, que ela quer algo, que ela é que está pensando determinada coisa. Como, então, lutar contra o que ela propõe, se ainda imagina que é tudo fruto de si mesmo?

Há muitos anos atrás fizemos um estudo chamado ‘Conhece a ti mesmo’. Esse trabalho é meio maluco para a razão humana. O ponto alto para quem quer realizar a reforma íntima está presente logo no início do primeiro dia de conversas. Naquele momento disse: enquanto não criar a dupla personalidade, você e você mesmo, não conseguirá fazer nada.

Nessa dualidade você é você mesmo, seja lá quem for; e você mesmo é a mente. Enquanto não assumir a existência dessa dupla personalidade em você, nada conseguirá fazer.

O que é o você mesmo mente? Tudo o que tem consciência. O que é você? Algo que não tem condições de saber o que é.

Tendo essa consciência conseguirá ver que o único momento que se expressa é aquele em que nega o fruto da ação. Fora isso, não tem mais nenhuma expressão junto às criações de você mesmo, a mente. Desculpe, tem outra expressão: o aceitar o que é oferecido pela mente.

Como diz o Espírito da Verdade, você tem o livre arbítrio entre o bem e o mal. Só isso. Portanto, tem a liberdade de aceitar ou não o que a mente propõe.

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